Embaixadores africanos repudiam fala racista do deputado Gustavo Gayer

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O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) deu uma entrevista ao podcast “Três Irmãos” que gerou grande repercussão junto aos embaixadores dos países africanos em Brasília.

O parlamentar misturou as eleições presidenciais no Brasil, democracia e o uso do QI (quociente de inteligência) para atacar os africanos.

Gayer afirmou erroneamente que “quase todos os países são ditaduras” e emendou: “Democracia não prospera na África porque, para você ter uma democracia, você precisa ter um mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado”. Em seguida, o apresentador Rodrigo Barbosa Arantes declarou: “Você sabia que tem macaco com o QI de 90?” ao que o deputado goiano respondeu “viu isso aí também. É 72 na África, o QI”.

Nota de repúdio

O Grupo dos Chefes de Missão Africanos em Brasília emitiu uma nota de repúdio, onde condenana as declarações do deputado Gayer. O texto é assinado por Martin A. Mbeng, Embaixador do Cameroun e Decano do Grupo.

“Não nos permitimos omitir ou pactuar com mensagens criminosas quando originárias de indivíduos supostamente representantes do povo brasileiro”, diz o documento que cita nominalmente Gustavo Gayer, dizendo que ele “faz escárnio do Quociente de Inteligência dos africanos comparando-o ao de um macaco”.

A nota diz ainda que “Para além da tristeza que nos invade ao saber que ainda existe esse tipo de seres, lamentamos ter de informar às autoridades brasileiras, sobretudo o Itamaraty e a Câmara dos Deputados, que o nosso Grupo, interpretando os sentimentos do Continente Africano, está CHOCADO com tamanho desacerto e delírio do parlamentarista supracitado”. Por fim, declara que “o Grupo condena com a maior veemência tais declarações discriminatórias, humilhantes, desrespeitosas, insultuosas e degradantes por parte de um representante do povo brasileiro”.

O ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida também se manifestou contra as falas de Gayer, e disse ter acionado a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Câmara dos Deputados contra o deputado federal.