Embaixador do Equador no Brasil Diego Ribadeneira Espinosa.
Colaboração: Lorena Ponce
Entrevista concedida á jornalista Fabiana Ceyhan para o site Brasilia in Foco-
Qual a sua opinião sobre o fortalecimento das relações entre Equador e Brasil, levando em conta o fácil acesso do Presidente eleito do Equador, Guillermo Lasso e do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro?
O Equador e o Brasil completam no próximo mês de novembro, 177 anos de relações diplomáticas, que historicamente se caracterizaram por uma grande fluidez, harmonia e cooperação. O Brasil desempenhou um papel muito importante em várias etapas da história do Equador. Os Presidentes Lasso e Bolsonaro têm uma visão em comum sobre a economia e o comércio, sobre o papel do Estado e com respeito à integração da América do Sul. Sem dúvida que essas circunstâncias permitirão estreitar e fortalecer os vínculos de cooperação entre os dois países, em todos os campos.
Qual é a projeção econômica que você vê no Equador em relação à abertura de mercados e o desenvolvimento das exportações?
O Presidente eleito do Equador foi muito claro e enfático ao assinalar que a primeira prioridade de seu governo será a saúde e a vacina contra o coronavírus para todos os equatorianos, como uma condição fundamental para a recuperação da economia. A bem-sucedida trajetória e enorme experiência do Presidente Guillermo Lasso no setor empresarial, junto a sua visão sobre a importância do comércio e o investimento estrangeiro, são fatores que permitem vislumbrar que em seu governo serão impulsionadas as exportações e será gerada uma confiança necessária para atrair investimentos.
Qual a sua opinião sobre uma abertura de mercados com o Brasil aproveitando uma saída de produtos desde portos do Nordeste brasileiro?
O comércio entre Equador e Brasil desenvolve-se exclusivamente pelo porto de Santos e o Estado de São Paulo. Considerando que Brasil é um país continente, com uma população que chega aos 230 milhões de habitantes, pelo que a utilização de portos do Nordeste, como por exemplo, Fortaleza, Belém e Manaus, permitiria estabelecer relações entre setores produtivos dos dois países e consequentemente abrir possibilidades para novos produtos no intercâmbio bilateral.
Qual o significado da vitória de Guillermo Lasso como presidente eleito dos equatorianos durante os próximos quatro anos?
Considero que o povo equatoriano deu uma importante lição de democracia ao comparecer em massa às urnas, apesar dos problemas gerados pela pandemia. A esperança do povo, seu anseio de liberdade e a eleição do Presidente Guillermo Lasso, causaram a imediata reação positiva da comunidade internacional e a melhoria na qualificação de risco para o Equador. O presidente eleito anunciou claramente sua decisão de manter relações com todos os países, sem dar importância às diferenças ideológicas ou políticas ou às diferentes visões ou projetos de desenvolvimento. A tarefa que lhe espera ao Presidente Guillermo Lasso será sem dúvida muito complicada, mas estou seguro que os equatorianos, sem distinção de preferências políticas, daremos uma nova lição, desta vez de trabalho, honestidade, unidade e solidariedade.
Como tem sido as relações bilaterais entre Equador e Brasil e como podem ser fortalecidas
As relações bilaterais estão em um nível muito alto, há um acordo político permanente em frente aos principais temas da agenda internacional; destacam-se além disso a cooperação humanitária do Brasil nos últimos anos, com importantes doações de medicamentos para a população equatoriana e de máscaras para a proteção em frente ao corona vírus; a participação conjunta dos dois países nos planos e projetos da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, com importantes benefícios para a população da Amazônia. O comércio bilateral não perdeu seu ritmo, a pesar das condições adversas pela pandemia e à desvalorização do real brasileiro. Um aspecto muito importante em que devemos trabalhar é o da cooperação e o acordo de políticas para conseguir vacinas contra o corona vírus para os países em desenvolvimento ou com menos recursos. Por outra parte, no Brasil produzem-se as vacinas chinesa Coronavac, Astrazeneca de Oxford e a russa Sputnik-V e uma vez que se normalize a produção e se abasteça à enorme população brasileira, poderão também atender as necessidades dos países da região. Um segundo aspecto no que deve ser trabalhado para o fortalecimento da relação, é o da abertura do mercado para novos produtos e a facilitação de trâmites e condições para o comércio bilateral