Engenheiro agrônomo Carlos Magno Campos da Rocha teve papel notável na cooperação histórica entre Brasil e Japão para o desenvolvimento agrícola do Cerrado
Em cerimônia realizada nesta sexta-feira (30/9), o Embaixador do Japão no Brasil, HAYASHI Teiji, agraciou o ex-presidente da Embrapa Carlos Magno Campos da Rocha com a medalha da Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro com Laço. O ato foi celebrado na residência oficial do embaixador, em Brasília, em uma solenidade para convidados.
A Ordem do Sol Nascente é uma honraria concedida desde 1875 pelo governo japonês a pessoas que tenham contribuído com serviços notáveis ao país em diferentes campos. Entre os recentes laureados com a medalha estão personalidades como o empresário Bill Gates, o cartunista Mauricio de Sousa e o embaixador Rubens Ricupero.
Campos da Rocha passa a integrar a lista de homenageados como um reconhecimento a seu importante papel na cooperação bilateral entre Brasil e Japão para o estabelecimento da atividade agrícola no Cerrado a partir do final dos anos 1980, especialmente na implementação do Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados (Prodecer).
O programa, instituído em 1979 com o objetivo de aproveitar o potencial da região, viabilizou pesquisas de vanguarda para a adoção de novos métodos de produção de alimentos no Cerrado e estabeleceu as bases para a transferência de tecnologias entre Brasil e Japão.
A iniciativa já possibilitou o desenvolvimento de 345 mil hectares e o investimento de US$ 684 milhões em empréstimos, além de capacitar técnicos brasileiros e prestar assistência a agricultores. “Eu fico muito honrado de aceitar essa medalha, mas em nome de todos os meus companheiros. Quero dividir essa honraria com eles”, ressaltou Campos da Rocha.
Graças à cooperação com o Japão, apontou Carlos Magno, foi possível transformar o Cerrado em uma potência agrícola mundial. “Encontramos uma grande dificuldade para desenvolver o cerrado. Tudo era diferente, nós tínhamos de começar da estaca zero. Hoje, a gente tem orgulho de ser, não só aqui no Brasil, um dos maiores produtores de alimento do planeta”, lembrou o homenageado.
Em seu discurso, o embaixador HAYASHI Teiji destacou o projeto de cooperação e sua importância para o desenvolvimento da fronteira agrícola brasileira. O embaixador ainda revelou que, dando continuidade ao legado de Carlos Magno, o governo japonês, em parceria com a Embrapa, planeja uma nova cooperação na área de desenvolvimento de sensores e agricultura de precisão.
“Atualmente, o mundo enfrenta o vírus da Covid, a invasão da Rússia na Ucrânia, e a seca sem precedentes na Europa, levantando dúvidas quanto à questão da segurança alimentar”, lamentou o embaixador Hayashi. “Estamos orgulhosos em saber que o Brasil se tornou o maior produtor de soja do mundo e está salvando milhares de vidas, evitando o desabastecimento alimentar no mundo”, ressaltou.
O homenageado
Carlos Magno Campos da Rocha formou-se em engenharia agronômica pela Universidade Federal de Viçosa, assumindo em 1988 a posição de Chefe Geral do Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (CPAC). Posteriormente, como presidente da Embrapa, de pesquisa, entre 1989 e 1990, trabalhou na coordenação entre agências nacionais, estaduais e privadas para a implantação do Prodecer.
Seu trabalho teve continuidade na implementação do Programa de Pesquisa de Conservação Agroambiental do Cerrado e do Estudo de Monitoramento Ambiental do Cerrado, onde, entre 1996 e 1999, difundiu técnicas agrícolas e agropecuárias sustentáveis contribuiu para a redução do impacto ambiental da atividade na região.
