Confira a Entrevista com o Embaixador da Tunísia Mohamed Hedi Soltani

1: Embaixador, a Tunísia é um país muito rico culturalmente e este evento é para mostrar um pouco dessa cultura, explique pra gente sobre os sabores da Tunísia.(Evento  sobre degustação que acontecerá em breve)

A Tunísia tem uma história de mais de três mil anos. As impressões dos fenícios, cartaginenses, romanos, bizantinos, turcos ou espanhóis, vão aparecendo conforme se percorrem as diferentes zonas do país.

A Tunísia é um país que tem paisagens diversas e coloridas: o azul do mar, das portas e janelas, o verde dos oásis exuberantes e das reservas naturais, o dourado do sol refletido nas dunas de areia do deserto do Saara e o avermelhado das medinas, do coliseu de El Djem e das ruínas de Cartago.

O país é rico em oliveiras, fazendo com que o azeite esteja presente em todos os pratos.

Mas não é somente sua história e hospitalidade que caracterizam a Tunísia. O país oferece também excelentes praias de areias brancas e águas transparentes, clima moderado, verdes vales cheios de flores, encantadores oásis com refrescantes palmeiras, dunas espetaculares e deliciosas tâmaras. Tem-se a impressão de que estamos diante de uma miragem. Mas as inconfundíveis paisagens, as notas da música malouf, a sedução de suas tradições, o vapor dos banhos hammam e a grandeza de seu passado e presente confirmam que o que se vive não é uma ilusão. Lá, as miragens já não existem, o fantástico converte-se em realidade.

Uma visita à residência da Tunísia não seria completa sem a degustação d nossa saborosa comida. A gastronomia da Tunísia reúne influências dos povos que por lá passaram, dos berberes aos andaluzes, dos persas aos turcos, dos egípcios aos franceses e também gregos e árabes. A cozinha tunisina usa bastantes legumes, frutos secos, carneiro, carne bovina, frango, peixes, etc.

A cozinha tunisiana é uma mistura diversa que representa os sabores de seu passado e da posição central do país na África do Norte. Enquanto a cozinha varia de acordo com as regiões, a comida tunisiana normalmente combina sabores franceses e africanos com um traço condimentado. Arraigados pela comida mais importante do país, o couscous, os pratos tunisianos muitas vezes apresentam frutos do mar frescos ou cordeiro, dependendo da disponibilidade local.

Apresento e força da culinária secreta da Tunísia: o vinho. O clima Mediterrâneo e o solo rico fazem do país o lugar ideal para a produção de vinho. A Tunísia merece respeito pela rica história de seu vinho e pelo cultivo moderno das mais variadas uvas.

Os tunisianos começaram a produzir o vinho há mais de 2.000 anos. A produção de vinho do país continua tendo uma influência francesa pesada, com os tintos e rosés que dominam a cena. Hoje, a maior parte do cultivo de vinho da Tunísia ocorre na península do norte do país, Cap Bon, seguindo o legado do famoso agrônomo fenício Mago, que escreveu os manuais de instruções mais primitivos no cultivo de vinho de Cartago, aproximadamente 100 anos antes de Cristo.

 

2-A Tunísia ficou famosa mundialmente por causa da primavera árabe, depois desse episódio o país se tornou democrático e elegeu um presidente, como está o país hoje?

 

A Tunísia é o único país no qual, desde 2011, foi feita uma revolução seguida por uma transição institucional próspera. Nós vemos bem que a chave do que pode sempre ser considerado o ” modelo tunisiano ” é a transição. No caso, a refundação da política em bases novas.

Diria que sou um otimista sobre o desenvolvimento político na Tunísia. Há sete anos, desde a revolução até aqui, embora as coisas possam ter sido melhores, a Tunísia foi de fato um exemplo brilhante. Diria que, talvez, o único país bem-sucedido do período da primavera árabe.

A Tunísia tem feito muito bem na direção da transição. Ela tem uma capacidade de transição e modificação própria. Os tunisianos amam a democracia e a liberdade.

A Tunísia manteve por duas vezes eleições parlamentares bem-sucedidas e é agora uma democracia, o primeiro país árabe considerado como “livre” pela Casa de Liberdade, grupo de defesa da democracia dos Estados Unidos_ “freedom house”.

 

3:A Tunísia é o primeiro país a produzir azeite orgânico,  como é essa produção?

O azeite de oliva é cultivado e colhido à mão, nosso método tradicional; A Tunísia é o país mais importante no cultivo à azeitona da região Mediterrânea do Sul; mais de 30% da sua terra cultivada dedicam-se ao crescimento da azeitona (1. 68 milhões ha).

Excluindo a União Europeia, é a principal força mundial no setor de óleo de oliva. Faz grandes esforços em reestruturar e modernizar o seu setor, bem como aumentar a qualidade do azeite de oliva e estender a área medida em acres.

Os recursos da azeitona da Tunísia são encontrados em mais de 65 milhões de oliveiras, cultivadas em 1 680 000 ha, dos quais 75 000 ha são para colheitas orgânicas certificadas.

 

4- Qual a diferença da tâmara Deglet Nour para as outras do Oriente Médio?

Deglet Noor é um cultivar da tâmara. Comumente tratada como a “rainha de todas as tâmaras “, Deglet Nour tem um fruto carnudo e muito doce. O termo “Deglet Nour significa “tâmara luminosa “. Esta denominação retoma o caráter translúcido desta tâmara. De fato, a carne permite quase adivinhar o núcleo dentro da tâmara.

Quais são as suas origens? É provável que remonte ao décimo quarto século, quando se apresentou ao sul da Tunísia. Então, estabeleceu-se pouco a pouco como a variedade mais bem avaliada e suplantou dúzias de outras variedades de tâmaras.

A Tunísia permanece o primeiro exportador mundial de Deglet Nour.

 

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Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.