Desde abril, um novo caminho na cooperação entre Brasil e China foi aberto: o da redução da pobreza. No início do ano, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais (MARA) chinês firmaram um Memorando de Entendimento para a troca de experiências sobre o tema. Em continuidade aos trabalhos previstos neste acordo, uma comitiva das duas partes se encontrou essa semana em Pequim.
O secretário-executivo do MDS, Osmar Júnior, e o vice-ministro da agricultura chinês, Ma YouXiang, trataram das políticas que levaram o Brasil a sair do mapa da fome, em 2014, e a China a superar a extrema pobreza em 2020.
“O tema do combate à fome e à pobreza faz parte da identidade nacional tanto do Brasil quanto da China. Muitas vitórias foram contabilizadas nesse ponto, em especial a saída do Brasil do mapa da fome em 2014, focada na transferência de renda via Bolsa Família, e a superação da extrema pobreza que a China conseguiu no ano de 2020, focada na inclusão produtiva, especialmente agrícola. Portanto, Brasil e China têm muito a compartilhar”, lembrou o secretário-executivo Osmar Júnior.
Os representantes chineses se mostraram dispostos a compartilhar as experiências do país, que tem uma entidade específica que trata sobre o tema, o Centro Internacional de Redução da Pobreza, fundado em 2005. A instituição realiza fóruns, intercâmbios, operações e seminários temáticos voltados à América Latina sobre desenvolvimento econômico e redução da pobreza.
“A China ainda é um país em desenvolvimento e ainda sofre com a questão da pobreza. No final de 2020, através de esforços contínuos, combatemos a pobreza e eliminamos a extrema pobreza. A China montou diversas práticas e teorias em relação ao combate à pobreza, contribuindo com a sua redução para o mundo inteiro”, comentou Ma YouXiang.
As equipes acordaram em estreitar o diálogo sobre as políticas dos dois países e em realizar um intercâmbio por meio de um seminário conjunto, já como parte do Mecanismo de Cooperação. Da reunião, também surgiu a iniciativa de se inserir uma Subcomissão no Comitê de Cooperação Brasil-China de Alto Nível (Cosban) especialmente voltada à redução da fome e da pobreza.
A inclusão possibilitaria não só o debate e a troca de experiências entre os países, mas a construção de fóruns latino-americanos e uma cooperação Sul-Sul que envolve a construção de capacidades, visitas técnicas e melhoras efetivas de políticas públicas.
O secretário-executivo do MDS ressaltou ainda que o Brasil, nos últimos anos, voltou ao mapa da fome, mas que agora, novamente sob a liderança do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o país colocou como prioridade o combate à fome. Além disso, Osmar Júnior sublinhou a posição do governo brasileiro de assumir uma liderança global sobre o tema, especialmente no G-20, cuja a presidência atualmente é ocupada pelo país.
“O Brasil tem como um dos principais instrumentos de combate à pobreza a transferência de renda para os mais pobres. Hoje, 56 milhões de pessoas no Brasil recebem o Bolsa Família. Sabe-se que a China desenvolveu um grande programa de inclusão produtiva, especialmente no campo e essa é uma experiência que o Brasil precisa conhecer mais”, pontuou o representante do MDS.