Entrevista com Diego Freire, jornalista, assessor do Senado, sobre seu caso de Covid-19

1- Amigo, em primeiro lugar gostaria de te dizer que fico feliz em ter você de volta no nosso grupo de jornalistas aqui de Brasília, e também na vida cotidiana da capital. Conte-nos como foi tudo, você esteve em algum lugar que possa ser considerado de risco? Ou estava recluso?

Estive sim. No início da pandemia no Mundo que iniciou na China. Eu estava lá na Ásia de férias. Estive no Japão e na Coreia também, onde passei Natal e Réveillon. E nesses três países a doença se alastrava de forma avassaladora.

Foi desesperador. Vi pessoas caindo e morrendo na rua. Inclusive no voo de volta. Um filme de terror. Vi o poder daquela doença. Em que posso te dizer, ela chegou ao Brasil mais branda.

Chegando no Brasil, me isolei por completo. E seguia todos os protocolos de segurança. Porém, como todos, com o passar do tempo relaxamos. Por descuido.

E com isso contraí a doença depois de 1 ano da pandemia no Brasil.

Estive no olho do furacão, no epicentro da doença na China, e graças a Deus não tive nenhum contratempo.

2- Quando vc percebeu que estava mal e que não estava sendo fácil respirar?

Eu fiz o teste e dois dias depois já sentia febre alta e dor no corpo. No terceiro dia, eu já sentia uma falta de ar sem igual. Como se mergulhasse num rio, e nunca voltasse a superfície. Eu procurava ar, e não achava. Foi uma sensação horrível. Meu quadro clínico já estava preocupante. Eu tinha apenas 70% de saturação de oxigênio no sangue. O normal gira em torno de 96. E com isso, fui internado às pressas. A doença se alastrou rápido, e meu pulmão ficou 80% comprometido. Foi horrível.

3- Vc estava lúcido até o momento da Intubação? conte-nos como foram esses dias de agonia e como foi ser entubado?

A intubação é algo surreal. Eu relutei em não passar por esse procedimento, mas não tinha para onde correr. Era aquilo ou a morte. Mas a sedação é algo tipo, você vai dormir forçado, e não sabe como irá acordar, ou se irá acordar.

Eu lembro de muita coisa, mas ela se mistura aos sonhos e aos pesadelos de morrer. E no final, você não sabe o que é fantasia da sua cabeça ou realidade. Acordei depois de 14 dias super agitado sem saber o que havia passado de fato comigo. Além disso, você acorda totalmente fora da realidade. Foi um misto de esperança com medo.

4- Qual a lição de vida pra vc e o que vc recomenda para os brasileiros?

Atualmente, acredito que devemos utilizar nossos desafios — como a impotência diante da pandemia — para dar origem à verdadeira recuperação, que vai além da saúde: é uma recuperação social, cultural e humana. Uma recuperação como ser humano.

Chegamos a mais de 380 mil mortos por Covid-19 no Brasil. E a pandemia continua avassaladora.
Que Deus possa iluminar cada leito.

Hoje, sou todo agradecimento as orações e a força positiva com meu nome. Em destaque aos profissionais da saúde. E por último, e não menos importante, agradeço as pessoas que me acompanharam no meu dia a dia, na minha luta para viver, entre elas: minha mãe e namorada. Meu muito obrigado a todos!

A força da oração e a força positiva é primordial!

Essa é a minha história, e o recomeço de uma nova vida.

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Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.