Halal: interesse do mundo na expertise brasileira

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São Paulo – Ampliar as exportações aos consumidores de produtos halal (que seguem as normas do Islã) e as oportunidades que o mercado islâmico e o mercado árabe oferecem foram os principais temas da palestra que o CEO e secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour, apresentou nesta segunda-feira (6) no encontro anual do Conselho Internacional da Avicultura (IPC). O evento é realizado até a próxima quarta-feira (8) em Buenos Aires, na Argentina.

“Fomos ao encontro a convite do IPC para falar sobre o potencial do mercado halal e do árabe. Também falamos sobre a abertura do mercado árabe para investimentos e das oportunidades e desafios que ele oferece”, afirmou Mansour. “Chegamos ao acordo de que é preciso trabalhar próximo ao produtor para chegar ao melhor resultado em termos de exportações e investimentos”, disse.

Segundo o executivo, os representantes das empresas do setor que participam do encontro, brasileiras e de outros países, demonstraram grande interesse no mercado halal e quiseram saber mais detalhes sobre esse segmento. Em razão desse interesse, avaliou Mansour, a Câmara Árabe e IPC podem trabalhar juntos para serem indutores de exportações e investimentos.

Entre as informações que Mansour levou estão que a população muçulmana cresce a uma taxa quase três vezes maior do que a mundial e deverá alcançar, em 2050, 2,8 bilhões de pessoas, conforme estatísticas do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ainda segundo os dados apresentados pelo executivo da Câmara Árabe, o Produto Interno Bruto (PIB) nominal dos países muçulmanos alcança US$ 7 trilhões, enquanto, como comparação, o PIB do Mercosul, bloco econômico que reúne Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, é de US$ 3 trilhões.

Consumidor halal está no mundo árabe, África, Ásia e Europa

Além do tamanho da população e potencial econômico, Mansour apresentou ainda mercados-chave para os produtos halal. Entre esses estão Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito, que são árabes, além de África do Sul, na África, Indonésia e Malásia, na Ásia, e nações europeias como França e Alemanha, que não são árabes. Entre as oportunidades, citou a venda de produtos com valor agregado, reexportação de produtos tendo as nações islâmicas como centros logísticos, diversificação de alimentos em meio a uma grande quantidade de países e vender para consumidores que não são islâmicos, mas veem nos produtos halal um sinônimo de qualidade e pureza.

A Câmara Árabe tem um projeto dedicado exclusivamente ao mercado halal: o Projeto Halal do Brasil é uma parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e foi desenvolvido para promover os alimentos e bebidas feitos no Brasil, um país que não é de maioria muçulmana, no exterior. O Brasil é, hoje, o maior exportador mundial de proteína halal.

O encontro do IPC discutiu diversos assuntos que envolvem o setor. Biossegurança e genética foram os temas debatidos no fórum técnico sobre saúde e bem-estar animal. Tema caro aos países árabes, a segurança alimentar também foi tema dos encontros desta segunda-feira.

Nesta terça-feira serão realizadas apresentações que têm a inovação como tema central. Na quarta-feira, os painéis se dedicarão a temas associados ao bem-estar animal e ao potencial da América Latina na produção global de aves e derivados.

Uma das palestras sobre inovação marcadas para esta terça-feira será conduzida pelo presidente do IPC, o brasileiro Ricardo Santin, que também é presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ele foi eleito para comandar a instituição em dezembro de 2023.

O relatório sobre exportação de carne de frango mais recente da ABPA, divulgado em abril, mostra que em março deste ano, o Brasil exportou US$ 751,3 milhões em carne de frango e derivados, em queda de 23,4% em relação à receita obtida em março de 2023. Na ocasião, a ABPA informou que o desempenho de março segue a média histórica do setor e que março do ano passado teve desempenho atípico. Emirados Árabes Unidos, China e Arábia Saudita são os principais compradores de carne de frango do Brasil. Mais informações sobre o IPC