Coluna : Andrajos -Por Raul de Taunay

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ANDRAJOS

É primavera, tempo de se admirar tesouros sem preço,
Pelos caminhos da natureza, os mais belos adereços.

A mesma folha caída que no chão é tapete ou tropeço,
Nas hastes altas das ramas, é broto, é vida, recomeço.

Arrulham as aves, esvai-se a neblina, cantam as rosas,
A lua afina-se ao fim desta tarde pela planura formosa.

As lágrimas se ocultam pelas copas da rica vegetação,
A paixão aquieta-se, a paz supera na alma a afetação.

É primavera, tímida, silenciosa, qual borboleta em ação,
Sou eu a fazer versos dos meus andrajos em ebulição.