O programa Conhecimento Brasil trará de volta ao país cientistas brasileiros que atualmente residem em 34 países de todos os continentes. A maior parte deles virá dos Estados Unidos (12,8%), da Alemanha (7,3%), da França (4,6%), de Portugal e da Inglaterra (4,1% cada), onde alguns atuam em instituições de prestígio, como Harvard, Karlsruhe, Oxford, Cambridge, Lisboa e Porto.
É o que aponta o resultado final da chamada de Atração e Fixação de Talentos do programa Conhecimento Brasil, executado pelo CNPq com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), gerido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Atrair de volta ao país os talentos da chamada diáspora científica é uma das ações prioritárias definidas pelo conselho do Fundo.
Ao todo, a chamada deverá investir R$ 604 milhões para contratar 599 projetos de pesquisadores que estavam atuando no exterior ou que tenham concluído doutorado ou pós-doutorado no exterior a partir de 2019 (nesse caso, residentes ou não fora do país atualmente).
Os projetos contratados poderão ser desenvolvidos em até 5 anos. Entre os aprovados, 566 são da linha 1 e serão desenvolvidos em universidades e institutos de pesquisa brasileiros; e outros 33 são da linha 2 e serão desenvolvidos em empresas. Do total, 32% dos projetos serão desenvolvidos em instituições das regiões Nordeste (126), Centro-Oeste (43) e Norte (23) – superando a exigência de destinação de 30% do investimento para essas regiões.
“Os dados permitem afirmar que o Conhecimento Brasil é uma ação acertada e que, felizmente, foi bem compreendida e aceita pela comunidade científica. Estamos satisfeitos por poder proporcionar oportunidades de retorno e de cooperação a nossos pesquisadores no exterior”, afirma o presidente do CNPq, Ricardo Galvão.
A chamada recebeu uma demanda total de 1390 pesquisadores na linha 1, com 40,7% de aprovação; e de 136 empresas na linha 2, com 24,3% de aprovação. Entre as áreas do conhecimento com maior demanda, destaque para ciências biológicas (29,3%, 176 projetos), ciências exatas e da terra (23,2%, 139 projetos), engenharias (12,8%, 77 projetos), ciências humanas (9%, 54 projetos) e ciências agrárias (8,6%, 52 projetos).
Pesquisadores residentes em 34 países tiveram propostas aprovadas. Entre as instituições de atuação dos pesquisadores aprovados na linha 1, destaque para a Harvard University, dos Estados Unidos, com 4 projetos aprovados; o Instituto Karlsruhe de Tecnologia, da Alemanha, com 3 projetos; universidades de Oxford (Inglaterra), de Toronto (Canadá), do Porto e de Lisboa (Portugal) e ENSAE (França), com 2 projetos cada. Outras instituições de renome, como as universidades de Cambridge (Inglaterra), British Columbia e Montréal (Canadá) aparecem na lista, com 1 projeto cada.
Os aprovados recursos em capital e custeio para compra de equipamentos e manutenção no valor de até R$ 400 mil por projeto, além de recurso para participação em eventos ou visitas a centros de excelência no exterior no valor de até R$ 120 mil por projeto. As bolsas terão valor de R$ 13 mil para doutores e de R$10 mil para mestres. Cada pesquisador terá direito ainda a de auxílio-instalação, auxílio-deslocamento, recurso para contratação de seguro ou plano de saúde para o bolsista e seu núcleo familiar e auxílio-previdência para que o bolsista recolha ao INSS o equivalente à sua contribuição como autônomo, para fins de contagem de tempo de serviço para aposentadoria futura.
Atento ao cenário internacional, o CNPq planeja, em parceria com o MCTI e apoio do FNDCT, uma nova iniciativa para repatriação de pesquisadores brasileiros e também para atrair pesquisadores estrangeiros que queiram desenvolver pesquisa no Brasil, em um ambiente de liberdade acadêmica, bem como para fixação dos jovens doutores brasileiros, evitando que precisem deixar o país.
Conhecimento Brasil
Lançado em julho do ano passado, o Conhecimento Brasil realizou duas chamadas, cuja demanda revelou o interesse manifesto de mais de 2.500 pesquisadores e pesquisadoras brasileiros radicados em 56 países em regressar ao Brasil ou atuar em cooperação científica com instituições e empresas nacionais, de acordo com os dados da demanda bruta submetida às duas chamadas do programa.
Diretor científico do CNPq, Olival Freire Jr. avalia que “o êxito das duas chamadas do Programa Conhecimento Brasil demonstra que existe uma diáspora científica muito qualificada que deve ser mobilizada visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia em nosso país.”
Além da chamada para Atração e Fixação de Talentos, o programa realizou também a chamada para Apoio a Projetos em Rede com Pesquisadores Brasileiros no Exterior, que aprovou 640 projetos, totalizando R$ 228,5 milhões em investimentos, ao longo de dois anos, na formação de redes de cooperação científica envolvendo brasileiros vinculados a instituições de pesquisa estrangeiras
Entre os projetos aprovados naquela chamada, 217 são coordenados por pesquisadores de instituições localizadas nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, recebendo R$ 76,4 milhões, o que representa 33,45% do valor total recomendado – superando a meta original de 30% para essas regiões.
Fonte: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico