A exposição do fotojornalista italiano, Uliano Lucas, “Revoluções – Guiné-Bissau, Angola e Portugal (1969-1974)” chega pela primeira vez em Brasília

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No ano em que se celebram os cinquenta anos da Revolução dos Cravos em Portugal, o Museu Nacional da República em Brasília acolhe, de 14 de maio a 07 de julho, a exposição “Revoluções – Guiné-Bissau, Angola e Portugal (1969-1974)”, do fotógrafo italiano Uliano Lucas, que expõe pela primeira vez no Brasil.

A exposição que conta com a curadoria dos professores Elisa Alberani, Miguel Cardina e Vincenzo Russo, propicia uma viagem feita de várias viagens, entre a Europa e África. As 56 fotos reunidas, algumas inéditas, outras publicadas em Itália em catálogos fotográficos na década de 1970 ou em revistas e jornais europeus da época, constituem uma amostra do vasto acervo de imagens do fotojornalista Uliano Lucas sobre os processos de independência de Angola e da Guiné-Bissau e sobre a celebração da liberdade em Portugal, em abril de 1974, após 48 anos de ditadura.

“Revoluções” está dividida em três partes que correspondem a três territórios fotografados por Uliano Lucas entre 1969 e 1974: a primeira parte, intitulada Guiné-Bissau – 1969, reúne fotografias realizadas na missão que levou o fotógrafo italiano às “zonas libertadas” da Guiné-Bissau, a pedido do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde); a segunda parte – Angola, 1972 – inclui imagens da vida quotidiana dos guerrilheiros e guerrilheiras do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola); a terceira parte, intitulada Portugal 1972 e 1974, retrata aspetos cotidianos do país no final da ditatura (1972) e culmina na celebração dos dias de festa da Revolução em Portugal (1974).

O movimento Guiné/Angola/Portugal está presente no olhar de Uliano Lucas, na interligação que o fotógrafo cria entre territórios e na forma como olha para os acontecimentos sem os diluir ou separar.

Ao retratar e documentar fatos e contextos políticos e sociais contemporâneos de grande relevância, as fotografias desta Mostra ligam a história recente de Portugal, Itália, Guiné-Bissau e Angola, colocando em evidência os valores da Democracia, Direitos Humanos e Cidadania.

Após ter sido apresentada em Lisboa, no Museu do Aljube, lugar de memória por onde passaram presos que lutaram pela democracia e liberdade, e pela independência dos seus países, e em Coimbra, no Convento de São Francisco, a exposição “Revoluções – Guiné-Bissau, Angola e Portugal (1969-1974) é apresentada em Brasília no Museu Nacional da República, numa realização das Embaixadas de Itália e de Portugal no Brasil e do Camões – Centro Cultural Português em Brasília, em parceria com as Embaixadas de Angola e da Guiné-Bissau no Brasil, com a Delegação da União Europeia no Brasil e com a Universidades de Brasília, através do Instituto de Letras, e da Universidade de Milão, através da Cátedra António Lobo Antunes (Camões, IP).

Segundo o Secretário de Cultura do DF, Claudio Abrantes, “Esta exposição é um testemunho visual da luta pela democracia, dos direitos humanos e da cidadania, valores que ressoam profundamente em nossa sociedade e nos recordam a importância de preservar a memória histórica para as gerações futuras.”

Os Embaixadores da Itália, Alessandro Cortese, e do Portugal,Luís Faro Ramos, inaugurarão a exposição no dia 14 de maio, às 18h00, no Museu Nacional da República, na presença dos curadores da exposição.

Os dois Embaixadores se dizem honrados por poder apresentar ao público brasiliense, pela primeira vez, o trabalho do fotojornalista italiano Uliano Lucas, que com suas obras contribuiu a gravar inesquecíveis páginas de um período historico de grande importância pela construção das democracias modernas.

O evento será aberto ao público que terá a oportunidade de apreciar uma visita guiada pela mostra, acompanhado pelos própios curadores.

Nos dias 15 e 16 de maio, no auditório 2 do Museu Nacional da República, decorre o Colóquio “Retratos da Revolução”, com a participação dos curadores e de académicos brasileiros, que debaterão temas como a construção da democracia, a liberdade e a importância da memória histórica. A realização é do Instituto de Letras da Universidade de Brasília e aparticipação é gratuita e sem a necessidade de agendamento prévio.

Biografia de ULIANO LUCAS

Nascido em 1942, cresce em Milão, onde, desde muito jovem, frequenta o ambiente de artistas e intelectuais. Nas suas primeiras fotografias, o protagonista é a cidade de Milão, em particular a vida artística (de escritores, músicos, pintores) nas décadas de 1960 e 1970.

O ano de 1968 será fundamental para o fotojornalista italiano. Emerge então a importância do compromisso político que nunca abandonará, compromisso esse que se reflete nas reportagens que faz, retratando os protestos estudantis e operários daqueles anos. O período seguinte é marcado por reportagens sobre os movimentos de libertação: o fotógrafo parte, frequentemente por iniciativa própria, para o continente africano e os seus trabalhos são publicados em revistas alemãs e francesas, retratando a guerrilha, o quotidiano na floresta, a luta pela liberdade, o nascimento de novas democracias.

No verão de 1969, Uliano Lucas, juntamente com o jornalista Bruno Crimi (1939-2006), empreende uma viagem às zonas libertadas da Guiné-Bissau. A reportagem será publicada em diferentes jornais e em livro.

Posteriormente, Uliano Lucas viajará pelo continente africano – Argélia, Tunísia, Tanzânia, Congo, Moçambique, Zâmbia, Etiópia, Eritreia… – acompanhando os processos de descolonização e, depois, os problemas, as realidades e as transformações destes países. Abordará também a violência em instituições psiquiátricas em Itália, denunciando a situação, bem como o fenómeno migratório no norte da Europa.

A partir da década de 1990, para além das reportagens sobre países em guerra, como o conflito na Jugoslávia, documenta as transformações na vida quotidiana e no mundo do trabalho em grandes cidades italianas. Dedica-se, até hoje, às questões relacionadas com a emigração e a imigração.

Serviço:

Exposição fotográfica

“Revoluções – Guiné-Bissau, Angola e Portugal (1969-1974)”

Período da exposição: de 14 de maio a 07 de julho

Horário de visitação: Terça-feira a Domingo, das 9h às 18h30

Local: Museu Nacional da República

Entrada franca/livre

Inauguração “Revoluções – Guiné-Bissau, Angola e Portugal (1969-1974)”

Dia: 14 de maio

Horário: 18h00

Local: Museu Nacional da República

Entrada franca/livre

Colóquio “Retratos das revoluções”

Data e horários: 15 de maio, 19h-21h; 16 de maio 16h-18h e 19h-21h

Programa completo: LINK

Local: Auditório 02, Museu Nacional da República

Participação gratuita e sem agendamento prévio.