Reação do governo egípcio pode ter sido causada pelas declarações de Jair Bolsonaro

O Egito é um dos poucos países com os quais o  Mercosul tem um acordo comercial já em operação.  Com a intenção de aumentar as importações de produtos brasileiros, o país  que faz parte da Liga árabe,  no entanto, adiou uma visita da comitiva brasileira ao país, incluindo empresários . Na semana passada , o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, disse  a um jornal brasileiro  que a relação de comércio e investimentos desses países ´poderia ser abalada de forma a prejudicar a economia , por exemplo, buscando outros fornecedores para produtos vendidos pelo Brasil, como carne e açúcar. A decisão do governo egípcio é a primeira confirmação concreta desse temor.

A intenção  de aumentar as relações bilaterais , inclusive de comércio, ficou   clara quando,  no mês de julho  durante a cúpula dos  Brics  na África do Sul, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, foi procurado pelo ex-primeiro ministro do Egito Sherif Ismail, que atualmente é conselheiro do presidente Sisi. O egípcio convidou o brasileiro a fazer uma visita a seu país, de preferência com uma missão empresarial robusta, para ampliar o acordo comercial e intensificar a parceria entre os dois países. Seria explorada, por exemplo, uma cooperação na área de defesa.O evento foi organizado e adiado, inclusive muitos empresários brasileiros já estavam no Egito. A visita foi cancelada após o Presidente eleito do Brasil Jair Bolsonaro, dar declarações que transferiria a embaixada  brasileira para Jerusalém

Do ponto de vista político, de muitos cientistas a reação do Egito é um revés significativo porque o país adota uma linha moderada no conflito israelo-palestino e, historicamente, atua no sentido de tentar apaziguar os conflitos. Entre seus pares no mundo árabe, o Egito é um dos que têm boa relação com Israel. Os dois países têm, inclusive, uma cooperação na área de defesa.A ONU reconhece os dois estados e trabalha no processo de paz no conflito.

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Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.