Câmara Árabe cria comitê de mulheres

0
98
Instituição lança a iniciativa na próxima quarta-feira (15) em evento virtual. Grupo vai trabalhar pela aproximação de brasileiras e árabes.

Câmara de Comércio Árabe Brasileira criou um comitê feminino que vai trabalhar pela aproximação de mulheres do Brasil e dos países árabes. Chamado de “Wahi – Mulheres que Inspiram”, o comitê será lançado na próxima quarta-feira (15) durante uma conferência virtual que terá executivas das duas regiões como palestrantes.

O objetivo do comitê é fazer com que mulheres árabes e brasileiras se conheçam, troquem experiências nas suas áreas de atuação e até façam negócios entre si, e que esse intercâmbio sirva de inspiração para que elas empreendam, realizem e inovem ainda mais nas suas vidas. O nome Wahi no idioma árabe significa “inspiração” e suas letras formam Women’s Achievements High Inspiration.

“Mesmo em culturas tão diferentes, nós temos histórias semelhantes, temos desafios comuns, somos líderes, somos inspiradoras, somos mães, somos donas de casa, somos empresárias, somos executivas, e esses múltiplos papéis nos dão, no fundo, uma liderança muito genuína, muito autêntica”, disse à ANBA a presidente do comitê, Alessandra Frisso, diretora da H2R Pesquisas, empresa associada à Câmara Árabe.

O comitê é presidido por Alessandra e tem como diretoras a engenheira civil Claudia Yazigi Haddad, a historiadora Silvia Antibas e a executiva Janine Bezerra de Menezes. Fazem parte da equipe Daniella Leite, Fernanda Baltazar, Tâmara Machado, Isaura Daniel, Karina Cassapula, Ana Cristina Oliveira e Marina Sarruf, funcionárias da Câmara Árabe.

“As mulheres estão se ajudando, então se eu quero vender cosméticos e há na outra ponta, no comitê, uma mulher que compra cosméticos, já há um link pronto para uma relação mais estreita. O comitê vai conectar mulheres árabes e brasileiras que fazem negócios”, afirma Claudia, sobre um dos tipos de frutos que a atuação do comitê deve gerar.

Janine afirma que a iniciativa deve inspirar o empreendedorismo e vai apresentar oportunidades para as mulheres árabes e brasileiras nos mais diversos setores, incluindo a cultura e a responsabilidade social. “Serão ações e atividades que contribuirão também para aproximar ainda mais nossos países e fortalecer a amizade entre nossos povos”, afirma.

Apesar do foco principal ser congregar mulheres de negócios, o grupo não ficará restrito a esse universo. “Vamos também olhar para o intercâmbio cultural no comitê. A cultura sempre foi uma via importante de expressão de mulheres árabes e brasileiras. As nuances da arte revelam sutilmente a maneira de pensar a vida”, afirma Silvia Antibas.

A ideia do comitê começou a ser desenvolvida na metade do ano passado a partir de uma demanda das atuais lideranças da Câmara Árabe. Ainda em 2019, Claudia e Alessandra participaram do Fórum de Mulheres de Negócios do Egito, promovido pela organização Business Woman of Egypt 21 (BWE21), que congrega mulheres de negócios do país árabe. O objetivo foi conhecer de perto e aprender com a experiência das egípcias.

“As mulheres árabes estão conquistando uma liderança geopolítica muito importante, com grandes executivas encabeçando empresas internacionais. As brasileiras também estão encabeçando multinacionais. Há um grande eco da força feminina no mundo”, diz Alessandra, lembrando o papel das mulheres como presidentes de países no combate à pandemia da covid-19. “Elas conseguiram fazer uma liderança em um momento de alta complexidade, de desafios quase que diários”, afirma.

Alessandra relata que no fórum do Egito foi possível perceber o alcance que um comitê feminino pode ter por se tratar de um tema transversal. Apesar de existirem várias iniciativas de grupos de mulheres no Brasil e no mundo, o Wahi terá sua particularidade. “Nossa singularidade é ser um comitê de mulheres árabes e brasileiras. Esse é o encanto desse comitê e vamos trazer todos os desafios pelos quais os dois lados passam”, diz Alessandra.

O estreitamento do relacionamento com as árabes se dará por três pilares, segundo definido pelo grupo: o apoio ao desenvolvimento econômico das mulheres, a promoção e o intercâmbio cultural e a responsabilidade e o marketing social. “Mas o primeiro papel desse comitê é trazer essa consciência dos estilos de vida, dos comportamentos, dos desafios das árabes e brasileiras, trazer à tona para os dois lados, para desmistificar”, afirma Alessandra, sobre a perspectiva de um maior conhecimento recíproco.

Alessandra conta que associar a H2R à Câmara Árabe foi para ela a descoberta de um mundo novo e muito aprendizado. A H2R é um instituto de pesquisas que faz estudos de comportamento e consumer insights. “Comecei a me conectar com uma cultura muito diferente, com uma cultura surpreendentemente bonita, de valores muito fortes, valores de famílias, com mulheres muito fortes”, diz.

Mais adiante, o comitê feminino será aberto para novas integrantes, inicialmente para mulheres de empresas associadas da Câmara Árabe, do Brasil e países árabes, e depois para mulheres de outras instâncias, mas que compartilhem dos objetivos estipulados. É meta atrair e ter interlocução com jovens empreendedoras, que as líderes do comitê acreditam que terão muito a contribuir.

Empreendedoras

A presidente do comitê, Alessandra, tem formação em odontologia, mas há cerca de 20 anos buscou formação em administração e estratégia no exterior. Ela passou a atuar inicialmente em consultoria de negócios e agora com pesquisa. Janine é diretora de marketing e estratégia da Câmara Árabe, tem formação no Brasil, Europa e Ásia, experiência como executiva de marketing internacional e comércio exterior, e atuação em consultoria, multinacionais, no agronegócio e no governo, no Brasil e no exterior.

Claudia é gerente técnica da Construtora Yazigi, onde atualmente trabalha na fiscalização de obras, e integra a diretoria da Câmara Árabe há dois anos. Seu pai, Walid Yazigi, foi presidente da entidade e seu avô, José Yazigi, foi um dos fundadores. Silvia é diretora cultural da Câmara Árabe e recebeu o prêmio Unesco-Sharjah para a Cultura Árabe 2019. Curadora e com vasta experiência e pesquisa na área cultural, ela trabalhou por  36 anos na Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.

As integrantes do comitê encabeçaram iniciativa da Câmara Árabe de ajudar no combate à pandemia do coronavírus. Elas lideraram uma campanha de arrecadação de doações e contribuições financeiras. “Por conta da pandemia, acabamos entrando também em outra área, que é a da solidariedade”, conta Claudia. O grupo organizou a campanha e a distribuição de produtos a hospitais.

Fonte: Anba