Representantes dos governos do Brasil e da China realizaram, nesta terça-feira (21), em Pequim, a 9ª Reunião da Subcomissão Econômico-Comercial e de Cooperação da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban).
A reunião, preparatória para a reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), teve como pauta as relações comerciais entre os dois países. Pelo lado brasileiro, a Cosban é presidida pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e realizará sua próxima reunião em 2024.
Participaram, do lado brasileiro, o secretário executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa, o Diretor do Departamento de Política Comercial do Itamaraty, embaixador Fernando Meirelles de Azevedo Pimentel, a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, além do embaixador do Brasil em Pequim, Marcos Galvão.
Brasil e China celebrarão 50 anos de relacionamento bilateral no ano que vem. Nas últimas duas décadas, a China ganhou grande destaque no comércio exterior brasileiro, sendo o principal parceiro comercial do país desde 2009. O fluxo comercial no acumulado de 2023 já supera US$ 130 bilhões. “A expectativa é de que as exportações brasileiras para a China neste ano superem a marca histórica de US$ 100 bilhões, a demonstrar o caráter estratégico da relação comercial”, afirmou o secretário executivo do MDIC.
A reunião, realizada na sede do Ministério do Comércio (Mofcom) da China, foi liderada pelo Vice-Ministro Wang Shouwen e contou com diversos diretores de áreas técnicas do país.
Na pauta, uma avaliação geral das relações bilaterais, além da discussão de oportunidades associadas a comércio e investimento entre os dois países. O secretário executivo destacou o momento positivo do Brasil, ressaltando avanços associados à reforma tributária, à aprovação do arcabouço fiscal, aos recordes no comércio exterior, à queda da taxa de juros, ao combate ao desmatamento, além da prioridade conferida pelo governo brasileiro ao desenvolvimento sustentável.
Brasil e China discutiram como investimentos em infraestrutura e manufatura podem contribuir para os esforços brasileiros em prol da neoindustrialização. Nesse contexto, destacaram os investimentos recentes em eletromobilidade no Brasil. Também trataram de oportunidades associadas à transição ecológica, incluindo investimentos em energia, tecnologia e descarbonização.
Na agenda de acesso a mercados, o lado brasileiro ressaltou oportunidades na área aeroespacial, destacou a importância de estreitar relacionamento em matéria de biotecnologia para agilizar aprovação de inovações nessa área e reforçou a necessidade da remoção de obstáculos desnecessários ao comércio em cosméticos e higiene pessoal. Também destacou a importância do tratamento rápido e adequado de demandas sanitárias para o setor de carnes, além de ressaltar o potencial da agenda de facilitação do comércio entre os dois países, notadamente a partir do uso de certificações digitais para produtos agrícolas.
Foram debatidos temas próprios da defesa comercial, como investigações de dumping e subsídios, na sequência de uma videoconferência técnica, realizada em 16 de novembro.
Na reunião desta terça-feira também se discutiu a cooperação no quadro da Organização Mundial do Comércio, que se prepara para sua 13ª Conferência Ministerial no início de 2024. A reforma da OMC, o pleno restabelecimento do sistema de solução de controvérsias da Organização e a conclusão das negociações sobre facilitação de investimentos foram tratados nesse contexto. Igualmente, tratou-se de colaboração entre os dois países no âmbito G20, cuja presidência rotativa será exercida pelo Brasil a partir do mês de dezembro. O lado brasileiro destacou que comércio e desenvolvimento sustentável será um dos temas prioritários para a presidência brasileira do G20 no âmbito do comércio.
Compuseram a delegação do MDIC Alexandre Lobo, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do MDIC e Gustavo Tavares, assessor da Secretaria de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Sobre a Cosban
Criada durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, em maio de 2004, a Cosban é o principal mecanismo de diálogo regular entre o Brasil e a China e tem como objetivo promover contatos regulares entre altos representantes dos dois países, de modo a incentivar o relacionamento bilateral. Ela está dividida em 12 subcomissões temáticas: Política; Econômico-Comercial e de Cooperação; Econômico-Financeira; Indústria, Tecnologia da Informação e Comunicação; Agricultura; Temas Sanitários e Fitossanitários; Energia e Mineração; Ciência, Tecnologia e Inovação; Espacial; e de Cultura e Turismo.
Sobre o comércio bilateral Brasil-China
Além de ser o principal destino de exportações brasileiras, a China foi a maior fornecedora dos bens importados pelo Brasil nos primeiros dez meses de 2023. Foram exportados o equivalente a US$ 86,4 bilhões de dólares do Brasil para a China, o que corresponde a 30,6% nas nossas exportações. A corrente de comércio, no mesmo período, foi de US$ 130,5 bilhões.