Governo, entidades, empresas e a comunidade Líbano-brasileira se solidarizam com a tragédia ocorrida em Beirute nesta terça-feira (4). Brasil tem a maior diáspora libanesa do mundo.
A tragédia ocorrida no Porto de Beirute, capital libanesa, na última terça-feira (4), causou forte comoção entre os brasileiros. Governo federal, estados e municípios, entidades, empresas e a comunidade líbano-brasileira estão sensibilizados e reunindo esforços para ajudar ativamente o país e as vítimas da explosão. Até o momento foram registradas 145 mortes, 5 mil feridos e cerca de 300 mil pessoas estão desabrigadas no Líbano. O governador de Beirute, Marwan Abboud, declarou que cerca de metade da cidade foi danificada e que os reparos deverão custar em torno de US$ 3 bilhões.
Segundo a Embaixada do Líbano em Brasília, houve uma grande sensibilização por todo o Brasil, tanto das autoridades quanto da comunidade, de empresários e cidadãos. “O embaixador vem recebendo diversas mensagens de autoridades de todos os níveis e poderes. O próprio presidente Jair Bolsonaro esteve em contato com ele na terça-feira, e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, nos visitou ontem para oferecer o suporte do governo federal”, disse a assessoria do embaixador Joseph Sayah à ANBA.
O embaixador foi contatado também pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, além de deputados, senadores, governadores e ministros brasileiros para prestarem suas condolências ao ocorrido. “Já temos conhecimento de vários movimentos em diversos estados angariando doações para serem encaminhadas ao Líbano, como São Paulo, Paraná, Goiás, Pará e Minas Gerais”, disse a embaixada. A Câmara de Comércio Árabe Brasileira iniciou uma campanha de doações.
O presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, acredita que essa sensibilização ocorre tanto pela questão humanitária envolvida em função do impacto da tragédia, quanto pelos laços que unem os brasileiros ao Líbano. Hannun lembrou que a pesquisa divulgada recentemente pela entidade apontou que há quase 12 milhões de árabes e descendentes no Brasil e que os libaneses e descendentes formam o maior grupo dessa comunidade, somando cerca de 27% do total da população árabe no Brasil, de acordo com a pesquisa.
“O mundo todo está sensibilizado, mas o Brasil particularmente em função da imensa população libanesa que tem. Essa população de libaneses e descendentes é completamente integrada ao Brasil, o Brasil se vê meio árabe, meio libanês, acredito que todo brasileiro tem pelo menos um conhecido libanês ou um conhecido árabe. As imagens são muito impactantes e isso está sensibilizando as pessoas”, afirmou, complementando que momentos e fatos assim despertam o lado humanitário e a união entre os povos.
Conselho dos Embaixadores Árabes em Brasília
O decano do Conselho dos Embaixadores Árabes em Brasília e embaixador da Palestina Ibrahim Alzeben disse à ANBA que nesta quarta-feira (5) seis embaixadores árabes visitaram o embaixador Joseph Sayah. Palestina, Arábia Saudita, Marrocos, Tunísia, Jordânia e Liga Árabe estavam representados.
“Fomos visitar o embaixador do Líbano, que é vice-decano do grupo e prestamos nossas condolências, nossa solidariedade com o Líbano nessa situação trágica por que está passando o país”, disse Alzeben.
Ele afirmou que o conselho também irá participar da campanha que a Câmara Árabe está iniciando para incentivar a comunidade para um apoio urgente ao Líbano.
“Dar apoio e suporte ao Líbano nessa tragédia é um dever árabe, um dever humano, e nós acompanhamos também as reações aqui no Brasil, e o que nós vimos é um reflexo do carinho e da solidariedade que a comunidade brasileira em todos os níveis e instituições tem com o Líbano”, disse o decano, mencionando também a solidariedade da comunidade internacional e a importância do país árabe ao longo da história da civilização humana. “E também a importância da comunidade libanesa na prosperidade do Brasil e inclusive de muitos outros países da América Latina e do mundo”, enfatizou.
“Nós acompanhamos a reação em todos os níveis da comunidade brasileira tanto oficial quanto parlamentar e popular. Estamos seguros de que o Líbano é como uma fênix da mitologia, e tenho certeza que dentre as cinzas irá se levantar, retomar sua prosperidade e recuperar seu papel na história”, afirmou Alzeben.
Homenagens
O governo do estado de São Paulo e a prefeitura da capital estão rendendo homenagens às vítimas da tragédia em Beirute. Até sexta-feira (7), prédios públicos como o Palácio dos Bandeirantes (foto acima), o Edifício Matarazzo, a Ponte Estaiada, o Viaduto do Chá e a Biblioteca Mário de Andrade se iluminam com as cores da bandeira do Líbano.
O governador João Doria manifestou solidariedade à população atingida e à comunidade libanesa no Brasil, a maior diáspora libanesa do mundo. O prefeito Bruno Covas também se manifestou prestando condolências e solidariedade à comunidade libanesa em nome da cidade de São Paulo.
O Consulado do Líbano em São Paulo, a Residência Consular e o Clube Atlético Monte Líbano amanheceram ontem com suas bandeiras içadas a meio mastro, manifestando luto em razão da tragédia. O prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também homenageou os libaneses com projeção da bandeira do Líbano em sua fachada. No Rio de Janeiro, o Cristo Redentor recebe a projeção da bandeira do Líbano em homenagem às vítimas nesta quinta-feira (6) a partir das 20h.
Doações
A Câmara de Comércio Árabe Brasileira lançou uma campanha de arrecadação de donativos para as vítimas no Líbano nesta quinta-feira (6). A iniciativa está sendo feita com parceiros da entidade, entre eles a Associação Médica Líbano-Brasileira, e irá arrecadar recursos para a compra de alimentos, equipamentos médicos, remédios e materiais de construção para levar alívio imediato à população. A campanha da Câmara Árabe está coordenada com as ações do governo brasileiro. Já é possível fazer doações.
A Embaixada do Líbano em Brasília solicita ajuda humanitária para o atendimento às vítimas da tragédia e para a reconstrução da área atingida. Eles pedem doações de itens de assistência médica e hospitalar, alimentos básicos como farinha, grãos e comidas enlatadas, materiais de construção de todo tipo, incluindo equipamentos elétricos e vidro, e equipamentos para reconstruir o porto de Beirute. Veja mais detalhes e o contato para doações no site da embaixada.
O Consulado Geral do Líbano em São Paulo divulgou nas suas redes sociais pedido de ajuda humanitária por meio da Associação Médica Líbano-Brasileira (AMLB), que é parceira da campanha da Câmara Árabe, e por meio da Câmara de Comércio Brasil-Líbano, que também está engajada na tarefa de ajudar o Líbano.
A Cruz Vermelha libanesa também está recebendo doações que do Brasil podem ser feitas por cartão de crédito no site da entidade.
A loja virtual Eu Amo o Líbano anunciou ação humanitária para o país árabe. A partir de hoje até 31 de dezembro deste ano, a loja fará um repasse de 3% de todas as vendas para o Grupo Amizade Brasil, que há anos realiza ações de filantropia no Líbano. O grupo fará a destinação dos recursos para as vítimas da explosão no Porto de Beirute. A loja afirma que serão prestadas contas das doações em seus canais de comunicação. Mais informações no site.
A Alyah Sweets, empresa de doces libaneses em São Paulo, comunicou que todas as vendas desta quinta-feira serão doadas à Cruz Vermelha do Líbano.
Paz na região
O embaixador Ibrahim Alzeben declarou que a tragédia também demonstra a importância da paz naquela região. “Não é a primeira vez que tanto Líbano, Palestina, Jordânia, Síria, toda aquela região do Mediterrâneo está sofrendo pela falta de paz. Pela falta de horizonte de paz. E uma exigência agora é que esta área seja livre de conflitos e livre de armas de destruição em massa”, disse.
Para o decano, esta é “uma lição lamentável e muito dolorosa para a região e para toda a humanidade de que a gente deve cuidar mais das instalações, sejam portos, aeroportos, cidades, o resultado de um trabalho de gerações e que deve ser cuidado com muito esmero e muita atenção”. O decano reiterou a necessidade de paz na região. “Seja o que for, esta área deve ser livre de armas, livre de conflitos, e a paz é um imperativo. Porque se forem armas armazenadas ou não, é porque tem conflito. Vamos à raiz do problema, que é a falta de paz. Quando falta paz, tem armas, tem conflitos e tem vítimas”, disse.
Alzeben afirmou que além de trabalhar incansavelmente para ajudar materialmente também irão rezar pela recuperação do Líbano e dos feridos na explosão. “O Conselho de Embaixadores Árabes está acompanhando e irá acompanhar qualquer esforço para aliviar a dor que estão sofrendo nossos irmãos libaneses e para ajudar este país irmão, este país que é caro para todos nós, para levantar e recuperar sua saúde e sua prosperidade”, declarou.
Fonte: ANBA