Artigo:Itamaraty em um mês já mudou- Por Pedro Luiz Rodrigues

Há pouco mais de um mês na chefia do Ministério das Relações Exteriores, Carlos Alberto França exorcizou de nossa diplomacia os discursos e as condutas excêntricas que muitos danos vinham causando ao País no cenário internacional.

Nesse curto espaço de tempo, França conseguiu reconduzir nossa política externa ao curso seguro do pragmatismo, do equilíbrio e do bom-senso. É conquista a ser comemorada, em particular por estar tendo lugar num governo ideologizado, propenso a excessos, inclusive verbais, contra países e dirigentes estrangeiros.

É o Brasil que ganha quando o comando do Itamaraty não é entregue a cabos eleitorais de alas ideologizadas dos extremos de nosso espectro político-partidário, cuja conduta não raramente é lesiva ao verdadeiro interesse nacional.

Nos governos do PT, poder desmesurado foi concedido a Marco Aurélio Garcia – para alguns, o chanceler ‘de fato’ no período –  que desmantelou relacionamentos tradicionais e estabeleceu alianças capengas com governos ideologicamente afins, em alguma medida às custas do escancaramento dos cofres públicos.

Nos primeiros dois anos e três meses do Governo Bolsonaro a condução da política externa foi também dividida com o Palácio do Planalto, no caso com Felipe Martins, o especialista internacional do PSL. O chanceler Ernesto Araújo foi um “yes-man”. Adepto fervoroso do olavismo, mais será lembrado pelos discursos obscuros que proferiu do que por seja lá pelo que tenha feito.

Na quinta-feira (6 de maio) o novo Chanceler fará exposição na Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal. Deverá reforçar as posições de equilíbrio e sensatez que foram as características de sua recente apresentação na Câmara dos Deputados. A conferir.

Pedro Luiz Rodrigues, diplomata e jornalista. Foi porta-voz do Itamaraty e diretor da Sucursal de Brasília do jornal O Estado de São Paulo.

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Pedro Luiz Rodrigues

Pedro Luiz Rodrigues, diplomata e jornalista. Como diplomata serviu em Bangladesh, Washington, Assunção, Buenos Aires e Tel-Aviv. Ministro-Conselheiro em Paris. Foi embaixador na Nigéria, Benim, Níger e Chade. Foi da editoria de economia do JB e Estado de SP (do qual foi diretor em Brasília). Foi subsecretário e Secretário de Imprensa da Presidência da República (períodos Tancredo Neves, Sarney e Collor de Melo), do Ministério da Fazenda (ministros Galvêas, Marcílio Marques Moreira e Pedro Malan). Chefe de Gabinete do Ministro da Justiça José Carlos Dias. Diretor de Relações Internacionais do Senado Federal. Diretor de Comunicação da FEBRABAN. Sócio da Flecha de Lima Relações institucionais.