O porto do Pecém, no Estado do Ceará, no nordeste brasileiro, inaugurou uma nova rota marítima conectando diretamente á Ásia aos principais portos da China, e que reduzirá o tempo de navegação entre os dois lados de 60 para 30 dias, ou 50%, informou o jornal Folha de São Paulo nesta quarta-feira.

A iniciativa, chamada Serviço Santana, promete reduzir significativamente o tempo de transporte de cargas entre os dois extremos do mundo, consolidando o status do Ceará como um novo pólo estratégico para o comércio exterior brasileiro.

Para os produtos exportados do Ceará, o prazo de entrega será reduzido em 14 dias, uma vantagem logística que beneficiará especialmente o comércio de produtos perecíveis, como frutas e carnes.

A rota é operada pela MSC em colaboração com a APM Terminals e visita os principais portos da Ásia, como Yantian, Ningbo, Shanghai, Qingdao (China), Busan (Coreia do Sul) e Mundra (Índia), além de Cingapura.

De lá, os navios cruzam o Oceano Pacífico, passam pelo Canal do Panamá, Cristóbal (Panamá) e Caucedo (República Dominicana) e chegam diretamente ao Porto de Pecém. Em seguida, seguem para outros portos brasileiros como Suape (Pernambuco), Salvador (Bahia) e Santos (São Paulo), antes de retornar à Ásia.

Antes da nova rota, as mercadorias da Ásia chegavam ao porto de Santos, no sudeste do Brasil, e depois eram transportadas para o nordeste brasileiro por meio de navegação costeira. Esta rota continua operacional, mas sua utilização será otimizada com a redução de tempo proporcionada pela nova rota.

Segundo o presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), Max Quintino, a nova rota marítima tem potencial para aumentar o volume operacional do porto em 10%, com estimativa de aumento de 1.200 contêineres adicionais por semana.

“A nova rota marítima entre a China e Fortaleza reduz significativamente o tempo de transporte de cargas e melhora a logística. O tempo de viagem diminuirá de aproximadamente 60 dias para apenas 30 dias, tornando o estado mais competitivo no comércio exterior”, afirmou.

Entre os produtos importados que serão mais beneficiados com a nova rota estão combustíveis minerais, ferro, minério, maquinário, materiais elétricos e plásticos. Já para a exportação, serão beneficiados granito, mármore, castanha de caju, cera de carnaúba, frutas, carnes, calçados, têxteis e produtos de e-commerce, segundo Quintino.

Plataformas digitais chinesas como Shopee e AliExpress também serão beneficiadas, já que o porto do Pecém será a primeira parada de navios no Brasil, reduzindo custos operacionais e prazos de entrega. Espera-se um aumento de até 20% no volume de importações destinadas ao comércio eletrônico.

O anúncio desta nova rota ocorre em meio ao aumento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, reforçando seu valor estratégico como alternativa logística para os fluxos asiáticos para a América Latina.

Entre os setores mais favorecidos está o Polo Automotivo do Ceará, que começará a montar seus primeiros veículos em novembro deste ano, com foco em modelos elétricos de origem chinesa. A expectativa é que o complexo atraia investimentos de pelo menos 2,5 bilhões de reais (US$ 500 milhões).

O valor pode aumentar nos próximos meses, segundo Quintino. O “timing foi uma coincidência”, diz ele, que entende que a nova rota “tem potencial para se consolidar como uma alternativa estratégica diante do atual cenário global”.

Fonte: Portuguese News