Exposição reúne fotógrafos brasileiros e franceses, suas leituras da cidade monumental e dos habitantes que lhe dão vida
Da França, Marcel Gautherot, Pierre Antoine e Quentin Bassetti. Do Brasil, Nick Elmoor, Zuleika De Souza e Janine Moraes. Cada um empresta seu ângulo de visão, suas experiências e trocas com a capital para interpretá-la e retratá-la. A exposição reúne 10 cliques por artista, 60 obras no total, uma referência aos 60+2 anos da cidade inventada.
“Partimos da ideia de que Brasília foi uma grande invenção. E de que essa invenção nunca se encerra. E renova-se a cada dia. E reinventa-se no tempo. E desafia os fotógrafos a decifrar seus enigmas. O fato é que a capital faz pensar.”
Marcelo Feijó – curador
Brasília reinventada apresenta diversas facetas da jovem cidade e parte do princípio de que ela está em constante evolução, moldando e sendo moldada pelos seus habitantes. A curadoria foi desenhada de forma a romper com a imagem da cidade monumental, da abordagem fria e arquitetônica à qual a cidade é frequentemente reduzida, e enfatizar a vida cotidiana dos brasileiros que nela vivem.
A exposição é organizada pela Embaixada da França, o Instituto Bem Cultural, o Espaço Cultural Renato Russo e a SECEC/Governo do Distrito Federal e conta com o apoio do Instituto Moreira Salles. Foi prevista inicialmente para o aniversário de 60 anos de Brasília, se atualiza e celebra os 60+2 da jovem capital.
Os fotógrafos:
JANINE MORAES
Janine Moraes nasceu em 1987, em Quirinópolis, Goiás. Aos 14 anos mudou-se para Brasília para estudar. Fotografou pela primeira vez na faculdade de jornalismo. A fotografia foi o gatilho para se deslocar na cidade, para além dos trânsitos necessários, em longas caminhadas. Trabalha como fotojornalista, na capital, desde 2008. Integra o Mamana, coletivo de mulheres fotógrafas.
MARCEL GAUTHEROT
O fotógrafo parisiense Marcel Gautherot (1910-1996), de origem proletária, fez um curso noturno de decoração e, em seguida, estudou dois anos de arquitetura, na Escola Nacional Superior de Artes Decorativas. Participou em 1936 da instalação do Museu do Homem em Paris. Influenciado pela leitura do romance Jubiabá, de Jorge Amado, veio pela primeira vez ao Brasil, em 1939. No ano seguinte, após uma rápida permanência no Senegal, devido à Segunda Guerra Mundial, retornou ao Brasil, onde morou até sua morte, em 1996. Colaborou com o arquiteto Oscar Niemeyer, tendo sido um dos mais importantes fotógrafos da construção de Brasília. Também trabalhou com Burle Marx e Lúcio Costa. Viajou por todas as regiões do Brasil registrando fotograficamente a arquitetura, a arte, o folclore, a cultura popular e os tipos brasileiros. Foi considerado pelo poeta Carlos Drummond de Andrade um “notável documentador da vida brasileira”. Deixou como legado de sua obra cerca de 25 mil negativos, incorporados ao acervo do Instituto Moreira Salles em 1999.
NICK EL MOOR
Nick Elmoor chegou em Brasília pequeno, estudou música, jornalismo e cinema, com doze anos descobriu a fotografia. Viveu em vários lugares, conheceu gente, escreveu, expôs, publicou e continua fazendo tudo como se fosse um menino.
PIERRE ANTOINE
Pierre Antoine vive e trabalha em Paris. Após estudar artes plásticas na Universidade de Paris I Saint-Charles, seu trabalho artístico orienta-se primeiramente para formas plásticas variadas, correlacionando escultura e fotografia. Nos últimos dezessete anos, a maior parte de sua prática foi composta de fotografias e edições.
Seu trabalho foi exposto na França e no exterior, em especial no Centro Nacional de Fotografia de Paris, no Centro Nacional Edição Arte Imagem (CNEAI), na Biblioteca Nacional da França (BNF) e mais recentemente no Centro Internacional para a Cidade, Arquitetura e Paisagem (CIVA) em Bruxelas. Paralelamente, ele realiza trabalhos encomendados nas áreas de arte, design e arquitetura. Ele é docente na Escola Nacional Superior de Arquitetura de Versalhes, onde leciona artes plásticas.
QUENTIN BASSETII
Quentin Bassetti é um fotógrafo francês, nascido em 1989 na Normandia. Inicialmente autodidata, começou com a fotografia de rua, influenciado por fotógrafos franceses e americanos como Henri Cartier-Bresson, Joël Meyerowitz ou Stephen Shore. Durante seus estudos em fotografia, ele experimentou novas abordagens e aprendeu a trabalhar em série sobre um mesmo tema. Hoje, seu trabalho está na fronteira entre produção documental e fotografia contemporânea. Por meio de assuntos muitas vezes pessoais, ele aborda temáticas como urbanismo, meio ambiente e paisagem. Ele é membro da agência Hans Lucas e co-fundador do Coletivo Nouveau Document.
ZULEIKA DE SOUZA
Zuleika de Souza nasceu em Brasília. O pai, o jornalista e poeta José Hélder de Souza, veio para a cidade em 1960 para trabalhar no Correio Braziliense. A mãe, a professora Maria Neide Eleutério de Souza, se juntou a ele em 1961. Os dois deixaram o Ceará em busca da utopia candanga, prometida por JK. ”Vivi os primeiros cinco anos na Asa Norte e todos os outros em
Superquadras da Asa Sul. Quando criança, o passeio que eu mais gostava era fazer compras na Cidade Livre, hoje Núcleo Bandeirante. Ou quando pegávamos o fusca e saíamos sem rumo pelas estradas que cortavam o Cerrado intocado. Com 18 anos, comecei a fotografar a cidade que considero minha irmã mais velha, crescemos juntas. Trabalhei em vários jornais e revistas nacionais e locais, especialmente no Correio Braziliense, onde fiquei por quase trinta anos e acompanhei de perto as mudanças da capital. Brasília e sua experiência única sempre foram o interesse maior do meu trabalho.”
Serviço:
Brasília reinventada : Narrativas do tempo Olhares refletidos entre França e Brasil
Local : Galeria Rubem Valentim do Espaço Cultural Renato Russo Data: de 13/4 a 12/6
Horários: terça a sexta das 10h às 20h / sábado e domingo das 12h às 20h Entrada franca