“No Japão, está sendo realizado o desenvolvimento de medicamentos e vacina efetivos” Entrevista com o embaixador Akira Yamada

Entrevista com o embaixador do Japão no Brasil Akira Yamada, concedida com exclusividade a jornalista Fabiana Ceyhan.

Embaixador do Japão no Brasil Akira Yamada – Foto: Fabiana Ceyhan

1- Qual a atual situação do Japão em relação ao Covid-19?

Foi declarado em 7 de abril o estado de emergência para todas as províncias e o governo japonês tem solicitado aos cidadãos para evitar a saída e o distanciamento social de no mínimo 70% e 80% ao máximo.

Como consequência, o número de infectados no Japão, que chegou a registrar cerca de 700 casos novos por dia, teve uma queda para em torno de 200 casos atualmente. Além disso, o índice que representa para quantas pessoas um infectado transmite a doença tem registrado menos de um. No início de abril quando o estado de emergência foi declarado, houve a projeção pessimista da possível infecção explosiva, porém, conseguimos evitar o avanço da infecção e reduzir o número de infectados.

Por outro lado, o número de pacientes no Japão, incluindo os hospitalizados, ultrapassam 10 mil e atualmente, ainda não podemos afirmar que temos a redução suficiente do número de infectados. O governo japonês definiu, em 4 de maio, o prolongamento da declaração do estado de emergência até o final do mês de maio, considerando necessário o prazo de cerca de um mês para diminuir a sobrecarga nos locais de atendimento médico por meio de conter os casos novos ao menor nível e aumentar o número de pacientes que recebem alta hospitalar. No entanto, a situação será avaliada por volta do dia 14 de maio, e se for considerado possível, o estado de emergência será revogado.

2- Qual o numero de casos, óbitos e recuperados?

Até o meio dia de 6 de maio, horário do Japão, foram registrados 15.354 infectados, 543 óbitos e 4.918 recuperados no Japão.

3- Quais as medidas importantes tomadas pelo Japão para amenizar a crise causada pela pandemia?

O governo japonês tem indicado parâmetros unificados “diretrizes básicas contra o novo coronavírus” com o intuito de proteger a vida dos cidadãos, compreender com precisão as situações, além de promover ainda mais as medidas contra a infecção, todos unidos, tanto o governo central, os governos locais, os profissionais de saúde, os especialistas, os empresários e todos os cidadãos de todo o país.

Em especial, para medidas preventivas do avanço da infecção, o governo japonês tem solicitado aos cidadãos, com base na declaração do estado de emergência, que evitem saidas, espaços fechados, aglomerações e contato próximo, entre outros, para conseguir a redução do contato físico para no mínimo de 70% até 80%. Por outro lado, não foi adotado medida coercitiva com multa como o bloqueio total de cidades, quer dizer, lockdown que aconteceu em países europeus e nos Estados Unidos.

Em relação às medidas econômicas, o governo japonês realizará a distribuição igualitária de 100 mil ienes por pessoa, incluindo os estrangeiros cadastrados no Livro do Registro Básico de Residente do Japão. Além disso, como medida de emprego, o governo distribuirá até dois milhões de ienes aos empresários da micro, pequena e média empresa que sofrem com a queda drástica na renda e até um milhão de ienes aos empresários individuais, além de proporcionar moratória nos impostos e taxas do seguro social. Ainda, o governo tomará medidas adicionais imediatamente para a redução do valor do aluguel de lojas e a ampliação do auxílio de emprego, além do apoio a estudantes que trabalham temporariamente e estão sob situação severa.

4- Sabemos que o Japão é um país que valoriza e investe na ciência, existe alguma vacina ou estudo sendo desenvolvido para uma provável cura desta doença?

No Japão, está sendo realizado o desenvolvimento de medicamentos e vacina efetivos. A respeito do Remdesivir que o Japão e os Estados Unidos promovem o apoio conjunto, o uso do medicamento já foi aprovado nos Estados Unidos, e logo em seguida, no dia 7, foi aprovado no Japão também.

Além disso, em relação ao Avigan desenvolvido no Japão, já foi aplicado em cerca de 3000 pacientes e o estudo clínico está avançando firmemente. Assim que for confirmada a efetividade, o governo aprovarará o medicamento dentro deste mês para que possa ser usado com prescrição dos médicos.

É de suma importância o desenvolvimento de medicamentos para conter a infecção do novo coronavírus. Assim, o Japão fortalecerá as ações do setor público e privado para o desenvolvimento de medicamentos e impulsionará ainda mais a cooperação internacional.

5- Quando e como o Japão pretende voltar a uma vida normal, mesmo que a vida normal seja diferente agora?

O Primeiro Ministro Abe classifica o mês de maio como o período crucial para o início do fim da contaminação e para a preparação rumo à nova etapa.

Não há fim na atuação da prevenção até que sejam criados medicamentos e vacina efetiva. Nesse sentido, devemos estar prontos para a batalha de longo prazo e é necessário criar um novo cotidiano o quanto antes nesta época de coronavírus. Os especialistas formularam como diretriz o novo estilo de vida para que possamos trazer de volta a normalidade enquanto sentimos pavor pelas características do vírus, vivendo mesmo com a existência do vírus e evitando o máximo possível espaços fechados, aglomerações e contato físico em qualquer momento do cotidiano.

Em relação à reabertura das escolas, foi apresentada nova diretriz que inclui o escalonamento escolar de turmas e serão avançadas as ações para trazer de volta a vida escolar das crianças e criar um novo cotidiano nas escolas.

Já no que diz respeito às atividades econômicas, serão formuladas linhas gerais detalhadas das medidas preventivas da infecção para a reabertura das atividades comerciais, mantendo a solicitação de evitar ir a locais onde foi confirmada a infecção coletiva.

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Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.