O secretário-geral da ONU está entre os líderes e representantes do G77+China reunidos em Kampala, Uganda. A maior organização intergovernamental das nações em desenvolvimento promove os interesses econômicos do Sul Global.
Discursando no evento, neste domingo (21), António Guterres disse que o sistema financeiro global não conseguiu proporcionar uma rede de segurança aos países em desenvolvimento que enfrentam dificuldades.
Economia hesitante
A proposta do líder das Nações Unidas é que seja feita a reforma dessas instituições para que se tornem “verdadeiramente universais, reflitam as realidades atuais e respondam muito melhor às necessidades” do grupo de nações.
Guterres descreveu um panorama global de erosão da democracia, aumento do populismo e do extremismo, aliado ao clima que está aquecendo, ao desmoronamento da confiança nas instituições de todos os tipos e a uma economia hesitante.
O chefe da ONU citou desde o Conselho de Segurança ao sistema de Bretton Woods ao defender que instituições globais refletem a realidade do mundo há 80 anos quando países africanos estavam colonizados, o que não se ajusta ao propósito.
Terrorismo e crime transnacional
Em relação ao Conselho de Segurança, ele questionou como se pode aceitar que ainda não haja um único membro permanente africano. Ele caracterizou o atual sistema financeiro global como “ultrapassado, disfuncional e injusto”.
A expectativa do chefe da ONU é que a Cimeira do Futuro, agendada para setembro. Para ele, o foco na actualização destas instituições ajudará a alinhá-las ao mundo atual e a dar resposta a desafios associados a desafios essenciais dos países em desenvolvimento.
Guterres mostrou otimismo sobre a análise da Nova Agenda para a Paz da ONU. A proposta estabelece iniciativas em torno de temas como desarmamento, prevenção de conflitos, combate ao terrorismo e crime transnacional, além da gestão das ameaças à segurança, incluindo as representadas pela inteligência artificial.
100 dias após o início do conflito na Faixa de Gaza
O chefe da ONU destacou ainda os 100 dias após o início do conflito em Gaza. Guterres enfatizou que a recusa de Israel em acolher a solução de dois Estados para israelitas e palestinianos é “totalmente inaceitável”.
Para ele, negar aos palestinianos o direito à condição de Estado “prolongaria indefinidamente um conflito que se tornou uma grande ameaça à paz e segurança globais”.
O secretário-geral reiterou ainda seu apelo à libertação incondicional de todos os reféns detidos pelo Hamas e advertiu sobre a possibilidade de propagação do conflito pela região do Oriente Médio.