EMBOLADA- Por Raul de Taunay

Eu faço aquilo que é de mim,
Numa linguagem que não tem fim
Mostrando o canto que sai assim.

Eu faço versos desde pequeno,
De todas formas, como rebentos,
Alinhavados, ao sol e ao vento.

São redondilhas, medidas novas,
Quadras que brotam numa desova
Que me acossa em cada trova.

São cantos livres ou enclausurados,
Questionamentos tão sem cuidados,
Efeitos canoros, espanto alternado.

Assim vem o tom do molde talhado
No ritmo, no som do efeito arrojado,
Elisão, escansão, num mar misturado.

No fim, nasce a rima interpolada,
Cruzada, abraçada, emparelhada,
Sonora em junção, formosa na lavra.

Eu faço aquilo que consigo fazer,
Soltar a emoção, cantar com prazer,
E, no fim da embolada, obscurecer.

Raul de Taunay, Brazzaville, 28 de setembro de 2019)

Compartilhe

Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.