O surto de coronavírus representa um teste de fogo para os serviços de saúde europeus. Em Madrid, um dos pontos mais problemáticos da Europa, a epidemia deixou claro velhos problemas como a falta de pessoal ou de material adequado. Os profissionais do setor pedem melhores condições de trabalho.
De acordo com Jesús García Ramos, do Sindicato dos Enfermeiros de Madrid, “as equipes de proteção individual têm necessidades específicas, pelo menos nos serviços de cuidados intensivos. Precisam de usar óculos e máscaras de proteção e batas impermeáveis durante horas a fio, o que representa um enorme desgaste, insustentável para os profissionais de saúde. Quem não contrair coronavírus terá de colocar baixa por esgotamento.”
As autoridades esperam um aumento considerável no número de casos este fim de semana e um pico da infeção durante as três próximas semanas. O aumento nas emergencias preocupa os serviços médicos.
Para Esther Ramos, médica do Hospital La Paz em Madrid, a grande dificuldade passa por estabelecer prioridades: “uma unidade de urgência em colapso resulta em assistência negligente a quem necessita efetivamente de assistência. Nem precisa de ser uma infeção por coronavírus. Se um paciente entra na urgência com um enfarte e há um maior numero de pacientes do que normal, é óbvio que é difícil estabelecer um bom sistema de prioridades.”
O reforço de meios e pessoal já foi prometido pelas autoridades locais mas os serviços médicos sublinham a importância de seguir as recomendações oficiais, e visitar os hospitais apenas em caso de absoluta necessidade.
As autoridades sanitárias esperam que o encerramento de escolas, o homeoffice e a limitação de eventos públicos sejam suficientes para conter a epidemia. Para já descartaram encerrar a Comunidade de Madrid, mas a evolução nos próximos 15 dias será vital.
Se estas medidas funcionarem, a propagação do vírus pode ser travada em dois meses, se não funcionarem, a epidemia pode prolongar-se até ao verão europeu.