Carta de Despedida do Embaixador Todd Chapman

Caros amigos brasileiros,  

Esta é minha última semana como embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Não posso deixar esse país sem refletir sobre o quanto essa experiência significou para mim. Sou eternamente grato ao povo brasileiro por sua recepção e amizade, não apenas durante meu período como embaixador, mas ao longo dos 12 anos que passei aqui.     

Eu me mudei para o Brasil pela primeira vez ainda quando criança, em 1974. Minha adolescência provavelmente tem muito em comum com a de muitos brasileiros. Ouvi MPB (Gal Costa e Djavan), troquei figurinhas de Carlos Alberto e Roberto Rivelino, e comi muito Sonho de Valsa e pão de queijo com meus amigos brasileiros, que guardo para o resto da minha vida. Essas são apenas algumas imagens, sons e alegrias do Brasil – um país com grande coração, grande força e grande futuro.    

O coração do Brasil é seu povo. Brasileiros e norte-americanos compartilham história, valores e a nossa facilidade para tornar estranhos em amigos. Estamos culturalmente conectados.   

Essa profunda conexão também nos faz sentir empatia quando testemunhamos o sofrimento um do outro. Lamentamos juntos pelas vidas que foram ceifadas pela Covid-19. Agora, nos unimos na esperança, à medida que o número de vacinas alcançam todos os cantos do Brasil, e continuamos juntos a combater essa terrível doença. Os milhões de dólares em doações do governo norte-americano de vacinas, ventiladores pulmonares, medicamentos e suprimentos fazem parte de uma parceria contínua que ajudará a nos tirar deste difícil momento.   

Se o coração do Brasil é seu povo, a força é sua democracia. Como cidadãos das duas maiores democracias do Hemisfério Ocidental, compartilhamos o compromisso de promover e defender os valores democráticos globalmente. Ao viajar pelo Brasil, encontrei líderes emblemáticos em governos estaduais e municipais, empresários e inovadores, ativistas e jornalistas, além de pessoas dedicadas de todos os setores da sociedade. Essas pessoas não só têm lugar em uma sociedade democrática, como são essenciais para ela.   

O futuro do Brasil é próspero. Com suas belezas naturais mundialmente reconhecidas e sua enorme abundância de recursos, o Brasil tem a oportunidade de liderar no combate às mudanças climáticas e na proteção da biodiversidade. Estou confiante que o fará. Nas várias fases da minha vida no Brasil, sempre presenciei milhões de brasileiros sendo retirados da linha da pobreza e o desenvolvimento de uma economia caracterizada pela energia e inovação. Apesar da pandemia, conseguimos, juntos, realizar progressos concretos em iniciativas que promovem a prosperidade para brasileiros e norte-americanos. Gostaria de agradecer ao presidente Jair Bolsonaro, seus ministros e a todos os funcionários do governo brasileiro por sua cooperação produtiva no avanço da parceria Brasil-EUA. Estou otimista em relação ao futuro do Brasil e dessa relação.  

Com a conclusão do meu período no Brasil, ao mesmo tempo chegam ao fim os 36 anos a serviço do governo dos EUA e do povo norte-americano. Quando comecei a minha carreira na seção consular em Taiwan, não poderia imaginar que um dia iria concluí-la como embaixador dos EUA no Brasil. É realmente a honra da minha carreira.    

Assim como os brasileiros, minha esposa Janetta e eu prezamos por nossas relações com amigos e familiares, especialmente com nossos filhos Joshua e Jason e nossa nora Brooke. Embora seja bittersweet deixar o Brasil, nossas aventuras continuarão em Denver, Colorado. Baseado em nossa história pessoal, estaremos certamente de volta ao Brasil. Esse pode ser o fim de um capítulo, mas não do livro.   

Muito obrigado ao governo e ao povo brasileiro por sua amizade e confiança. A gente se vê!   

Todd Chapman 

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Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.