Rafael Gontijo
Advogado e gerente sênior das frentes parlamentares Brasil-China e BRICS do Congresso Nacional
A viagem do Presidente Luíz Inácio Lula da Silva à China é, indubitavelmente, a mais importante do presente ano, haja vista que o país é o maior parceiro comercial do Brasil há mais de uma década, sendo também o maior parceiro comercial do mundo.
A missão precípua do Presidente Lula em sua passagem pelo gigante asiático, à qual terá como destaque a audiência do mandatário brasileiro com o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, é estreitar laços estratégicos de cooperação em diversas áreas relevantes: ciência e tecnologia, mineração, educação, saúde, logística, infraestrutura, transportes, energia, agricultura, dentre outras. Cabe ressaltar que há um fenômeno que perpassa todas as áreas mencionadas, a saber: a iminente transformação digital a ser protagonizada pela tecnologia 5G.
No contexto das telecomunicações, o 5G é a quinta geração para as redes móveis e de banda larga, inicialmente implementada no fim de 2018. Não é exagero afirmar que, em grande medida, o 5G tem potencial para redefinir substancialmente a arquitetura de poder econômico e político em escala global. Vejamos algumas razões:
Quando se pensa no aprimoramento dos métodos e plataformas que possibilitam aos alunos terem acesso à educação de qualidade à distância, está presente o 5G.
Quando se pensa no monitoramento espacial e das condições climáticas, visando prevenir eventos com impactos sociais e ambientais de grandes proporções, como enchentes e deslizamentos de terra, está presente o 5G.
Quando se pensa no desenvolvimento de um sistema logístico eficiente, que viabilize o barateamento dos serviços de entrega aos clientes e o aumento da competitividade das empresas, está presente o 5G.
Quando se pensa na exploração dos recursos minerais sob a ótica da sustentabilidade, atendendo aos mais modernos padrões de desenvolvimento social e proteção ambiental, está presente o 5G.
Quando se pensa na redução substancial do tempo de latência dos equipamentos cirúrgicos, vital para que sejam feitas intervenções médicas à distância, está presente o 5G.
Quando se pensa na agricultura de precisão que racionaliza a utilização dos recursos hídricos, tornando a produção mais eficiente e ecologicamente responsável, está presente o 5G.
Quando se pensa na adequação dos centros urbanos brasileiros, para que esses se tornem territórios inteligentes e conectados, está presente o 5G, que viabilizará um notável aumento na eficiência do controle do tráfego rodoviário e ferroviário.
Há também reflexos mais óbvios e imediatos, por exemplo, para a indústria do entretenimento, com a redução do tempo de downloads e uploads.
Como se percebe pela relevância do tema, a missão precípua da visita presidencial é atrair capital chinês para a expansão e modernização da infraestrutura das telecomunicações, através da tecnologia 5G, em razão de estar essa vinculada ao desenvolvimento de praticamente todos os setores econômicos.
A perspectiva de celebração de relevantes parcerias na seara das telecomunicações é, sem dúvidas, a mais alvissareira na viagem presidencial ao gigante asiático. Salta aos olhos que o posicionamento do Brasil no contexto da economia do futuro se conecta a isso.
