Em evento da EFE e Ibéria, Embratur reafirma metas de descarbonização para combater aquecimento global

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O presidente da Agência, Marcelo Freixo, falou sobre a promoção da sustentabilidade no turismo e defendeu o setor como alternativa ecológica de desenvolvimento econômico

Alcançar maiores patamares de sustentabilidade é um dos grandes desafios da indústria do turismo no mundo. As estratégias dos governos, aeroportos e companhias aéreas para alcançar esse objetivo foi o tema de um debate promovido pela agência de notícias espanhola EFE e a companhia aérea Ibéria, em São Paulo, nesta quarta-feira (4), que contou com a participação do presidente da Embratur, Marcelo Freixo.

“Não adianta uma empresa ou outra dizer que não vai conseguir cumprir determinadas metas, o planeta está dizendo que não vai comportar que essas metas não sejam cumpridas. Esse evento aqui é a sinalização de que a Ibéria não foge do debate, como também promove e aproxima nossas responsabilidades”, destacou Freixo. No ano passado, os estados-membros da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) se comprometeram a reduzir as emissões de carbono em 5% até 2030 e de zerar até 2050.

O presidente da Embratur salientou o fato do turismo ser uma atividade econômica responsável por 10% do PIB global, mas responsável por 5% das emissões de carbono, que estão concentradas nos modais de transporte aéreo e terrestre. “Não temos turismo sem aviação, e o turismo é decisivo para um modelo econômico que gera emprego e renda com sustentabilidade ambiental. Vamos precisar de diálogo, combustíveis mais sutentáveis e conexões mais inteligentes”, disse.

Freixo também fez um balanço das ações ESG promovidas pela Agência, como a compensação de carbono de todas as viagens realizadas pela equipe da Agência e convidados, além de tornar-se o primeiro órgão público Lixo Zero do país. “Não adianta falar de sustentabilidade e não fazer o dever de casa”, conclui.

Metas na aviação

A diretora de vendas da Iberia para a América Latina, Marina Colunga, reafirmou o compromisso da companhia aérea com as metas de descarbonização até 2050 e destacou que a empresa já é uma das maiores compradoras do SAF, combustível sustentável da aviação, produzido por bioderivados, que tem a capacidade de reduzir em 80% a emissão de carbono na atmosfera.

“Adquirimos hoje 12% da produção mundial, que ainda é insuficiente para a abastecer toda a indústria. Ele hoje custa três a quatro vezes mais caro, confiamos no avanço da tecnologia para garantir uma produção global que garanta a rentabilidade da operação e possamos alcançar as metas ainda antes de 2050”, disse. Ela listou outras iniciativas adotadas pela empresa na direção da sustentabilidade, como redução de desperdício de alimentos e do uso de papel.

Marina destacou também o crescimento de 12%, se comparado à pré-pandemia, na oferta de assentos em voos da Ibéria para o Brasil, todos saindo de Madrid, na Espanha, com destino ao Rio de Janeiro e São Paulo. “Concluímos um estudo de sustentabilidade que mediu o impacto das rotas que conectam Madrid ao Brasil. São 9 mil postos de trabalho diretos e indiretos, e isso também tem a ver com sustentabilidade”, disse.

O evento aconteceu nesta quarta-feira (4), na Câmara Espanhola de Comércio do Brasil, em São Paulo, moderado pelo diretor-geral da EFE no Brasil, Manuel Peréz Bella.

Conexões Inteligentes

O diretor de comunicação da concessionária GRU Airport, João Pita, também destacou as medidas adotadas pela empresa para reduzir as emissões de carbono, como a instalação de equipamentos que permitem as aeronaves em solo utilizarem energia elétrica durante a operação de embarque e desembarque. Ele destacou que o debate sobre o overtourism (volume excessivo de turistas), um problema que afeta a sustentabilidade do turismo na Europa, pode beneficiar o Brasil. “Brasil não tem esse problema, pelo tamanho continental e capacidade de receber muitos mais turistas”, disse.

João Pita destacou também que o Aeroporto de Guarulhos possui a maior conectividade e volume de voos da América do Sul, fornecendo conexões inteligentes para turistas que pretende acessar outros destinos do Brasil. ”Quando uma companhia aérea usa seu maior avião num voo, ela minimiza a quantidade de combustível necessário para transportar aquela pessoa. Aviação é uma indústria de massa, quanto mais volume, mais sustentável ela fica”, destacou.

Parcerias

A Embratur vem trabalhando em conjunto com companhias aéreas e aeroportos para adotar medidas de maneira conjunta para reduzir o impacto do transporte aéreo. Uma dessas medidas é a melhoria da conectividade da malha aérea. Conforme destacou Freixo, cada voo direto entre a Espanha e o Nordeste brasileiro evita a emissão de 38 toneladas de carbono que seriam lançados na atmosfera por voos em conexão, por exemplo. Essa quantidade equivale a 2.300 campos de futebol da Floresta Amazônica para absorver a emissão diária de CO2.

Além disso, a Embratur lançou o Programa de Aceleração do Turismo Internacional (PATI), programa-piloto para fomentar o aumento de voos internacionais para o Brasil, por meio da promoção internacional e melhoria da experiência nos aeroportos brasileiros. O programa captou 70 mil novos assentos em voos internacionais ao Brasil. O edital do PATI incluiu critérios de sustentabilidade para selecionar as companhias e aeroportos parceiros. Um desses objetivos é ampliar os voos diretos para reduzir as emissões de CO2.

Combustível sustentável

Freixo também destacou o potencial econômico brasileiro e os benefícios ambientais na produção do SAF. Sigla em inglês para combustível sustentável de aviação, o produto é fabricado a partir de recursos renováveis, como óleos vegetais, biomassa, gordura animal, gases residuais, entre outros. O SAF é uma alternativa mais sustentável ao querosene derivado do petróleo, e tem potencial para reduzir as emissões de carbono na aviação entre 70% e 90% sem necessidade de adaptações nas aeronaves.

O Brasil tem um enorme potencial na produção desse combustível. A Petrobrás tem pelo menos duas refinarias, em Cubatão (SP) e Itaboraí (RJ), que estão tendo avanços na produção do SAF. “Sabemos que esse é um debate delicado, sensível, mas como representante do governo brasileiro, não posso deixar de dizer que temos uma enorme potência nesse debate. O meio ambiente não é inimigo das economias. O meio ambiente é nosso abrigo e é assim que precisamos tratá-lo”, disse.

Mercado estratégico

No Brasil, a Ibéria opera rotas como Madrid-Guarulhos, com 352 voos e oferta de 112.212 assentos, e Madrid-Rio, com 58 voos e 16.704 assentos. O mercado espanhol está em recuperação no país desde a pandemia de Covid-19 e, até julho deste ano, enviou 64,9 mil turistas para o Brasil.

Fonte: Embratur