Entrevista com Johanna Brismar – Embaixadora da Suécia no Brasil

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jornalista Fabiana Ceyhan e Embaixadora Johanna Brismar durante a entrevista.

Fabiana Ceyhan: Embaixadora, pode nos falar um pouco sobre as relações entre a Suécia e o Brasil? Sei que tivemos e ainda temos um problema com o período de pandemia, muito difícil para toda diplomacia, até para o Itamaraty. Mas o que você acha que deve ser feito para promover essas relações e o que você acha que deve ser feito também no futuro?

Johanna Brismar: Eu acho que o Brasil e a Suécia têm relações muito longas e muito boas. São laços profundos, e históricos de amizade e cooperação em diversas áreas e assuntos, construídos ao longo de muito anos e são abrangentes em todos os setores da sociedade, estamos muito felizes com isso.

Temos uma parceria estratégica que firmamos em 2009 em ciência e inovação e alta tecnologia. A parceria é um símbolo de grande colaboração, e a pandemia, é claro, tem sido muito difícil para todos nós e não foi possível realizar tudo o que eu planejei, durante meus quase 3 anos aqui, mas mesmo assim reconheço que podemos fazer muito para continuarmos a construir juntos um futuro melhor.

Estarei terminando a minha missão em breve, mas nossos trabalhos irão continuar no futuro.

Eu acho que podemos fazer muita coisa juntos, Suécia e Brasil . Agora estamos focados na sustentabilidade e no que precisamos fazer o mais rápido possível, depois da COP 26, onde há muitos ganhos a serem obtidos tanto para nosso ambiente de vida, nosso clima, mas também para nossa sociedade de negócios.

Muitas empresas brasileiras e suecas podem realmente ganhar muito com a transição para uma forma mais verde e sustentável de fazer negócios.

Temos também muitas empresas suecas a no Brasil, são mais de 200, com foco na inovação.Os suecos pretendem aprofundar ainda mais essa cooperação bilateral, principalmente na produção de biogás e no setor de transportes sustentáveis. Temos o Brasil como um grande parceiro.

Fabiana Ceyhan: E sobre a nossa balança comercial, quem exporta mais? Brasil para a Suécia ou Suécia para o Brasil?

Não olhei para os números mais recentes, mas acho que realmente exportamos um pouco mais para o Brasil, ainda assim eu acredito que números são difíceis de contabilizar porque às vezes os produtos brasileiros vão para a Europa, mesmo que o destino final seja a Suécia, eles são registrados como chegando a Amsterdã. Uma vez que você tem os grandes portos, eles vão de caminhão para a Suécia. Podem também entrar por outros países da União Europeia e fica difícil falar em números exatos.

Fabiana Ceyhan: Me lembro que durante este ano a Suécia entregou aviões para o Brasil, como foi esta compra?

Ah sim, foi uma compra feita em 2014, da empresa sueca SAAB e leva muitos anos até a entrega. Para a produção desses aviões contamos com ajuda de mão de obra brasileira.

Existe também um trabalho em conjunto de engenheiros. As empresas brasileiras estão integrando na produção de partes da aeronave, como a AEL Sistemas, de Porto Alegre, que produz telas de radar em todos os caças Gripen. O negócio também inclui a transferência de tecnologia do jato sueco para o Brasil, que terá a licença para a produzir a aeronave.

Consciência verde

A Suécia pretende se tornar um dos primeiros países que não dependam de carbono até 2035. Este desafio tem nos motivado a incentivar outras nações e temos trabalhado muito, tanto no âmbito internacional e também internamente.

Embaixadora Johanna Brismar na Residência Oficial da Suécia no Brasil.

Fabiana Ceyhan: Acho que esta forma sustentável que existe na Suécia poderia ser mais difundida na imprensa brasileira, até mesmo para conhecermos mais e divulgarmos sobre projetos inovadores.

Sim, realmente a Suécia é um exemplo e pretende melhorar ainda mais, temos uma população engajada e a maioria leva muito a serio este assunto. O país utiliza eletricidade que tem origem hidrelétrica. Para o aquecimento doméstico, a Suécia parou de usar petróleo e carvão, substituindo-os por resíduos de madeira. Valorizamos muito o meio ambiente e incentivamos o mundo a fazer o mesmo.