Criado em 2009, o Brics reúne atualmente nove países: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Egito, Emirados Árabes Unidos, e Etiópia. A Arábia Saudita, embora ainda em processo de adesão formal, já participa das reuniões do bloco. Juntos, esses países concentram 40% da população mundial e 37% do PIB global, segundo o Fórum Econômico Mundial, além de desempenharem papel estratégico em setores como comércio, energia e recursos naturais.
No campo militar, o grupo inclui três potências nucleares: Rússia, China e Índia.
Segundo Marta Fernández, diretora do Brics Policy Center, o bloco vem acumulando peso econômico e militar e busca ampliar sua influência política no cenário internacional.
Origem
O termo “Bric” foi cunhado pelo economista Jim O’Neill, em 2001, para designar mercados emergentes com potencial de crescimento. A primeira cúpula ocorreu em 2009, com Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, a África do Sul foi incorporada, e, em 2023, cinco novos membros se juntaram ao grupo.
A crise financeira global de 2008 foi um dos impulsos para que o Brics se posicionasse como uma força reformista, demandando mudanças em instituições como a ONU, FMI e Banco Mundial.
Para reforçar sua autonomia financeira, o bloco criou, em 2014, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), voltado para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. Outra iniciativa do grupo é o estímulo ao uso de moedas locais nas transações comerciais, reduzindo a dependência do dólar norte-americano.
Limitações
Apesar de seu peso econômico e político, o Brics enfrenta desafios de coesão interna. Segundo Pedro Dallari, diretor do Instituto de Relações Internacionais da USP, os países têm interesses comerciais e ideológicos distintos, além de divergências em temas globais como mudanças climáticas, pandemias e conflitos armados.
Dallari observa que o Brics não possui estrutura institucional consolidada, como uma secretaria executiva, o que dificulta a coordenação e a transparência. “Não há sequer um website central do Brics que concentre informações e iniciativas do grupo”, aponta.
Já Evandro Carvalho, da UFF, destaca que, no comércio internacional, os países do Brics frequentemente competem em áreas estratégicas, o que limita a convergência de interesses.
Perspectivas e Representatividade
Apesar das limitações, o Brics possui uma força material significativa e vem se consolidando como porta-voz do sul global, defendendo uma ordem mundial multipolar.
“Além dos recursos, o Brics representa uma alternativa simbólica à governança global liderada pelo Ocidente, ampliando o espaço para as demandas do sul global”, conclui Marta Fernández.
Mesmo enfrentando desafios, o bloco continua desempenhando um papel estratégico, tanto como fórum de debate quanto como agente de mudanças na governança internacional.
Fonte: Agência Brasil