Durante o Future Minerals Forum (FMF), o país árabe apresentou proposta ambiciosa para adoção de energias renováveis e reduzir a dependência do petróleo
No mundo financeiro, a Arábia Saudita é conhecida por suas vultosas reservas de petróleo, que estão entre as maiores do planeta, e por ser a principal exportadora dessa commodity. Nos últimos anos, a potência árabe está trabalhando para mudar essa imagem internacional e se aproximar de nações que estão aderindo a matrizes mais sustentáveis de energia.
Em janeiro, durante a última edição do Future Minerals Forum (FMF), o país deu mais um passo nesse sentido: o ministro de energia saudita, Abdulaziz bin Salman Al Saud, apresentou a visão para a transição energética com investimentos bilionários em energias renováveis e na exploração de minerais críticos.
Abdulaziz bin Salman é um dos herdeiros da Casa de Saud, linhagem real que há décadas comanda a Arábia Saudita. A fortuna da família, e do reino, vem em grande parte da produção de petróleo. Com o anúncio, realizado no fórum que é sediado em Riad, capital do país, o príncipe declara ao mundo um paradoxo que ele pretende resolver: diversificar as matrizes energéticas e econômicas do país e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de carbono que resultam desse negócio.
O paradoxo da transição energética
Fontes consideradas limpas e alternativas aos combustíveis fósseis (como petróleo e carvão mineral), uma parte das energias renováveis depende de minerais para o desenvolvimento e funcionamento de suas cadeias. Um caso exemplar é a produção de carros elétricos e as baterias de lítio.
O ministro de energia da Árabia Saudita apresentou dados do interesse e demanda crescente por minerais críticos decorrentes da geração de energias renováveis.
De acordo com levantamento da consultoria McKinsey, do Serviço Geológico dos EUA e da Associação Nuclear, a escalada no fornecimento de energias solar, eólica, e nuclear, associadas uso de baterias para armazenamento, vão aumentar a demanda de lítio em sete vezes, em relação a 2022; de terras raras em até quatro vezes; de cobalto e níquel em duas vezes; cobre em 1,5 vez e urânio em 1,3 vez até o ano de 2030.
Com isso, a tendência é que as emissões de carbono também cresçam, o que vai de encontro com os objetivos sustentáveis das operações.
“A menos que descubramos uma maneira de resolver essa questão desafiadora. Porque, caso contrário, estaremos usando processos que negarão o propósito de sua criação, que é a redução de emissões”, afirmou a autoridade saudita.
Árabia Saudita vai diversificar planta energética e investir em ativos internacionais de mineração
Para resolver esse problema arrojado, a Árabia Saudita anunciou que vai investir bilhões de dólares em três alavancas ou eixos de atuação. A primeira delas é a exploração e desenvolvimento da atividade mineral no país. Segundo o ministro Abdulaziz bin Salman, o reino tem cerca de US$2,5 trilhões em recursos minerais inexplorados.
A segunda frente é o processamento local dos minérios. O país declarou o fechamento de acordos no valor de US$8,8 bilhões com empresas globais para processar cobre, zinco e terras raras.
Por fim, a Arábia Saudita está apostando em ativos de mineração em diversas partes do mundo, para suprir a falta de minérios que têm baixa ocorrência ou não existem em território nacional. Através da Manara Minerals, joint venture criada em 2023, o país adquiriu participação na exploração de importantes reservas, como 10% no negócio de níquel e cobre da mineradora brasileira Vale.
Em paralelo, o país saudita está expandindo as ações em energia solar, com a construção de plantas no deserto com painéis fotovoltaicos. A meta é aumentar a capacidade instalada de produção desse tipo de energia para 130 GW até 2030.
Fonte: Tempo