Por 128 votos a favor, nove contra e 35 abstenções, os Estados-membros da ONU aprovaram numa sessão de emergência, nesta quinta-feira 21, uma resolução rejeitando a medida dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
A Assembleia Geral afirmou que o status de Jerusalém é uma questão que deve ser resolvida por meio de negociações de paz. Além disso, a resolução afirmou que qualquer decisão contrária não possui efeito legal e deve ser rescindida.
Diferentemente do Conselho de Segurança da ONU, nenhum país-membro das Nações Unidas tem poder veto na Assembleia Geral, cujas resoluções não são vinculativas, mas sim mensagens de peso político.
Uma porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, saudou a decisão da ONU e afirmou que ela representa uma vitória para os palestinos. “Continuaremos nossos esforços nas Nações Unidas para acabar com a ocupação e criar o Estado palestino”, acrescentou.
Em 6 de dezembro, o presidente dos EUA, Donald Trump, reconheceu Jerusalém como a capital de Israel e, dessa forma, rompeu com um consenso internacional e desencadeou protestos no mundo muçulmano. Em seguida, vieram ondas de apelos às Nações Unidas.
Além disso, políticos aproveitaram e foram a público defender suas causas. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aproveitou para pressionar países europeus a seguir o exemplo dado por Trump. Por outro lado, o governo da Turquia incentivou países muçulmanos a declararem Jerusalém Oriental capital palestina. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, prometeu abrir uma embaixada da Turquia no lado oriental da cidade sagrada.
Antes da reunião da Assembleia Geral da ONU, Trump advertiu que Washington observaria atentamente como os países iriam votar, sugerindo que poderia até haver represálias.
“Eles tomam centenas de milhões de dólares – e até bilhões de dólares – e depois votam contra nós”, disse Trump. “Bem, estamos assistindo a estes votos. Deixe que votem contra nós. Iremos economizar bastante. Não nos importa.”
Apresentada pelo Egito, a resolução recebeu o apoio inclusive de tradicionais aliados americanos, como Reino Unido, França e Japão. O texto pedia que fosse rescindida qualquer decisão contrária ao estabelecido pelas Nações Unidas em relação a Jerusalém e solicitava que os países evitassem estabelecer missões diplomáticas na cidade.
A resolução lamentava as “recentes decisões” sobre o status da cidade, em referência à decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
“Nenhum país vai dizer aos Estados Unidos onde podemos colocar nossa embaixada”, disse a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, após usar pela primeira vez o seu direito de veto desde que assumiu o cargo. Ela alegou que a medida de Trump sobre Jerusalém é uma decisão soberana de seu país e insistiu que o movimento não prejudica em nada o processo de paz no Oriente Médio, que está travado há anos. “O que vimos no Conselho de Segurança é um insulto e não será esquecido”.
Esse foi o primeiro veto do governo Trump no Conselho de Segurança. A última vez que a Casa Branca tinha utilizado o poder de bloquear decisões contrárias aos interesses no principal órgão de decisão da ONU foi em 2011. Além dos EUA, o Reino Unido, a China, a França e a Rússia possuem o poder de vetar resoluções do Conselho de Segurança.