Balanço: Carnaval da Paz: festa de 2023 registra redução de 49% na criminalidade

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Número de ocorrências registradas neste ano foi menor em comparação a 2019 e 2020; GDF investiu mais de R$ 7 milhões na folia e autorizou a saída de mais de 100 blocos

Catarina Loiola, da Agência Brasília | Edição: Claudio Fernandes

O Carnaval de 2023 chegou ao fim e deixou boas lembranças aos foliões do Distrito Federal. O número de ocorrências criminais caiu 49% neste ano, em comparação a 2019, e 24% em relação a 2020. Mais de 1,5 milhão de pessoas curtiram a folia em algum dos mais de 100 blocos autorizados a circular pelo DF. Os dados foram apresentados em coletiva no Salão Branco do Palácio do Buriti, nesta quarta-feira (22), com a presença da governadora em exercício Celina Leão.

“Foi a primeira vez na história do Distrito Federal que tivemos a Cidade Policial, em que concentramos não só as forças de segurança, mas também a Secretaria de Saúde. Foi um local que funcionou 24 horas, com monitoramento e acompanhamento, evitando problemas mais graves”Celina Leão, governadora em exercício

A Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) aponta que, entre os dias 18 e 21 deste mês, foram registradas 404 ocorrências criminais, nenhuma delas de assédio sexual. Em 2019, foram 796 ocorrências e, em 2020, 535.

Celina Leão pontuou que, apesar de casos isolados de violência, o Carnaval de 2023 foi uma festa pacífica. Ela relacionou o resultado com iniciativas das forças de segurança, como a presença do efetivo policial nos blocos, a identificação de crianças em festas infantis e, ainda, a realização da Cidade Policial.

“Tivemos um aumento de foliões, em relação ao Carnaval passado, e o policiamento foi bem executado. A Cidade Policial também atendeu as expectativas, e a eficácia do policiamento”, afirmou Leão. “Foi a primeira vez na história do Distrito Federal que tivemos a Cidade, em que concentramos não só as forças de segurança, mas também a Secretaria de Saúde. Foi um local que funcionou 24 horas, com monitoramento e acompanhamento, evitando problemas mais graves”, completou.

Os dados do Carnaval foram apresentados em coletiva no Salão Branco do Palácio do Buriti, nesta quarta-feira (22), com a presença da governadora em exercício Celina Leão | Fotos: Renato Alves/Agência Brasília

O secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues, ressaltou que a folia deste ano teve como regra a paz e o diálogo. “Tivemos um Carnaval realmente pacífico, de alegria, que voltou depois de dois anos de jejum, e já podemos dizer que Brasília está de novo no roteiro dos grandes carnavais. Não tenho dúvidas de que seremos pontos de referência nacional de um Carnaval em que o folião tem uma sensação de segurança que não tem em nenhum estado”, destacou.

“Tivemos um Carnaval realmente pacífico, de alegria, que voltou depois de dois anos de jejum, e já podemos dizer que Brasília está de novo no roteiro dos grandes carnavais. Não tenho dúvidas de que seremos pontos de referência nacional de um Carnaval em que o folião tem uma sensação de segurança que não tem em nenhum estado”Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura e Economia Criativa

Rodrigues também destacou a comunicação entre governo e entidades culturais. “Dialogamos com todos os blocos e representantes das comunidades. O papel do Estado nesse Carnaval foi todo baseado em transparência. Foi tudo acordado e conversado. Na minha opinião, além de ter sido o Carnaval da paz, foi também o Carnaval do diálogo”, defendeu.

Neste ano, houve a apreensão de 19 celulares dos 342 subtraídos, 55 armas brancas e uma arma de fogo, além de 17 ocorrências envolvendo entorpecentes, entre outras. Para o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, o número de objetos perfurantes recolhidos e os casos autuados em flagrante provam a efetividade da atuação policial.

“Importante mostrar o trabalho energético que foi feito não só na apreensão das armas brancas, que poderiam ter sido utilizadas, como a atuação rápida da polícia em prender em flagrante aqueles que desferiram golpes contra os foliões”, frisa Avelar. “A mensagem que queremos passar é que o Carnaval em Brasília é pacífico, da paz, e não vamos admitir que a criminalidade venha manchar a imagem da nossa festa”, acrescentou.

Cerca de 10 mil profissionais de todas as corporações de segurança participaram das operações de fiscalização. A Defesa Civil realizou 44 vistorias. O Corpo de Bombeiros promoveu 113 atendimentos e disponibilizou 136 viaturas para os serviços.

“As nossas 13 UPAs permaneceram atendendo, os nossos hospitais da mesma forma. Continuamos atendendo as doenças crônicas, as intercorrências do dia a dia, além das questões do Carnaval. E, mesmo com toda essa demanda, a rede de atenção à saúde foi capaz de dar uma boa resposta e a população teve assistência, não só nas portas de emergência, mas também nas tendas em que estávamos presentes”Lucilene Florêncio, secretária de Saúde

Atendimentos de saúde

A Secretaria de Saúde (SES-DF) realizou 102 atendimentos, dos quais somente três pacientes ainda estão internados. Os atendimentos foram em decorrência de lesões corporais, lesões por arma branca, agressões físicas, quedas, intoxicações por substâncias lícitas e ilícitas, entre outros. Não houve óbito no período carnavalesco.

Quanto ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), foram registradas 307 ocorrências, sendo que nem todos os atendimentos se converteram em hospitalização. Foram utilizadas, em média, 100 unidades móveis, por dia, entre avançadas, intensivas, básicas e motos.

A secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, afirmou que, antes do Carnaval, foi executado um planejamento para reduzir a taxa de ocupação dos equipamentos de saúde, para garantir a fluidez nos atendimentos durante a folia. Disse também que a demanda proveniente da festa não prejudicou os demais serviços.

“As nossas 13 UPAs (unidades de pronto atendimento) permaneceram atendendo, os nossos hospitais da mesma forma. Continuamos atendendo as doenças crônicas, as intercorrências do dia a dia, além das questões do Carnaval. E, mesmo com toda essa demanda, a rede de atenção à saúde foi capaz de dar uma boa resposta e a população teve assistência, não só nas portas de emergência, mas também nas tendas em que estávamos presentes”, explicou Florêncio.

Representantes dos diversos setores envolvidos na organização do Carnaval da Paz participaram da divulgação dos resultados das ações integradas

Paz e diálogo

O Governo do Distrito Federal (GDF) investiu mais de R$ 7 milhões na realização dos blocos. R$ 4,6 milhões foram do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), repassados para 34 blocos. Outras 84 iniciativas carnavalescas receberam R$ 2,8 milhões de emendas parlamentares dos deputados Fábio Félix, João Hermeto, Iolando Almeida e Eduardo Pedrosa. Houve, ainda, investimento em publicidade.

Vinte e dois blocos foram coordenados por mulheres, nove eram voltados para o público infantil e quatro foram realizados para pessoas com deficiência (PcD). Além disso, a verba atendeu as regiões de Taguatinga, Ceilândia, Brazlândia, Planaltina, Sobradinho, Cruzeiro, Asa Sul, Asa Norte, Área Central do Plano Piloto, Parque da Cidade, Eixo Cultural Ibero-americano, Candangolândia, Jardim Botânico, Sudoeste, Riacho Fundo e Guará II.

A realização dos blocos de Carnaval gerou 6 mil empregos diretos e outros 17 mil indiretos

Dentre os blocos que receberam recursos do FAC, 12 eventos foram fomentados para atender diretamente a população em situação de vulnerabilidade. O valor implementado nas iniciativas representa mais de 30% do total investido pela Secec-DF. E entre as ações que receberam emendas parlamentares, por meio dos termos de fomento, 60% celebravam a diversidade e tinham como atrações artistas LGBTQIAP+ e de regiões administrativas.

A realização dos blocos gerou 6 mil empregos diretos e outros 17 mil indiretos. Os novos postos de emprego movimentaram a economia criativa das regiões administrativas e do Entorno em mais de 20%, com serviços que englobam hospedagens, viagens, eventos, bares, restaurantes, vestuário e ambulantes.

Dentre o público carnavalesco, mais de 340 mil pessoas estiveram no Parque da Cidade. A festa foi celebrada por sete blocos, no estacionamento 9 e 12. E o que mais movimentou o espaço foi o Bloco Baratinha, que animou 96 mil crianças, jovens e adultos no dia 19. Além disso, apenas com a folia celebrada no parque, foram gerados 1.082 empregos diretos e 3.240 indiretos.

26,6 toneladasQuantidade de resíduos retirada das ruas pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) durante o Carnaval no Plano Piloto, Ceilândia, Taguatinga, Águas Claras, Brazlândia e Estrutural

Comércio seguro

A Subsecretaria Executiva das Cidades da Secretaria de Governo informou que foram expedidas 729 autorizações para o exercício do comércio ambulante. Não houve registro de incidentes em relação aos comerciantes, conforme informações das administrações regionais.

A Secretaria DF Legal fiscalizou 71 eventos, dos quais oito foram interditados por ausência de licença; houve 16 apreensões por comercialização de produtos proibidos e perigosos (bebidas em garrafa, perfurocortantes e sem autorização) e apreensão de 2.562 garrafas de bebidas. Também ocorreu a vistoria de 4.342 ambulantes, dos quais 825 estavam sem autorização. As operações contaram com 310 servidores e 40 veículos da pasta diariamente.