Após invasão de embaixada, México pede suspensão do Equador na ONU

O México pediu que o Equador seja suspenso da Organização das Nações Unidas (ONU). A solicitação consta no processo apresentado contra o país na Corte Internacional de Justiça (CIJ) pela invasão de sua embaixada, em Quito, para capturar o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas. Com sede em Haia, a CIJ confirmou ter recebido o documento. No processo, o México conclama os juízes a declararem que “o Equador é o responsável pelo dano que as violações de suas obrigações internacionais causaram e continuam causando ao México”.

A ação também pede à Corte que “suspenda o Equador como membro das Nações Unidas” até que emita um pedido público de desculpas e “garanta a reparação do dano moral infligido” ao México e seus cidadãos. Segundo a ministra mexicana das Relações Exteriores, Alicia Bárcena, a sanção deve entrar em vigor “até que seja emitido um pedido público de desculpas reconhecendo as violações dos princípios e normas fundamentais do direito internacional”.

O objetivo é “garantir a reparação do dano moral infligido ao Estado mexicano e a seus cidadãos”, acrescentou ela na coletiva de imprensa diária do presidente Andrés Manuel López Obrador. Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a suspensão de um país “é uma questão que deve ser debatida pelos Estados-membros”. “Temos muitos esperanças de que as tensões entre Equador e México sejam resolvidas por meio do diálogo”, disse à imprensa em Nova York.

As forças policiais invadiram a embaixada na noite de 5 de abril para capturar Jorge Glas, acusado de corrupção e que horas antes tinha recebido asilo político do México. Durante a invasão, os agentes agrediram o diplomata mexicano Roberto Canseco. Como resultado, o governo mexicano rompeu relações com o Equador e anunciou o processo em Haia.

Ao listar as reivindicações do México, Bárcena destacou que ele também busca estabelecer um precedente para que um país que aja como o Equador seja “definitivamente expulso das Nações Unidas”. Por sua vez, López Obrador disse que esperava que a CIJ agisse rapidamente. “A Justiça deve ser rápida e ágil, e a imunidade diplomática deve ser garantida (…). Não se pode permitir que ninguém aja dessa forma (…). Se o direito internacional não for respeitado, este será um mundo de gorilas”, enfatizou o líder de esquerda.

Ainda que a CIJ possa levar anos para tratar do mérito da questão, o México também pediu aos juízes internacionais “medidas provisórias” para proteger seus funcionários diplomáticos. “A Embaixada do México no Equador, juntamente com seus bens e arquivos, enfrenta o risco de não ser protegida ou ser violada novamente”, disse o México em sua solicitação.

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Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.