HOMEM
Sou uma célula nervosa
Um glóbulo em sangramento;
Por fora, carne garbosa,
Por dentro, luz e tormento.
Em verdade, sou a verdade,
O anjo enviado em piedade;
De mentira, sou a mentira
Pregada na alma sentida
Bebo da vida e não adoeço,
Morro de amor e não enlouqueço,
Compositor, qual ode no vento,
Sou cruz e louvor, em movimento.
Não passo de uma doença
Que afeta a saúde do mundo;
Não sou de pedir licença
Ao deitar o sêmen fecundo.
No fundo, sou efervescência,
No palco do absurdo, a potência;
De infinita inconsequência,
Sou um enigma em essência.