Músicos iranianos se apresentam hoje, na Escola de Música de Brasília

Banda  Navane Mehr se apresenta hoje(07 de maio) ás 19:30 na escola de música  de Brasília.

Entenda sobre a música iraniana ou persa

 

Farhad Sasani

 

A música iraniana ou persa tem uma longa história que remonta às antigas civilizações como o império Elamita (2700-539 a.C.) com base nas evidências arqueológicas sobre os instrumentos musicais. Porém a música clássica do Irã tem raízes no Império Sassânida (224-651). Essa música se chama sonnati (tradicional) ou asil (original) em persa, e é celebrada e apreciada em todas as regiões do centro e Oeste da Ásia onde se pode sentir a influência da cultura iraniana e onde anteriormente se situava o Grande Irã. Muitos músicos como Bārbod (Pahlbod), Nagisā (Nakisā), Bāmshād e Rāmtin, para citar alguns nomes importantes, tocavam nas cortes Sassânidas. Eles utilizavam os instrumentos como tchang (harpa), alaúde, e ney (flauta). As dicas da música modal e a origem da música sonnati, foi desenvolvida nesse período especialmente por Bārbod; em sete modos se chama dastgāh, em 30 modos derivados se chama lahn e em 360 melodias se chama dastān. respectivamente de acordo com os números de dias da semana, mês e ano.

 


Músicos num carimbo decoberto em Tchoghā Miss (6800 a.C.), Shusha (Susa)

 

Harpistas sassânidas, relevo de Tāq e Bostān, Kermānshāh

 

 

Harpista, mosaico em um palácio Sassânida, Bishāpur, província de Fārs

 

 

O prato antigo com figuras de músicos, Império Sassânida

 

 Após o advento do islã no Irã, no século VII, o sistema foi reelaborado por mestres e músicos e teorizado por cientistas tais como:

  • Nashid Fārsi (?-699)
  • Ebrāhim Museli (742-803)
  • Zeryāb (788-857), Ufi Al-Aqāni
  • Khordādbeh (826-912), que escreveu vários livros
  • Ahmad Sarakhsi (?-899), Musiqi e Kabir (O Grande Livro da Música) e

Musiqi e Saqir (O Pequeno Livro da Música)

  • Zakariā Rāzi (854-925), Fi Jomal al-Musiqi (A Sinopse da Música)
  • Rudaki (858-941)
  • Abuabdollāh Khārazmi (?-981), que escreveu sobre música em sua enciclopédia, Mafātoh al-Olum (As Chaves das Ciências)
  • Eshāq Museli (766-849)
  • Abunasr Fārābi (872-950) que escreveu um dos mais importantes livros sobre música, Musiqi e Kabir (A Grande Música)
  • Abolfaraj Efahāni (896-966) que escreveu Ketāb e Āqāni (O Livro de Aghani)
  • Avecina (980-1037), que escreveu sobre música em sua enciclopédia, Shafā

(Cura)

  • Safioddin Urmavi (1216-1294) que escreveu os livros Resāle e Sharafiye

(Tratado Sharafiyé) e Ketāb e Advār (O Livro das Épocas)

  • Qotboddin-Mohammad Shirāzi (1236-1312) que escreveu uma enciclopédia sobre música
  • Ali Gorgāni (1340-1413), Maqālid e Olum (As Chaves das Ciências)
  • Abdolqāder Marāqi (1360-1434) que escreveu vários livros, especialmente Maqāsed al-Alhān va Jāme’ al-Alhān (Os Ideais da Música e a Coleção da Música), e inventou seu próprio sistema de notação

 

Durante o Império Safávida, muitas alterações foram feitas, mas foi durante a dinastia Qājār (1789-1925) que 7 dastgāhs (modos) e 5 āvāzi (canções) e mais 50 dastgāhs foram preservados e documentados. O nome das melodias derivadas nucleais atualmente é gushe, e a coleção completa das gushes se chama radif. Os sistemas de radif mais frequentemente usados atualmente foram elaborados por Mirzā Abdollāh (1843-1918), Abolhasan Sābā (1902-1957), Aliakbar Shahnāzi (1897-1985) e Abdollhāh Davāmi (1891-1981). Em 2009, o sistema musical Radif foi oficialmente registrado na lista de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

 

Há características particulares na música sonnati:

  • Essa música tem base tanto na improvisação quanto na composição, e numa performance musical, os músicos compõem várias gushes improvisadamente
  • A composição e notação musical da āvāz (canção) na música sonnati

estão juntas com melodias musicais com as mesmas notações 3- O maestro da orquestra é o vocalista

  • O vocalista pode tocar um instrumento, em particular um de cordas tal como tār
  • As letras geralmente são escolhidas de poemas clássicos que têm vários estilos métricos na prosódia persa, especialmente Qazal (Gazel). Os poemas mais cantados são os de Hafez (1315-1390) e Molavi (Rumi) (1207-1273). Portanto há um tema espiritual ou romântico nos poemas em geral. As letras das músicas nos estilos modernos do século XVIII, se chamam tasnif (balada ou ode).
  • Um coro pode acompanhar o vocalista em alguns versos ou formar a música vocal
  • As composições podem variar substancialmente do início ao fim, tanto que normalmente começam com um pishdarāmad (pré-prelúdio), darāmad (prelúdio), a canção rítmica e várias gushes, alternando entre peças baixas (forud), altas (oj), contemplativas e demonstrações estéticas sem letras ou com letras chamadas tahrir.
  • Nessa música, há intervalos de um tom, três quatro tom, semitom e um quatro tom.

 

Os instrumentos musicais tradicionais do Irã são de três familias:

  • Os instrumentos de corda, como tchang (harpa), tār, dotār, setār, qānun, tanbur, robāb, mehri, shushak, serud, danbare, shahrud, barbat ou rud ou ud (alaúde), santur, kamāntche e qeytchak
  • Os instrumentos de sopro, como ney, neylabak ou ney-e-haftband sornā, karnā, shāx, arqanun, shāvqar, shahnāy, arabāne, musiqār, molu, nāymoshk ou neyanbun, bishe e tutak
  • Os instrumentos de percussão como tonbak, daf, dāyere, dohol, senj, jalājal, tchaqāne e zangal

 

 

Santur

 

 

Tār nas mãos do mestre Alizāde

A música é importante em todos os aspectos da cultura iraniana, nas felicidades ou lamentações, na vida diária ou nos eventos. A música é a parte indispensável dos poemas folclóricos como matals e poemas para crianças como canções de ninar, das performances teatrais como teatros de fantoches e Shāhnāmekhāni (contar hitórias de Xá-nāme teatralmente), das lamentações pessoais ou as elegias religiosos como nohekhāni ou performances elegiais de shabihkhāni ou ta’zie (originamente Sug-e-Siāvash ou Elegias de Siavash), e dos esportes como koshti-e-pahlavāni ou varzesh-e-zurkhānei ou kushti-e-bāstāni, uma antiga arte marcial iraniana.

Há várias formas da música locais se chamam musiqi e navāhi; em todas as regiões do Irã com instrumentos tradicionais ou regionais as músicas são nomeadas como Khorāsāni, Kordi, Balutchi, Bushehri, Gilaki, Azari, Lori, Bakhtiāri, Jonubi, Turcoman, …

 

 

A banda de Rastāk tocando instromentos tradicionais com melodias regionais

 

A música moderna iraniana, nos estilos clássico, pop, rock, hip-hop, pode conter vários instrumentos e melodias tradicionais. Além disso, há vários tipos das músicas amalgamadas e heterogêneas na música contemporânea iraniana.

 

Segue abaixo várias informações sobra música iraniana:

Caton, Margarat e Neil Siegel (eds.), Cultural Parameters of Iranian Musical Expression

(California: The Institute of Persian Performing Arts, 2002).

During, Jean, Zia Mirabdolbaghi e Dariush Safvat, The Art of Persian Music (Washington: Mage Publishers, 1991).

Fallahzadeh, Mehrdad, Persian Writing on Music: A Study of Persian Musical Literature from 1000 to 1500 AD, Doctoral disseration (Uppsala Universitet, 2005).

Farhat, Hormoz, The Dastgāh Concept in Persian Music (Cambridge: Cambridge University, 1990). Miller, Lloyd Clifton, Music and Song in Persia: The Art of Āvāz (Curzon Press, 1999).

 

Encyclopeadia Iranica: http://www.iranicaonline.org/articles/iran-xi-persian-music http://www.iranicaonline.org/articles/avaz http://www.iranicaonline.org/articles/tasnif-music-term

http://www.iranicaonline.org/articles/music-history-i-pre-islamic-iran http://www.iranicaonline.org/articles/dastgah http://www.iranicaonline.org/articles/gusa http://www.iranicaonline.org/articles/daramad

 

Wikipedia: https://en.wikipedia.org/wiki/Music_of_Iran https://en.wikipedia.org/wiki/Persian_traditional_music https://en.wikipedia.org/wiki/Sasanian_music

 

Janaina Elias: https://chadelimadapersia.blogspot.com.br/2013/05/a-musica-tradicional-persa.html https://magdapucci.wordpress.com/2007/01/15/musica-iraniana/ (15 janeiro 2007).

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Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.