Artigo: A consistência da política externa do Brasil, a liderança exemplar de um estadista como o Presidente Lula

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Foto: Isaura Daniel/ANBA

A capacidade dos Estados de influir no plano internacional não deriva apenas de sua importância demográfica, geopolítica, econômica, cultural ou científica, por exemplo. Deriva também da habilidade de seus líderes. A imagem da África do Sul está associada à de seu ex-presidente e defensor da liberdade, Nelson Mandela. Outros países, de menores dimensões, ganharam reconhecimento internacional devido ao mérito de sua liderança: o falecido rei Hussein, do Reino Hachemita da Jordânia, é um verdadeiro exemplo. O Brasil também é um exemplo, em virtude tanto do poder de um grande Estado, quanto da habilidade diplomática de sua liderança carismática.

Os embaixadores de países árabes e islâmicos acreditados no Brasil tiveram o prazer, na quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024, de testemunhar a liderança carismática do Exmo. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um jantar oficial realizado em sua honra nas dependências da Embaixada do Estado da Palestina em Brasília, promovido pelo Conselho de Embaixadores Árabes no Brasil.

Em breve discurso proferido na cerimônia, e com uma linguagem precisa, o Presidente evocou décadas da política externa do Brasil, destacando uma diplomacia norteada principalmente pelo respeito ao direito internacional e na Carta das Nações Unidas, elementos que conferem ao Brasil um papel protagonista na arena internacional. A postura do Brasil frente ao conflito russo-ucraniano e à contínua guerra israelense contra a Palestina, que dura já mais de sete décadas, com um bombardeio sem precedentes na Faixa de Gaza, elevam as credenciais da política externa do Brasil e da sua diplomacia equilibrada. Uma posição clara baseada em uma política independente tem marcado o discurso diplomático da política externa brasileira em relação às duas crises. O Brasil liderou o grupo de países que defendem a necessidade urgente de um cessar-fogo imediato e de livre acesso de ajuda humanitária aos civis inocentes em Gaza. O papel recente da diplomacia brasileira no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral da ONU foi muito apreciado pela comunidade internacional. Seu comprometimento persistente com a solução de dois estados para pôr fim ao sofrimento nos territórios palestinos agrega valor aos esforços da comunidade internacional, os quais deveriam ser acelerados para que a paz, a estabilidade e a prosperidade floresçam na região e no mundo.

Nesse sentido, a habilidade de um estadista é crucial. Alguns grandes países, lamentavelmente, mantêm uma abordagem unilateral ao lidar com as implicações da guerra israelense em Gaza. Pela primeira vez na história da guerra, grandes países ainda hesitam em pedir e trabalhar conforme o necessário por um cessar-fogo. É o Presidente Lula quem continua a pedir o fim do conflito armado e a recorrer a um acordo negociado entre os palestinos e os israelenses. O mundo precisa dar ouvidos às vozes de estadistas cuja experiência poderá contribuir para o fim da série diária de assassinatos em massa que estamos testemunhando na televisão.

Os civis inocentes na Faixa de Gaza e na Cisjordânia merecem muita atenção da comunidade internacional. É totalmente inaceitável que os principais contribuintes para o orçamento da Agência da ONU para Assistência a Refugiados Palestinos (UNRWA) congelem seus aportes sob o pretexto do possível envolvimento de dez ou doze indivíduos, entre os milhares de funcionários da Agência no ataque de 7 de outubro. A suspensão do apoio financeiro à UNRWA somente piorará ainda mais a catástrofe humanitária já insuportável em Gaza.

A habilidade de estadista será sempre elemento relevante. Precisamos apenas ouvir aqueles que certamente nos ajudarão a contribuir para a paz e estabilidade no mundo. Refiro-me, naturalmente, ao Presidente Lula.