Entrevista com o embaixador do Equador no Brasil “O Equador tem sido vítima de Fake News”

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1- Qual é a situação do Equador hoje em relação ao combate do COVID-19?

Até o dia 3 de abril, o Equador tinha 3.368 casos confirmados de COVID-19, 3.661 casos suspeitos, 3.289 casos descartados e 145 mortes. A taxa de mortalidade no Equador é de 3,4%, enquanto em outros países é de 4,9%.

Das vinte e quatro (24) províncias do Equador, a maioria dos casos confirmados está na província de Guayas, com 2.388 casos, somente a cidade de Guayaquil concentra 75% de todos os casos; seguida pela província de Pichincha, com 285 casos; Los Ríos, com 138 casos; e Azuay, com 99 casos. As outras vinte (20) províncias do país têm um número menor de casos relatados.

Em relação ao sistema de saúde, foi realizado um investimento de mais de US$ 200 milhões que permitiu a compra de equipamentos e materiais sanitários, os quais chegarão ao Equador nas próximas semanas. Há 192.000 unidades de proteção para as equipes médicas que atendem à crise sanitária.Existem reagentes disponíveis para 18.000 testes em Guayaquil, Quito e Cuenca.

Guayaquil, sendo a cidade com mais casos confirmados, ainda possui capacidade hospitalar para pacientes com COVID-19 e unidades de terapia intensiva (UTI) para pacientes mais graves.

Como medida preventiva, as atividades laborais (públicas e privadas) e as aulas em estabelecimentos de ensino (públicos e privados) continuarão suspensas até 13 de abril.

Desde 30 de março, os vôos humanitários também foram suspensos por falta de cumprimento do isolamento preventivo obrigatório (APO) por parte daqueles que deveriam fazê-lo.

2- O Equador tem sido vítima de” Fake News“?

Desde o início da emergência da COVID-19, há relatos de 40 milhões de ativações nas redes. As Fake News se multiplicaram desde que o Equador confirmou seu primeiro caso da COVID-19 (29 de fevereiro). Nos últimos dias, o governo equatoriano tem enfrentado um ataque constante de desinformação sobre o coronavírus (COVID-19). Os grupos que desinformam não estão interessados ​​na vida das pessoas, apenas querem criar caos e desestabilização. Essa desinformação tem se intensificando à medida que se aproxima o dia 7 de abril, quando se dará a sentença no caso “Subornos”, em que estão envolvidos os líderes do Correísmo.

Uma investigação do portal Código de Vidrio identificou 13 campanhas simultâneas articuladas através de 25 grupos de Telegram e WhatsApp, com cerca de 4.000 usuários cada.Segundo a reportagem publicada por esse portal, haveria pelo menos 6.000 replicadores de notícias falsas.

Existem também centros de troll locais e estrangeiros. O Serviço de Inteligência do Equador confirmou que 50% das notícias falsas vêm do México e 33% do Equador. Recentemente, foram identificados ataques partindo da Venezuela para espalhar a suposta existência de valas comuns em Guayaquil, usando fotografias de povoados do México.

Infelizmente, aproveitando esse momento difícil que estamos enfrentando, as notícias falsas constituem campanhas que têm o objetivo comum de criar pânico, desestabilizar o governo e criar o caos social.

Muitos grupos se encontram forado Equador e, ao desinformar e tentar colocar a população contra as medidas adotadas pelo governo para enfrentar a crise humanitária provocada pela pandemia do novo corona vírus, a distancia, põem em risco a vida e saúde das pessoas.  

3- Por gentileza faça um panorama geral de como está sendo o protocolo nos hospitais e os planos para enfrentar a crise?

O Equador declarou Estado de Emergência Sanitária no Sistema Nacional de Saúde em 11 de março de 2020.Até o momento, o Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde Pública (INSPI) já coletou 10.317 amostras, das quais 3.368 são positivas para a COVID-19. Os pacientes confirmados e as pessoas que estiveram em contato com eles contam com vigilância epidemiológica e controle médico por parte do Ministério da Saúde Pública.

As condições dos 3.368 casos da COVID-19 confirmados no país são:
. 2.912 estáveis em isolamento doméstico;
. 112 estáveis hospitalizados;
. 128 hospitalizados com prognóstico reservado;
. 71 casos com alta hospitalar;
. 145 falecidos; e
. 3.661 casos são suspeitos e 3.289 casos foram descartados.

O Ministério da Saúde Pública (MSP) possui 27 hospitais para atendimento específico de casos da COVID-19, 2.100 centros médicos e 133 hospitais autorizados a atender cidadãos para outros tipos de consultas.

No início desta semana, para enfrentar os problemas ocorridos na cidade de Guayaquil em decorrência domedo da população de entrar em contato com os falecidos e pela ausência de colaboração de médicos, hospitais e até de funerárias por cauda da proibição de circulação, o governo equatoriano criou uma Força-Tarefa Conjunta para retirada dos corpos de cada uma das casas e hospitais da cidade. Esse processo que segue todas as medidas sanitárias estabelecidas para a realização de enterros individuais e não em fossas comuns.


Diego Ribadeneira
Embaixador do Equador no Brasil