Especialista critica ONU e países por ‘gerenciar, em vez de resolver’ conflito entre Israel e Palestina

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Paralisia geral para avançar negociações desde os Acordos de Oslo, firmados há 25 anos, teve preço alto, alertou o enviado da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov. Dirigente citou expansão de assentamentos ilegais de Israel e a deterioração das condições na Gaza controlada pelo Hamas.

Mulheres palestinas caminham próximo ao muro construído por Israel na região, perto de Ramallah, na Cisjordânia. Foto: IRIN/Shabtai Gold

Mulheres palestinas caminham próximo ao muro construído por Israel na região, perto de Ramala, na Cisjordânia. Foto: IRIN/Shabtai Gold

As Nações Unidas, o Conselho de Segurança e toda a comunidade internacional desenvolveram uma tendência de “gerenciar, em vez de resolver” concretamente o conflito entre Israel e Palestina. A avaliação é do enviado da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, que criticou na quinta-feira (25) a paralisia do atores.

“Vinte e cinco anos depois dos Acordos de Oslo, estamos em um momento crítico do processo de paz”, informou Mladenov a representantes dos Estados-membros em pronunciamento no Conselho de Segurança.

Segundo o dirigente, a dificuldade em implementar o marco de negociação teve um preço alto: violência e insegurança contínuas; a estratégia israelense sempre em expansão de construir assentamentos ilegais; divisões políticas entre palestinos; e uma situação insustentável, cada vez pior, na Gaza controlada pelo Hamas. Somadas, essas circunstâncias “assassinam a esperança, plantam frustração e aumentam a radicalização no terreno”.

Em sua análise, Mladenov explicou que “a incerteza do atual contexto está endurecendo posições e afiando a retórica por todos os lados”.Trata-se de “uma situação que acaba favorecendo diretamente os extremistas e que eleva o risco de outro conflito”.

Mladenov defendeu que a comunidade internacional precisa continuar promovendo as condições necessárias à retomada das negociações. “Também temos de reafirmar o consenso internacional de que a a solução de dois Estados continua sendo a única opção viável para um fim justo e duradouro para o conflito. Temos de ser firmes nessa questão.”

A solução de dois Estados prevê que Israel e Palestina se consolidem como dois países separados, vivendo lado a lado, em paz, segurança e reconhecimento mútuo.

Mladenov acrescentou que existem os que acreditam que o conflito pode ser resolvido através de negociações e compromissos bilaterais pacíficos, com decisões sobre o status final das fronteiras, refugiados e Jerusalém sendo tomadas com base em acordos e resoluções anteriores da ONU; outros apostam em manobras unilaterais que só podem levar a uma realidade de um Estado, um cenário incompatível com as aspirações dos dois povos. E há os que creem na violência.

“Nós — as Nações Unidas, o Conselho de Segurança, a comunidade internacional —, temos a responsabilidade em provar que os que acreditam na violência e conflito estão errados”, enfatizou o enviado.

Mladenov reiterou que “agora não é a hora de desistir de Oslo”. “A alternativa não é um acordo melhor, mas uma piora da realidade de ocupação e humilhação”, ressaltou.

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