A Biblioteca Nacional de Brasília já está pronta para receber o torneio de jogos eletrônicos que reuniu cerca de 8 mil gamers em todas as fases iniciais e avançadas. A etapa presencial do 2º Aberto FBDEL (Cyber Open) ocorre entre esta quarta-feira (24) e o próximo domingo (28) e vai levar os finalistas para competir em um dos cartões-postais da capital.
O evento organizado pela Federação Brasiliense de Esportes Eletrônicos e Tecnologia (FBDEL), em parceria com o Instituto Evolução, conta com fomento da Biblioteca Nacional de Brasília e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec-DF). Em contrapartida, a população receberá uma novidade no espaço da biblioteca: um espaço gamer com equipamentos de última geração, que ficarão disponíveis após a competição.
Batizado de Espaço Geek, o local receberá atletas de 11 modalidades de e-sports. Serão quatro categorias em computadores (Dota 2, League of Legends, Counter Strike e Valorant); cinco em videogame (Just Dance, Street Fighter, Mortal Kombat, Tekken e FIFA) e mais duas em mobile (Wide Rift e Free Fire). Além dos PC gamers, o local vai contar com TVs e consoles próprios para jogos, incluindo a área do auditório para a competição de dança. As partidas contemplarão atletas maiores de 12 anos.
Os 11 PC gamers utilizados no torneio continuarão na Biblioteca Nacional, disponíveis para quem reservar um horário a partir do dia 29 de janeiro. O usuário terá um tempo de duas horas para jogar e poderá realizar as inscrições pessoalmente no balcão do segundo andar da biblioteca. O espaço funcionará de segunda à sexta, das 8h às 22h, e aos sábados, das 8h às 14h.
“É uma oportunidade para o público do Distrito Federal e para os visitantes da nossa cidade terem uma infraestrutura moderna de jogos eletrônicos. Essa modalidade movimenta várias áreas da economia criativa. É importante fazer com que a população tenha acesso a essas máquinas modernas e possa se profissionalizar, aproveitar um pouquinho e se divertir. A gente fica muito emocionado quando vê as crianças chegando aqui”, declara a diretora da Biblioteca Nacional de Brasília, Marmenha Rosário.
O estudante Jonas Borges, 24 anos, celebra a importância da acessibilidade que o espaço proporciona. “Acaba tendo que ter bastante dinheiro para montar um equipamento que tenha compatibilidade para ser competitivo com outros jogadores porque quanto melhor a sua máquina, melhor o seu jogo. Então, quando você tem um espaço que você tem acesso a isso, você acaba encontrando até novos talentos, pessoas que têm essa habilidade para jogar, mas que não teriam a condição de ter um equipamento que vai auxiliar. Além disso, é bom você saber que tem um lugar onde você segue repousar e se virar a cabeça e dar uma distraída também”, observa.
Presidente da FBDEL, Arthur Jerônimo destaca a importância de trazer a modalidade gamer para o debate e desenvolvimento da sociedade, por já ser uma modalidade esportiva reconhecida por lei no Distrito Federal. “Todos nós estamos ambientados com o videogame, não tem jeito mais de fugir disso. Então é usar essa ferramenta de atração para poder profissionalizar mais ainda as pessoas, dar possibilidades de evolução de vida para quem quer realmente ir para esse cenário do esporte eletrônico”, afirma ele.
Para Arthur, ao contrário do que muitos pensam, os e-sports não são apenas brincadeiras eletrônicas. “Não é só ser jogador. A gente tem todo um ecossistema em volta disso, que passa por quests, narradores, criadores de conteúdo, treinadores, psicólogos do esporte eletrônico, nutricionistas e até mesmo educadores físicos, porque quem é profissional precisa”, explica.
Premiação
Além de medalhas e troféus, os finalistas concorrerão a um prêmio de R$ 20 mil, distribuído da seguinte forma: para os atletas do futebol e dos fighters (Street Fight 6, Mortal Kombat One, Tekken 7 e FC 24 ou 23), as premiações serão de R$ 600 (1º lugar), R$ 400 (2º lugar) e R$ 250 (3º lugar); para as categorias de mobile Free Fire, League of Legend e Wild Rift, os vencedores receberão R$ 1.250 (1º lugar), R$ 750 (2º lugar) e R$ 500 (3º lugar). O auditório da Biblioteca receberá a competição de Just Dance com premiação igual à da modalidade mobile.
Em uma das salas de estudo serão realizados os board games (jogos de tabuleiro), em parceria com o Tem Mesa. Na outra, estará a central de transmissão, onde será realizada a cobertura, com entrevistas de atletas e convidados com os apresentadores dos podcasts No Lobby e ProGames.
A abertura oficial do evento será na quarta-feira (24) e as partidas terão início na quinta (25). A Arena Educacional ficará montada no espaço mesmo após o torneio, onde será promovido um curso de pró-players, que será anunciado em breve na página do Instagram da Biblioteca Nacional de Brasília. O curso terá inscrições limitadas, atendendo 50 pessoas a partir de 14 anos. Também será lançada a continuidade do Cyber Opa, um circuito no Distrito Federal com previsão de rodadas aos finais de semana usando o espaço.
“A biblioteca é um espaço perfeito para fazer esporte eletrônico, com os aquários de vidro, o charme, a localização muito acessível para todos aqui de Brasília. Por isso que a gente escolheu e fez o movimento para que seja aqui a nossa competição”, aponta o presidente da FBDEL, Arthur Jerônimo.
Mais do que entretenimento
Leandro Prudente, 32, já foi jogador profissional na área gamer. Atualmente ele é psicólogo do e-sports e explica que a categoria oferece um leque de possibilidades – desde desenvolvimento de games e jogos competitivos até staff e organização, que engloba o cuidado com os atletas por meio de profissionais das áreas da saúde e direito dos esportes.
“Jogos, hoje, não são apenas entretenimento. Podem virar uma carreira e você pode viver disso”, detalha. Leandro faz um convite aos que não conhecem a área para participar da semana de competições: “Dá para trazer a família, ver como são essas questões de competição. Os pais que quiserem entender um pouquinho desse mundo podem vir que a gente explica como é possível construir uma carreira nos e-sports”, ressalta o psicólogo.
O jovem estudante Mateus Atos Pinheiro, 13, sempre gostou de jogar as modalidades de PS3 e Xbox. Para ele, o momento vai além de descanso e conforto, podendo ser uma ferramenta de educação.
“Tem vários jogos com mecanismos para educação, como o Minecraft, que tem modos de aula que alguns estados já procuram usar com os alunos porque vários alunos só focam em jogo. Precisa ter uma rotina boa, horários certos pra jogar. E estudar para manter a mente no lugar, porque só o jogo não ajuda. O jogo faz você muito feliz, mas é importante manter o equilíbrio. E é bom porque muitas crianças ficam na rua sem fazer nada, então é melhor ir para um lugar que você faz alguma coisa do que ficar na rua”, declara o estudante.