Artigo da embaixadora da França no Brasil: Uma nova geração de pesquisadores entre França e o Brasil

A cooperação científica entre França e Brasil vem de longa data, tem bases sólidas e permeia os mais diferentes campos do conhecimento, da Matemática à Medicina, da mudança climática e da biodiversidade às Ciências Humanas e Sociais. As relações entre instituições, centros de pesquisa e universidades brasileiras e francesas se apoiam em projetos de excelência que promovem a mobilidade de pesquisadores, doutorandos e estudantes. Um dos melhores exemplos, e também o mais antigo, é o programa de projetos de pesquisa comum CAPES-COFECUB, que atua em todas as áreas do saber há 42 anos e formou mais de três mil doutores brasileiros. Os frutos desses intercâmbios são muitos e extrapolam os limites dos campi onde foram concebidos mudando, muitas vezes, a comunidade à sua volta.

O Brasil acolhe, a cada ano, cerca de mil pesquisadores franceses de todas as disciplinas que trabalham em parceria com várias instituições de educação superior e de pesquisa, de Belém a Porto Alegre, de Manaus a Recife. No campo do ensino superior, são cerca de 750 acordos entre universidades e institutos de pesquisa, sendo que 150 deles preveem a obtenção de um diploma duplo.

É uma determinação da França que sua cooperação internacional e sua diplomacia científica abranjam todas as disciplinas. Esse objetivo faz parte da nossa visão de mundo: todas as disciplinas científicas contribuem para a produção de conhecimento e podem assim colaborar para a formulação de políticas públicas fundamentadas, que visem o bem de todos. Dentro desse entendimento, a Embaixada da França no Brasil e a Universidade de Brasília (UnB) organizam a 2ª edição das “Jornadas de Jovens Pesquisadores em Ciências Humanas e Sociais: Olhares Cruzados França-Brasil”, um seminário que reunirá 22 jovens pesquisadores brasileiros e franceses nesta semana. 

Após o sucesso da primeira edição em 2018, nosso intuito é atribuir, por meio desta segunda edição, um caráter bienal e duradouro ao evento. Estas Jornadas visam reforçar os laços científicos entre nossos dois países e dar destaque à pesquisa de jovens franceses e brasileiros em Ciências Humanas e Sociais, sob uma perspectiva de compartilhamento de pontos de vista e de diálogo multidisciplinar.

Este evento nos oferece a oportunidade de escrever uma nova página em nossa cooperação científica, pois está inserido no processo de criação de uma cátedra franco-brasileira de altos estudos em Ciências Humanas e Sociais com a Universidade de Brasília. Essa cátedra vem completar um programa que já promove o intercâmbio de cerca de trinta professores e/ou pesquisadores entre universidades brasileiras e estabelecimentos de ensino superior e de pesquisa franceses. O Brasil já conta com cerca de 30 cátedras franco-brasileiras. Tanto estas Jornadas quanto a futura cátedra acadêmica têm assim o objetivo de reforçar os laços, já densos, entre a Universidade de Brasília e a França, que se orgulha de ser um de seus principais parceiros internacionais. Este evento visa também proporcionar um apoio duradouro às Ciências Humanas e Sociais, disciplinas científicas que, ainda que indispensáveis à nossa natureza humana e à sociedade, são frequentemente negligenciadas e sofrem com a falta de recursos. 

Acredito que esses olhares cruzados entre os nossos países e a abordagem interdisciplinar deste encontro proporcionem debates enriquecedores que contribuirão tanto para a pesquisa de nossos expositores quanto para as Ciências Humanas e Sociais como um todo. Mas não apenas. Esse rico intercâmbio também fortalecerá, por intermédio dos jovens pesquisadores, os laços de amizade entre franceses e brasileiros.

Brigitte Collet

Embaixadora da França no Brasil

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