Por Qais Shqair
A diplomacia econômica é uma forma de diplomacia que usa todo o espectro de ferramentas econômicas de um Estado para promover os interesses nacionais. Essa definição se refere estritamente aos Estados, mas basta uma análise da história da Câmara de Comércio Árabe Brasileira para se verificar que ali também há diplomacia econômica. Essa é a diplomacia econômica de uma instituição que conseguiu assumir um papel efetivo no desenvolvimento da relação bilateral e multilateral entre os países árabes e o Brasil. As excelentes relações econômicas entre os dois lados se refletem na balança comercial que chega a US$ 18 bilhões por ano.
A história de sucesso da Câmara de Comércio Árabe Brasileira é, na verdade, um exemplo a ser seguido. Ela mostra o nível em que os brasileiros de origem árabe estão ligados às suas raízes e dedicados à sua querida terra natal e, disso, nasceram as excelentes relações de que os países árabes e o Brasil desfrutam em todos os aspectos de cooperação.
Algumas semanas atrás, Rubens Hannun, um executivo de renome no país, passou a presidência da Câmara ao embaixador Osmar Chohfi, um diplomata experiente que serviu o país por mais de quarenta anos. A reunião anual ordinária do Conselho Superior de Administração da Câmara contou com a presença do decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, o embaixador do Estado da Palestina, Ibrahim Alzeben, e deste que escreve, chefe da missão da Liga Árabe no Brasil, embaixador Qais Shqair. Uma parceria que prospera há anos entre o Conselho de Embaixadores Árabes e a Câmara foi assim reiterada e promovida de modo a estreitar ainda mais os laços entre o mundo árabe e o Brasil, não apenas em comércio e economia, mas em outras áreas como intercâmbio cultural, que, aliás, é uma ilustre via de relações externas que os países podem desenvolver em níveis bilaterais e multilaterais.
O valor agregado desse denominador comum cultural é de grande interesse para o Conselho e a Câmara. Após uma pesquisa inédita realizada por uma empresa especializada de renome, a Câmara elaborou um documento sobre a presença, o papel, o poder, a influência e as perspectivas das comunidades brasileiras de origem árabe. A partir dos resultados do estudo, a Câmara desenvolveu o projeto Casa Árabe com o intuito de fundar um centro de cultura árabe brasileira a fim de promover as culturas entre as comunidades brasileiras de origem árabe no País, ensinar árabe e português e difundir o legado árabe nas artes, na música, no folclore e na culinária.
Ao fazer isso, não é apenas a dimensão cultural das relações conjuntas que sai ganhando, mas toda a fórmula favorável das relações amistosas e constantes que reúnem os 22 países árabes e o Brasil tanto no nível formal de Estado como no informal, de pessoas para pessoas, em todos os aspectos da cooperação e da interação que sempre vai prosperar pelo bem de todos.
Qais Shqair é chefe da missão da Liga Árabe no Brasil
Fonte: ANBA