Entrevista com o Senador e médico, doutor em saúde pública pela Unicamp, Rogério Carvalho Santos

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Rogério Carvalho Santos é médico, doutor em Saúde Pública pela Unicamp, senador por Sergipe e líder do PT no Senado Federal.

Entrevista exclusiva concedida á jornalista Fabiana Ceyhan

Senador e médico Rogério Carvalho

Senador, como médico sanitarista, como o senhor enxerga a situação atual no Brasil, em relação ao combate ao Covid-19?

Estamos vendo a ausência de liderança do governo federal no combate á pandemia, não temos abastecimento de insumos, testes rápidos, EPI’s e equipamentos como respiradores.

Vejo ainda, uma intenção do presidente em acabar com a medida mais eficaz de controle de expansão do novo coronavírus que é a quarentena. Posição que é contrária à todas as orientações técnico-cientificas, e à recomendação da Organização Mundial de Saúde.

Por outro lado, temos visto um esforço dos governadores para manter o isolamento social e montar uma estrutura assistencial que possa garantir atendimento a quem possa desenvolver a doença em suas formas mais graves.

E o Congresso, empenhado em aprovar medidas que estabelecem renda para a população, repasses para Estados e Municípios, e crédito para as empresas.

Com todos esses esforços, quem mais atrapalha o Brasil neste enfrentamento à pandemia é o presidente.

Recentemente, tivemos médicos com diferentes opiniões, sugerindo o isolamento vertical e outros defendendo o isolamento horizontal, qual a sua posição? O que o Sr. considera correto?

Parte da gravidade desta pandemia está no fato de que o vírus é altamente contagioso. O que torna o isolamento vertical inapropriado. Portanto, para impedir a explosão do número de doentes ao mesmo tempo, só o isolamento horizontal é eficaz.

Outro ponto que me chamou muita atenção, foi que, no início da pandemia, muitos países fizeram barreiras sanitárias nos aeroportos, testagem, exigência de quarentena para cidadãos oriundos de países com alto número de casos do Covid-19. Como jornalista tive relatos de pelo menos 4 brasileiros, que vieram da Europa e entraram no Brasil sem nenhuma exigência, o que o Sr. acha desta falta de controle?

Foi um erro. Em casos de pandemia, o recomendável é estabelecer o quanto antes barreiras sanitárias em portos e aeroportos, com aplicação de um monitoramento eficaz, através de questionários, testes, medição de temperatura, que permitam identificar as pessoas que possam estar contaminadas.

Como médico e Senador, o que o Senhor sugere que seja feito no Brasil?

Primeiro, manter o isolamento social pelo menos até o dia 15 de maio, desenvolver uma estratégia posterior de retorno gradual das atividades, num espaço de tempo de 60 dias, e monitorar o número de casos novos com a liberação do isolamento, para uma avaliação permanente.

Segundo, viabilizar para os estados e os municípios os testes rápidos, EPI’s e equipamentos. Isso pode ser feito a partir do aumento de repasses de recursos financeiros para os entes federados.

Para concluir, prolongar a renda mínima de 3 para 6 meses. E fazer chegar o crédito às empresas, principalmente as micro e pequenas.

Quando o Sr. acha que o brasileiro poderá voltar a vida normal? Quanto tempo pode durar esta crise em nosso país?

Normalidade só depois que tiver uma vacina disponível para os mais vulneráveis. Considerando um tempo curto para o desenvolvimento e comercialização de uma vacina, junho do ano que vem.