Artigo – GESTÃO DA INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE – Por Leila Bijos

Leila Bijos

Gracielle Guedes dos Santos[1]

O mundo atravessa um avanço tecnológico que se dá de forma pregressa e o termo “quarta revolução industrial” é o presente.  Internet das coisas, Inteligência Artificial, máquinas que podem tomar decisões e substituir integralmente a atividade humana, inovação e Transformação Digital.

Ao final do século XX e início do século XXI um novo formato de operação e estratégia surgiu e revolucionou a economia mundial. Trata-se das startups, que conceituadas inicialmente como pequenas empresas de base tecnológica, são organizações inovadoras que proporcionam evolução e competitividade.

As tecnologias digitais mudaram a maneira como as empresas se conectam com os clientes, através do endomarketing, focado no capital humano das empresas, no relacionamento, oferecendo-lhes valor. Capital social é reconhecido mundialmente como uma ampla rede de contatos sociais, nos quais estão inseridas as reciprocidades que surgem de cada um deles, além do valor imbuído em cada um para se alcançar metas de benefício recíproco. Trata-se de uma ideia que chama a atenção pela importância das relações sociais e dos valores, tais como confiança, camaradagem, construção de atitudes e de um comportamento mais amplo, mais extensivo.  

As empresas que surgiram antes da revolução da internet enfrentam vários desafios. Regras e processos foram modificados na era digital, são transformações dinâmicas voltadas diretamente para o aprender. Nesse novo contexto, os negócios precisam ser inteligentes, ágeis e flexíveis. Na busca pela adaptação desta evolução tecnológica para a realidade da pequena empresa, isso pode ocasionar ainda mais dúvidas entre gestores e colaboradores.

A interação positiva de gestores e colaboradores quanto às inúmeras mudanças que acontecem gradativamente no ambiente empresarial é possível através da implementação de uma cultura voltada para a inovação. A união entre cultura organizacional e inovação coopera para o sucesso e a sobrevivência da empresa. Tratar cultura e inovação na conjuntura organizacional é tratar sobre Gestão da Inovação, método este que só acontece com o envolvimento das pessoas que compõem a organização. Os envolvidos necessitam munir-se de informações sobre seus papéis e valores na sistematização do processo de Gestão da Inovação. A Inovação é um processo, não um evento isolado, e precisa ser gerenciada como tal. Para conduzir as inovações implementadas é necessário que a equipe entenda muito bem como o método está sendo realizado, propiciando a renovação no desenvolvimento de novos produtos, novos processos e modelos de negócios.

No contexto de atividades multidisciplinares, o sucesso das equipes em sua esfera de trabalho depende diretamente do ambiente ao qual estão inseridos, se são favoráveis à criatividade e inovação. Ser colaborador de uma empresa é cooperar integrando-se à equipe e ao trabalho.

A implementação de políticas voltadas para inovação são fatores essenciais para o desenvolvimento. O Brasil está implementando de forma geral políticas mais sistemáticas de apoio à inovação, no engajamento das empresas em estratégias de inovação de produtos, de processos, de formas de uso, de distribuição, de comercialização, visando alcançar um patamar superior de desenvolvimento e de geração de renda. As micro e pequenas empresas brasileiras representam um fator determinante para o desenvolvimento socioeconômico do país.  De acordo com o Ministério da Economia 99% dos negócios brasileiros são desta categoria, sendo que a participação no PIB já chega a 30%. Mais da metade dos empregos no país, uma fração de 55%, também são gerados por elas, que para se manterem competitivas em seu mercado de atuação necessitam inovar em marketing e em seus modelos de negócios.

O Estado de Goiás possui um PIB Industrial de aproximadamente 36,1 bilhões de reais, o que equivale a 3,1% da Indústria Nacional, empregando uma média de 300 mil colaboradores. O PIB industrial goiano cresceu 6% no terceiro trimestre de 2020, enquanto o PIB industrial nacional teve queda de 0,9%. Com uma participação significativa no ramo industrial brasileiro, os cinco principais setores que detêm a presença de 79,1% das indústrias do estado são: construção, alimentos, serviços industriais de utilidade pública, derivados de petróleo e biocombustíveis, e químicos. Em levantamento realizado no ano de 2021, constatou-se que o estado de Goiás conta com 14.075 indústrias. Deste universo, 87,28% são micro e pequenas indústrias, concentrando o percentual de 1,44% para médias empresas. O Instituto Euvaldo Lodi – IEL, associação privada sem fins lucrativos, criado pela Confederação Nacional da Indústria – CNI, com atuação há 51 anos em Goiás, possui como missão transformar organizações e pessoas por meio da inovação. Com isso, a instituição participa ativamente do ecossistema de inovação do estado, apoiando as empresas, não só como articulador, mas também como realizador. Uma organização que não possuir uma cultura favorável ao desenvolvimento de inovações pode tender ao insucesso e ao fracasso. Esta é a importância do papel de fomento à inovação ao estado, buscando formas de potencializar a inovação nas empresas. Para tanto, o IEL Goiás executa parcerias com outras instituições, realizando e articulando ações estratégicas com o objetivo de fomentar um ambiente colaborativo inovador. A aproximação e acesso das empresas goianas a uma rede de instituições focadas em auxiliá-las em suas necessidades, também é o objetivo da organização.

Uma destas ações é a participação na Aliança pela Inovação, movimento de entidades que atuam no campo da ciência, tecnologia, inovação, empreendedorismo e educação. A aliança tem como propósito transformar a economia de Goiás, e como missão articular e coordenar as ações conjuntas para potencializar o desenvolvimento do ecossistema goiano de inovação e empreendedorismo. Além do IEL Goiás, fazem parte do movimento outras 39 (trinta e nove) instituições, dentre elas associações, Federação das Indústrias, sindicatos, instituições de ensino, institutos de pesquisa e desenvolvimento, Sistema S, empresas e setor público (executivo e legislativo). Dentro dos pilares da Aliança, o IEL Goiás atua como executor e apoiador, onde o principal objetivo é gerar conhecimento e propor soluções visando resolver os desafios das organizações.            

A inovação é movida pela habilidade de estabelecer relações, detectar oportunidades e tirar proveito delas. O pilar para utilizar a inovação como estratégia no âmbito de qualquer organização se processa através das pessoas, envolvendo todos os colaboradores, independente de seu cargo de atuação. Outra vertente que pode contribuir para o processo de inovação é ter bem estabelecida uma Política de Inovação estuturada conceitualmente, participando ativamente dos encontros da equipe de inovação da empresa.

Propõe-se que outras frentes de atuação possam contribuir para uma cultura voltada para a inovação. Uma delas é o desenvolvimento de um Guia de Orientação para a Implementação da Política de Inovação, que possa apoiar as empresas em seus modelos de negócio. O conceito de Propriedade Intelectual também é um conteúdo que precisa ser difundido entre micro e pequenas empresas brasileiras. Mesmo com a facilidade de acesso à informação em defluência da internet, empresários carecem de conhecimento em como a Propriedade Intelectual pode potencializar o resultado de seus negócios a curto, médio e longo prazo. Ter um manual com uma Política de Inovação estruturada para a pequena empresa auxiliaria no processo de entendimento e desmistificação de termos como Propriedade Intelectual, Inovação e Gestão da Inovação.

Em síntese, Goiás é um estado no centro do Brasil, com 340 257 km², 7,2 milhões de habitantes, capital Goiânia, 246 municípios, que formam a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno, alberga a savana acidentada, cidades da era colonial e uma agricultura de grande escala. O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é uma reserva de montanhas paisagísticas com trilhos, rios, desfiladeiros e quedas de água. Fundadas durante o século XVIII, as cidades do ciclo de ouro de Pirenópolis e Goiás Velho (antiga capital do estado) distinguem-se pela arquitetura colonial portuguesa e pelas vibrantes festas cristãs.

O Estado de Goiás, através de uma gestão participativa, está construindo mercados inteiramente novos que vão ao encontro de necessidades humanas não atendidas, sobretudo para selecionar e executar as ideias certas, levando-as para o mercado de atuação, através do Design Thinking, cujo objetivo máximo é promover o bem-estar na vida das pessoas.


[1] Consultora e Coordenadora de Inovação no Instituto Euvaldo Lodi – IEL, Goiás e mestre pelo PROFNIT, Universidade de Brasília (UnB).

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Leila Bijos

Pós-Doutora em Sociologia e Criminologia pela Saint Mary’s University, Halifax, Nova Scotia, Canadá. Doutora em Sociologia pela Universidade de Brasília (CEPPAC/UnB). Professora Visitante do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política e Relações Internacionais (PPGCPRI), Universidade Federal da Paraíba (2020). Coordenadora de Pesquisa do Centro de Estudos Estratégicos (CEEEx), Núcleo de Estudos Prospectivos (NEP), Ministério do Exército (2019-2020). Aigner-Rollet-Guest Professor at Karl-Franzens University of Graz, Áustria Centro Europeu de Formação e Investigação dos Direitos Humanos e Democracia, Uni-Graz (2018/2019). Pesquisadora Visitante no International Multiculturalism Centre, Baku, Azerbaijão (2018). Professora do Mestrado Stricto Sensu em Direito da Universidade Católica de Brasília (2000-2017). Oficial de Programa do PNUD (1985-1999). Professora do Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual Transferência de Tecnologia para a Inovação – PROFNIT, Universidade de Brasília (UnB), CDT, Brasília, DF desde 2016.