ONU elogia ações da Indonésia e da Malásia em resgate ao povo Rohingya

Autoridades dos dois países resgataram três barcos levando refugiados rohingya no Mar de Andamão. Cerca de 140 passageiros eram levados pelas embarcações, que deixaram Mianmar, o país de origem dos deslocados, em abril. Relatórios preliminares indicam que até dez pessoas teriam morrido no mar.

Botes feitos com bambus e galões de água levam rohingyas para Bangladesh. Foto: ACNUR/Andrew McConnell

Botes feitos com bambus e galões de água levam rohingyas para Bangladesh. Foto: ACNUR/Andrew McConnell

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) elogiou a ação dos governos da Indonésia e da Malásia, que resgataram três barcos levando refugiados rohingya. Cerca de 140 passageiros eram levados pelas embarcações, que deixaram Mianmar, o país de origem dos deslocados, em abril. Relatórios preliminares indicam que até dez pessoas teriam morrido no mar.

Os navios partiram de municípios no centro do estado birmanês de Rakhine, epicentro da crise de deslocamento forçado envolvendo a minoria rohingya. A travessia é o primeiro movimento marítimo de refugiados confirmado no Mar de Andamão desde maio de 2015, quando interceptações e problemas no desembarque levaram a dezenas de mortes no oceano.

O ACNUR já teve acesso aos refugiados recém-chegados à Indonésia e recebeu garantias da Malásia de que em breve poderá ter contato com os outros resgatados. O organismo internacional expressou gratidão aos pescadores e autoridades indonésias que prestaram assistência a esses refugiados.

Desde o início da crise de refugiados rohingya, em agosto de 2017, estimativas da ONU apontam que mais de 200 vidas foram perdidas no Golfo de Bengala, principalmente na travessia de Mianmar para Bangladesh.

A agência da ONU está preocupada com relatos de alguns refugiados de que seus navios foram parados por autoridades que não os desembarcaram no local seguro mais próximo. Tais práticas não apenas colocam em risco sua vida, como também podem violar o direito marítimo internacional.

“Para evitar mais mortes, o ACNUR pede a todos os governos da região para que mantenham suas obrigações marítimas e o espírito da Declaração de Bali de 2016, resgatando refugiados, desembarcando-os nos locais seguros mais próximos e evitando interceptações arriscadas no mar que não têm o intuito de salvar vidas”, disse James Lynch, representante do ACNUR para o Sudeste Asiático.

Operações de resgate

A primeira das três embarcações resgatadas aportou em Langkawi, na Malásia, no dia 3 de abril, depois de uma breve parada no sul da Tailândia, onde foi levada de volta ao mar pelas autoridades tailandesas. Ainda não está claro se isso foi feito por vontade dos próprios refugiados. Os 56 a bordo – 18 mulheres, 19 homens e 19 crianças – estão agora no Centro de Detenção de Imigração Belantik.

O segundo barco foi resgatado por pescadores indonésios com cinco sobreviventes: uma mulher, dois homens e duas crianças. Eles foram levados para Langsa, no litoral da Indonésia, em 6 de abril e foram registrados pelo ACNUR. Os passageiros disseram à agência que foram interceptados pelas autoridades de Mianmar e que mais de dez refugiados morreram ou desapareceram no mar.

Um terceiro barco transportando 79 refugiados – 12 mulheres, 31 homens e 36 crianças – foi resgatado por pescadores indonésios e desembarcou em Bireuen, na Indonésia, em 20 de abril. O ACNUR está registrando este grupo e tem trabalhado com autoridades locais para fornecer assistência médica, alimentação e abrigo temporário.

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Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.