Entenda a situação da Suíça, no combate ao Covid-19 na entrevista com o embaixador Andreia Semadeni

Andreia Semadeni, embaixador da Suiça no Brasil, falou com exclusividade com a jornalista do www.brasiliainfoco.com Fabiana Ceyhan.

Embaixador da Suiça no Brasil, Andrea Semadeni- Foto: Divulgação

Embaixador, por gentileza, explique a nossos leitores, a situação atual da Suíça? Quantos casos de infecções pelo Covid-19?

Temos um alto número de casos de Covid-19 na Suíça. Até 16 de abril, o Escritório Federal de Saúde Pública contabilizou 26,913 casos de confirmados e 1057 mortes desde o final de fevereiro, quando começaram os registros das primeiras contaminações pelo novo coronavirus. O número de casos de contaminações confirmados chegou a mais mil por casos por dia, mas ultimamente esse número tem diminuído significativamente. 

Quais as medidas atuais tomadas para evitar a propagação do Vírus?

O Conselho Federal estendeu o período de isolamento social até 26 de abril para conter a propagação do vírus e proteger principalmente as pessoas mais vulneráveis. As recomendações são feitas pelo governo federal para a população, organizações, instituições e os cantões. Entre essas medidas adotadas estão: incentivo para as pessoas ficarem em casa e saírem apenas quando necessário, quarentena para os que apresentarem sintomas, proibição de encontro com 5 ou mais pessoas, proibição de aulas presenciais, “home office” para trabalhadores de alto risco e para os que conseguem trabalhar dessa maneira, proibição de eventos públicos ou privados, etc. Ontem, 16 de abril, foi comunicado um plano de reabertura progressiva da atividade econômica com um prazo de um pouco mais de um mês.

Também foi recomendado aos viajantes suíços no estrangeiro retornarem para a Suíça. Voos de repatriamento, permitindo até hoje a volta à Suíça de mais de 11’000 turistas suíços espalhados pelo mundo, foram organizados pelo Departamento Federal de Assuntos Estrangeiros suíço dos locais onde não havia a possibilidade desses viajantes encontrarem voos comerciais. Os sites dos Consulados Gerais em São Paulo e no Rio de Janeiro, e da Embaixada em Brasilia são atualizados constantemente para informar os cidadãos suíços e estrangeiros com residência na Suíça que precisam retornar.

Países da UE foram bem abalados pela pandemia, podemos citar a Itália, a Espanha e a França. Há alguma ação efetiva da Suíça para ajudar esses países?

Dos três países mencionados, dois tem fronteira com a Suíça. A Suíça recebeu em seus hospitais em Basel e no cantão de Jura, após um pedido dos hospitais franceses, alguns pacientes da região de Alsácia que precisavam de atendimento de UTI na medida em que os hospitais franceses da região atingiram sua capacidade. Ajuda em material também foi fornecida à Itália. 

Quando o Sr acredita que tudo voltará ao normal, na Suíça?

A emergência vai passar, mas acredito que o mundo – e consequentemente também a Suíça – não voltará ao normal tão cedo. As consequências econômicas, obviamente, terão um longo período de recuperação progressiva. Mas em sistemas federais como Suíça e Brasil, a luta contra o COVID-19 levou à tona o delicado equilíbrio entre os atores dos vários níveis da estrutura federal – Municípios, Estados e os três poderes, executivo, legislativo e judiciário. Não ficarei surpreso se a pandemia do novo coronavirus provocar alguns ajustes na estruturação nacional da arquitetura federal e na interação entre poderes.

Fique á vontade para fazer quaisquer considerações sobre o assunto.

No imediato, deixo os meus votos que as populações de nossos dois países se conformem às orientações das autoridades e não sofram desproporcionalmente as consequências da crise atual. No meio termo vejo oportunidades de diálogo e ajustamentos no funcionamento da cadeia mundial de abastecimento de material médico, por exemplo. Também antecipo grandes avanços no desenvolvimento de uma vacina eficaz contra a doença, com possibilidade de cooperação científica entre instituições de pesquisa e de entidades comerciais dos nossos dois países.

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Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.