O Impacto Positivo do ESG no Turismo na Amazônia

0
98

Sobre esse tema conversamos com Lorë Kotínski, Doutora em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais pelas Universidade do Porto e Universidade de Aveiro, em Portugal, e Pesquisadora de ESG em Redes Sociais sobre como o ESG pode gerar valor a empresas e ser diferencial no mercado brasileiro e que durante mais de 10 anos escreveu reportagens sobre turismo na Amazônia.

Jornalista: Lorë, um dos destinos mais procurados por turistas que buscam experiências sustentáveis é a Amazônia. Como você vê o papel do ESG no turismo dessa região?

Lorë Kotínski: O ESG é essencial para o turismo na Amazônia, uma das regiões mais sensíveis e ricas em biodiversidade do mundo. As práticas de ESG podem proteger os ecossistemas frágeis e garantir que o turismo seja uma força positiva tanto para a preservação ambiental quanto para o desenvolvimento das comunidades locais. A Amazônia enfrenta muitos desafios, como desmatamento e exploração ilegal, e o turismo sustentável, com base em ESG, pode ser um meio de financiar a conservação e promover o desenvolvimento sustentável. Ao adotar práticas ambientais responsáveis, as operações turísticas podem minimizar o impacto ecológico e, ao mesmo tempo, gerar valor econômico para a população local.

Jornalista: E como as operações de turismo na Amazônia podem gerar valor utilizando os princípios de ESG?

Lorë Kotínski: Uma operação turística na Amazônia que adota ESG pode criar valor de várias maneiras. No aspecto ambiental, a empresa pode investir em iniciativas de conservação, como a recuperação de áreas degradadas e a proteção de espécies ameaçadas. Isso, além de preservar o ecossistema, também aumenta o apelo do destino para turistas interessados em ecoturismo e turismo de aventura. No aspecto social, a valorização das comunidades indígenas e tradicionais, oferecendo oportunidades de emprego, capacitação e inclusão dessas populações nas operações turísticas, é fundamental. Muitas dessas comunidades possuem conhecimentos únicos sobre a biodiversidade da região e podem contribuir como guias ou fornecedores de produtos e serviços locais. Isso fortalece a economia regional e torna a experiência turística mais autêntica e enriquecedora. Já no aspecto de governança, o ESG pode trazer mais transparência e responsabilidade para a gestão das operações turísticas, garantindo que sejam éticas e justas, tanto com a natureza quanto com as pessoas.

Jornalista: Você mencionou a importância das comunidades locais. Como as empresas de turismo na Amazônia podem integrar essas comunidades em suas operações de forma sustentável?

Lorë Kotínski: A integração das comunidades locais é um dos pilares do ESG e deve ser feita de maneira respeitosa e colaborativa. Uma das maneiras mais eficazes de fazer isso é criando parcerias com as comunidades indígenas e ribeirinhas. Elas podem atuar como guias locais, compartilhar seus conhecimentos tradicionais e ajudar a criar experiências culturais autênticas para os turistas. Além disso, as empresas podem investir em capacitação e educação, promovendo o empreendedorismo local e incentivando a criação de produtos artesanais e serviços que valorizem a cultura regional. É importante que essas comunidades sejam envolvidas nas decisões, para que o turismo não seja uma força invasiva, mas sim uma oportunidade de desenvolvimento sustentável. O turismo baseado no ESG também garante que os lucros sejam distribuídos de maneira justa, para que as comunidades se beneficiem diretamente da atividade econômica.

Jornalista: E sobre a preservação da biodiversidade da Amazônia? Como o ESG pode ajudar a proteger essa riqueza natural?

Lorë Kotínski: O ESG tem um papel central na proteção da biodiversidade amazônica. Empresas de turismo que implementam práticas ambientais responsáveis podem minimizar seu impacto nos ecossistemas locais. Isso pode incluir o controle rigoroso do uso de recursos naturais, como água e energia, e a implementação de políticas de resíduos zero para evitar a poluição. Além disso, o turismo sustentável pode contribuir diretamente para a conservação, por exemplo, destinando parte dos lucros para projetos de preservação ou colaborando com ONGs e instituições de pesquisa que atuam na proteção da floresta. A própria presença de turistas, quando bem organizada, pode criar incentivos para que as áreas sejam mantidas intactas, uma vez que o ecossistema saudável é o grande atrativo da região. Isso gera um ciclo positivo, onde o turismo sustentável ajuda a financiar a proteção do ambiente, garantindo que as futuras gerações também possam vivenciar a beleza da Amazônia.

Jornalista: Para finalizar, quais são os principais desafios para implementar práticas de ESG no turismo amazônico?

Lorë Kotínski: Um dos principais desafios é o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. A Amazônia é uma região complexa, com pressões por exploração de seus recursos naturais. As operações de turismo precisam encontrar maneiras de oferecer uma experiência de qualidade sem causar danos ao ambiente ou às comunidades locais. Outro desafio é a falta de infraestrutura sustentável em algumas áreas da região. Investimentos em tecnologias limpas, como energias renováveis e sistemas eficientes de gestão de resíduos, são necessários, mas nem sempre estão acessíveis. A conscientização e o treinamento de todos os envolvidos na cadeia do turismo também são essenciais, desde os operadores até os próprios turistas, que devem ser educados sobre o impacto de suas ações. Com comprometimento e colaboração, esses desafios podem ser superados, permitindo que o ESG transforme o turismo na Amazônia em um motor de desenvolvimento sustentável.

Frase destaque: “A Amazônia é um tesouro global, e garantir que o turismo seja uma força para o bem é uma missão essencial para o futuro da região.”