Entrevista com a Primeira Dama do DF Márcia Rollemberg- Por Fabiana Ceyhan

Todos que me conhecem sabem que não sou de Brasília, sou uma mineira do mundo que já viveu em Istambul, em Londres, em Adana, em Tarsus e já viajou muito, sou também mãe de filhos nascidos fora e dentro do Brasil.Eu diria que sou uma  mistura de culturas.

Quando me mudei definitivamente para o DF, entre muitas idas e vindas á trabalho, uma pessoa me chamou a atenção, não só por ser uma pessoa simples, sem frescuras, mas também pelo trabalho que realiza como Primeira Dama do DF, de forma voluntária e que com certeza contribui muito para a comunidade . Solicitei uma entrevista com ela e fui  muito bem tratada e atendida.Seguem as perguntas, e as respostas, com a palavra; Márcia Rollemberg:

 

1- Prezada Sra. Márcia, conte-nos como surgiu a ideia para estabelecer o programa
“Embaixadas de portas abertas”?

No primeiro ano do governo, houve um evento de intercâmbio em cooperação com a Embaixada da Áustria. Ao sair com a embaixadora Mariane Feldman, comentei que estava encantada com os lindos afrescos do salão principal e perguntei se ela abria as portas da embaixada para visitas. Ela respondeu que nunca ninguém havia pedido. Então eu respondi: estou pedindo. A proposta inicial era abrir para visitação durante a semana da União Europeia. Mas, na época, não se efetivou. Como a ideia persistiu, abrimos as portas da Embaixada da Áustria, El Salvador, Belarus, Argentina, Geórgia e gradativamente outras  embaixadas foram aderindo.
2-O programa permite que os estudantes do DF possam conhecer outras culturas através das sedes diplomáticas em Brasília, por favor explique como tem acontecido e quantos países já participaram do projeto. 

Em 2017, foi formalizado o Pepa – Programa Embaixadas de Portas Abertas. De lá pra cá 45 escolas visitaram de 42 embaixadas e a sede da União Europeia em Brasília até 06 de setembro de 2018. A ação é encantadora para todas as partes. As crianças aprendem com a vivência de uma cultura diferente. Os professores ampliam os espaços de aprendizagem. O corpo diplomático aprende a falar para os futuros cidadãos e cidadãs
do mundo; hoje essas crianças nascem em um mundo globalizado. Quando a Embaixada visita as escolas, criam-se elos,  desdobram-se parcerias e conhecem também a cidade e nossa cultura. O governo estreita laços de amizade e cooperação com o corpo diplomático. Nessa área, há outras frentes para consolidar essa dimensão internacional de nossa Capital. Destacam-se os projetos sociais com a Feira das Embaixadas, exposições no Palácio do Buriti, nas estações do metrô. Recentemente tivemos a
abertura da Alameda das Nações no Jardim Botânico e o Parque Internacional da Paz e fomos reconhecidos pela U.C.C.I em XXX de 2017 como Capital da Paz e pela UNESCO como Cidade do Design, integramos uma rede de cidades criativas.

3-Eu já morei em 3 países diferentes, passei ao todo 15 anos fora do Brasil, e Brasília foi
a cidade que escolhi morar quando retornei ao país, o motivo foi a programação cultural,
as inúmeras sessões de cinema no Cine Brasília, teatros e manifestações culturais,
acesso ao mundo internacional, etc.. a Senhora poderia explicar mais sobre os eventos
culturais dos quais participa e ajuda na promoção?

Pela experiência no Ministério da Cultura, tenho contato com várias atividades culturais. O campo da cultura é um dos que mais me atrai. Acredito que a cultura é um dos pilares do desenvolvimento humano. A cultura deveria estar como pilar dos Objetivos do desenvolvimento Sustentável – ODS, Agenda 20-30 da ONU. Procuro participar de ações em redes e agregar nos parceiros sempre uma abordagem artístico-cultural. É importante ver o Festival de Cinema, que tem hoje 51  anos e também agora envolve a participação das escolas com produção de alunos. A Feira Internacional das Embaixadas, que este ano teremos a 3ª edição, é uma viagem ao mundo em um dia, como um mosaico de apresentações culturais. A Feira do Livro, a Bienal, recentemente  tivemos o Encontro dos Pontos e Pontões da Cultura Viva, política que aprendi a construir no MinC.
4-Gostaria também de saber como é a sua participação no Governo do GDF, a Senhora
atua em mais áreas? Pois sabemos que é muito ativa e participa voluntariamente em
várias ações.

Sou uma colaboradora, creio que o papel de Primeira-dama é um espaço de referência, e cada pessoa vai encontrar sua forma de lidar com as reais demandas que são intrínsecas. Muitas mulheres atuam no tradicional papel de primeira-dama e é muito
importante ter ações sociais solidárias. Mas por ter experiência na política pública, em especial nos campos da saúde e da cultura, mergulho um pouco mais para galgarmos novos marcos programáticos, como foi o caso do Brasília Cidadã, que se pauta na
participação social, cujo significativo resultado é o Portal do Voluntariado. Hoje, segundo o IPEA, somos a segunda unidade da federação que mais cresceu em número de voluntários. Outro bom resultado é o Programa Criança Candanga que trabalha na
integração setorial e de redes de serviço no território. Busca dar efetividade a política da criança e do adolescente.

5- Um outro ponto que me chamou a atenção foi a sua força, ao passar por problemas
de saúde, não se abateu e continuou participando de eventos e ações em prol do GDF.
Seria muito bom ouvir uma mensagem sua para todas as mulheres que passam por
problemas e não perdem a as esperanças, tenho certeza que a Sra foi e é um exemplo
para muitas.
Minha experiência foi viver um dia de cada vez, esse já foi um importante legado. A fé passa a ser o melhor remédio, a “fé-terapia”, a espiritualidade, a dimensão da finitude e da impermanência. A fé é melhor do que todas as “químio” e “radioterapias” que não
podem ser evitadas. Lembrar todos os dias dos motivos para enfrentar a doença com coragem. Se tornar alguém melhor, mais sensível e mais forte.

Foto Arquivo Internet

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Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.