Quando a China e o Brasil anunciaram a elevação dos laços bilaterais de parceria estratégica abrangente para uma “comunidade de futuro compartilhado China-Brasil por um mundo mais justo e um planeta mais sustentável” em 2024, a China e o Brasil já dispunham de uma base de cooperação amistosa de longa data, e as áreas de colaboração continuam se expandindo, injetando novo dinamismo no relacionamento sino-brasileiro. Um número crescente de jovens brasileiros está se engajando nas áreas de intercâmbio de experiências na cooperação ampla entre os dois países.

Vitor Moura, um jovem empresário brasileiro e estudante da Universidade Tsinghua, liderou uma equipe que apresentou o plano Golden Bridge, inspirado na “Oficina Luban” da China. Seu plano ganhou o primeiro prêmio no Programa Juvenil China-América Latina para Enfrentar os Desafios Globais — Acampamento para Alívio da Pobreza, organizado pelo Centro Latino-Americano da Universidade Tsinghua e pelo Centro de Orientação para o Desenvolvimento de Competências Globais para Estudantes.

A Oficina Luban é uma plataforma de intercâmbio internacional para educação vocacional que leva o nome de Lu Ban, um notável artesão da China antiga, e que ajuda principalmente a desenvolver talentos técnicos e qualificados nos países integrantes do Cinturão e Rota.

A vitória completa da China na batalha contra a pobreza proporcionou experiências valiosas para a realização da meta de “erradicação da pobreza” da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, que visa tornar a grande visão de erradicar a pobreza em realidade.

“Em resposta às necessidades da força de trabalho em diferentes regiões do Brasil, podemos aproveitar a experiência da China em treinamento de habilidades vocacionais multinacionais para estabelecer um centro de treinamento vocacional brasileiro, a fim de melhorar o nível de habilidades da força de trabalho brasileira”, apontou Vitor.

Em 2019, ele já notou o grande potencial do mercado da China, e fundou sua empresa Lantau, que tem como objetivo promover o comércio e a exportação de produtos entre a China e o Brasil, e estabelecer mecanismos de comunicação para que os produtos brasileiros entrem na China e os produtos chineses sejam exportados. Ao longo dos anos, sua empresa ajudou mais de 20 instituições brasileiras a entrar no mercado chinês. Ao mesmo tempo, para apoiar o processo de internacionalização das empresas chinesas, Vitor desenvolveu programas de treinamento voltados a essas empresas para aprimorar a comunicação efetiva entre culturas inclusivas.

A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por 15 anos consecutivos. Segundo a Administração Geral das Alfândegas (AGA) da China, o comércio entre a China e o Brasil em 2024 teve uma alta anual de 3,5%, ficando em US$ 188,17 bilhões.

Tanto a China quanto o Brasil têm grandes indústrias agrícolas e de alimentação, mas a China tem muito mais canais para a venda de alimentos, comenta Camila Ghattas, fundadora e CEO de uma empresa de tecnologia estabelecida em Haikou, capital da província insular de Hainan, no sul da China. Ela acrescentou que com o apoio do setor do e-commerce, desde que os consumidores chineses liguem seus telefones celulares, podem comprar ingredientes frescos por meio de vários aplicativos e desfrutar de serviços de entrega em domicílio,

A cooperação em economia digital não apenas ampliou os canais comerciais entre os dois países, mas também tem impulsionado o constante aprimoramento de infraestruturas logísticas eficientes em ambas as nações. Alguns empreendedores brasileiros na China não apenas buscam vender seus produtos. O que eles procuram é inspiração para inovar.

A empresa da Ghattas se dedica a estudar as estratégias digitais chinesas bem-sucedidas, entre as quais o e-commerce por transmissão ao vivo se destaca claramente, e a prestação de serviços de consultoria para empresas latino-americanas.

Na China, o e-commerce está intimamente integrado às indústrias tradicionais, trazendo uma nova vitalidade ao setor. Ghattas acredita que a integração do e-commerce e das mídias sociais é outra característica importante do desenvolvimento do setor na China. Várias plataformas como Taobao, Douyin (TikTok na versão chinesa), Meituan etc., não apenas realizam funções de mídias sociais, mas também são a arena para a competição do e-commerce.

O Brasil, maior economia da América Latina, possui uma população residente de mais de 200 milhões de pessoas. Segundo os dados de McKinsey, os consumidores brasileiros estão entre os mais receptivos do mundo a vídeos curtos e de transmissão ao vivo, com um mercado de e-commerce por transmissão ao vivo só perdendo para a China em termos de atividade e ocupando o segundo lugar globalmente. A média diária de tempo online dos brasileiros ultrapassa 9 horas, sendo 1 hora dedicada ao TikTok.

As vendas do comércio eletrônico no Brasil devem aumentar para R$ 224,7 bilhões (US$ 40,45 bilhões) em 2025, um aumento anual de 10% e o oitavo ano consecutivo de crescimento de quase R$ 20 bilhões (US$ 3,6 bilhões), de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).

“A China é vanguarda de inovação digital. É de uma forma que o Brasil e a América Latina nem imaginam”, disse Ghattas.

Fonte: Portuguese News