Arquivo de Fórum China-CELAC - Brasília in Foco https://brasiliainfoco.com/tags/forum-china-celac/ O Jornal Brasilia in Foco cobre todo o mundo diplomático em Brasília Tue, 13 May 2025 12:56:23 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 https://brasiliainfoco.com/wp-content/uploads/2023/08/cropped-Logo-32x32.png Arquivo de Fórum China-CELAC - Brasília in Foco https://brasiliainfoco.com/tags/forum-china-celac/ 32 32 Bispo Xeque-Mate: a Visita Estratégica do Presidente Lula da Silva à China https://brasiliainfoco.com/bispo-xeque-mate-a-visita-estrategica-do-presidente-lula-da-silva-a-china/ Tue, 13 May 2025 12:56:23 +0000 https://brasiliainfoco.com/?p=52124 – Por Francisco Leandro, Professor Associado da Universidade de Macau (China) A visita do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva à China, nos dias 12 e 13 de maio de 2025, representa uma acção geopolítica significativa, semelhante a um “xeque-mate de bispo” no jogo de xadrez internacional. Visando a combater o mercantilismo caótico e […]

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– Por Francisco Leandro, Professor Associado da Universidade de Macau (China)

A visita do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva à China, nos dias 12 e 13 de maio de 2025, representa uma acção geopolítica significativa, semelhante a um “xeque-mate de bispo” no jogo de xadrez internacional. Visando a combater o mercantilismo caótico e autodestrutivo do presidente Trump e a percepção geral dos Estados Unidos como o maior desestabilizador da ordem econômica, a visita altera o foco internacional da instabilidade para um novo vislumbre de esperança econômica em escala transcontinental. Como no caso de um “xeque-mate ao bispo”, que é jogado em quatro movimentos:

Primeiro Movimento: Liderança na América Latina e no Mundo de Língua Portuguesa – O presidente Lula chega a Beijing como líder da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e da maior economia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Esse duplo papel de liderança ressalta a influência do Brasil nas esferas regional e linguística, fazendo Lula como uma figura-chave na promoção de laços ainda mais fortes entre a América Latina e os países de língua portuguesa com a China. A participação na quarta reunião ministerial do Fórum China-CELAC, agendada na sua visita, destaca a importância desse relacionamento. Pois esta reunião ministerial servirá como uma plataforma para discutir assuntos de interesses mútuos e aumentar a cooperação em diversos setores, incluindo comércio, investimento e intercâmbio cultural.

Segundo Movimento: Potência Econômica da América do Sul – Como o líder da economia mais forte da América do Sul e do único país da região com superávit comercial com a China, a visita do presidente Lula tem como objetivo explorar alternativas aos atuais sistemas de pagamento internacionais dominados pelo dólar americano. Espera-se que as discussões incluam a possível introdução de uma moeda do BRICS, que poderia fornecer uma alternativa viável para transações internacionais entre os parceiros do sul global. Essa medida busca mitigar a influência econômica do dólar e promover um sistema financeiro global mais equilibrado. A introdução de uma moeda do BRICS poderia revolucionar a dinâmica do comércio internacional, oferecendo um ambiente financeiro mais estável e equitativo para as economias emergentes. Para isso, há cinco desafios principais a serem conquistados: 1) Estabilidade econômica: O estabelecimento de uma nova moeda requer a garantia de sua estabilidade e confiabilidade, o que pode ser difícil, dada a volatilidade dos mercados globais; 2) Confiança e aceitação: Pode ser um desafio convencer outros países e empresas internacionais a adotar a nova moeda em vez do bem estabelecido dólar dos EUA; 3) Infraestrutura: É uma tarefa complexa desenvolver a infraestrutura financeira necessária para dar suporte à nova moeda, incluindo sistemas de pagamento e estruturas regulatórias; 4) Resistência política: Pode haver resistência política dos países que se beneficiam do atual sistema dominado pelo dólar; 5) Coordenação: A coordenação eficaz entre os países do BRICS e outros parceiros é essencial para garantir a implementação e o funcionamento sem problemas da nova moeda.

Terceiro Movimento: Defesa da Paz e do Desenvolvimento – A visita do presidente Lula à China também é uma oportunidade para reiterar o compromisso do Brasil com a paz e o desenvolvimento. Espera-se que ele promova várias iniciativas importantes que são cruciais para o Brasil e para a região mais ampla da América do Sul, incluindo o desenvolvimento do Corredor Bioceânico, que visa melhorar a conectividade entre os Oceanos Atlântico e Pacífico, e a cooperação nos setors aeroespacial e espacial, e de energia, defesa, corredores comerciais marítimos, economia digital e IA, agricultura, mineração de nióbio e terras raras, bem como investimentos significativos na infraestrutura ferroviária do Brasil. Esses projetos não são apenas vitais para o crescimento econômico do Brasil, mas também para a promoção da integração e a cooperação regional. O Corredor Bioceânico, em particular, promete transformar as rotas comerciais e a logística, promovendo a prosperidade econômica de todo o continente.

Quarto Movimento: Defender o Multilateralismo – Defensor firme do multilateralismo, a visita do presidente Lula à China pode ser o catalisador de novos acordos diplomáticos. Ao promover laços mais estreitos entre a China, o Brasil e a União Europeia, Lula pretende criar um novo bloco econômico que poderia impulsionar o crescimento global. Essa cooperação trilateral poderia servir de contrapeso às potências econômicas existentes e promover uma ordem econômica global mais equitativa. O estabelecimento de tal acordo não só aumentaria a colaboração econômica, mas também abriria caminho para iniciativas conjuntas em áreas como mudança climática, inovação tecnológica e desenvolvimento sustentável. Essa parceria trilateral pode aproveitar os pontos fortes de cada região para criar um cenário econômico mais equilibrado e diversificado em termos de comércio e investimento, desenvolvimento sustentável, infraestrutura e conectividade, inovação e tecnologia, multilateralismo e governança global.

A visita do presidente Lula da Silva à China é uma ação estratégica que destaca a crescente influência do Brasil no cenário global, bem como o reforço da posição da China como parceira global. Ao alavancar seus papéis de liderança na CELAC e na CPLP, defender alternativas econômicas ao dólar, promover iniciativas de paz e desenvolvimento e defender o multilateralismo, Lula está posicionando o Brasil como um ator importante na formação do futuro das relações internacionais. Essa visita não é apenas um compromisso diplomático, mas um movimento calculado para consolidar a posição e a influência do Brasil na arena global, à medida que explora a criação de alternativas viáveis. Os resultados dessa visita podem ter influências de longo alcance, possivelmente remodelando as percepções geopolíticas e as parcerias econômicas nos próximos anos.

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Visita de Lula deve fortalecer ainda mais os laços China-Brasil, América Latina-Caribe – Por Harald Christian Brüning Director at The Macau Post Daily https://brasiliainfoco.com/visita-de-lula-deve-fortalecer-ainda-mais-os-lacos-china-brasil-america-latina-caribe-por-harald-christian-bruning-director-at-the-macau-post-daily/ Tue, 13 May 2025 12:50:44 +0000 https://brasiliainfoco.com/?p=52121 Luiz Inácio Lula da Silva está fazendo uma visita de Estado à China nesta semana que, tenho certeza, não só fortalecerá ainda mais os estreitos laços bilaterais entre os dois países, mas também o relacionamento entre a China e a América Latina, incluindo o Caribe. O 39º chefe de Estado e de governo do Brasil […]

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Luiz Inácio Lula da Silva está fazendo uma visita de Estado à China nesta semana que, tenho certeza, não só fortalecerá ainda mais os estreitos laços bilaterais entre os dois países, mas também o relacionamento entre a China e a América Latina, incluindo o Caribe.

O 39º chefe de Estado e de governo do Brasil (o país sul-americano é uma república presidencialista, na qual o presidente é investido de forte autoridade executiva, o que exclui a possibilidade de um primeiro-ministro) é um ex-metalúrgico e líder sindical conhecido mononimamente como Lula, seu apelido de infância para Luiz, que mais tarde foi acrescentado ao seu sobrenome.

Lula, que completará 80 anos em outubro, pode ser descrito com segurança como um “velho amigo” da China entre os líderes dos principais países do mundo. Ele cumpriu dois mandatos consecutivos de quatro anos à frente do sistema presidencialista bastante robusto do Brasil entre 2003 e 2011 (o máximo de dois mandatos presidenciais consecutivos permitido pela Constituição da República Federativa do Brasil) e voltou a ser presidente desde 2023.

Tanto Lula quanto o presidente Xi Jinping participaram da Desfile do 80º Aniversário do Dia da Vitória na Praça Vermelha de Moscou, entre dezenas de outros líderes mundiais ou seus representantes. O fato de Xi e Lula estarem presentes provou que o Brasil e muitos outros países, principalmente do Sul Global, estão cada vez mais resistindo às tentativas do Ocidente de impor políticas globais, afirmando seu direito à autodeterminação.

Embora os sistemas políticos do Brasil e da China sejam diferentes, eles estão obviamente unidos na defesa dos direitos e interesses do mundo em desenvolvimento, com o objetivo de garantir uma ordem global justa e multipolar após décadas ou mesmo séculos de exploração e marginalização.

Xi e Lula, no entanto, têm uma coisa em comum – ambos são os campeões mundiais do combate à pobreza, pelo que os tenho em alta estima.

Lula e Xi manterão conversações bilaterais em Beijing hoje. Xi também deve discursar na cerimônia de abertura da 4ª Reunião Ministerial do Fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) em Pequim amanhã, anunciou ontem um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Ministros das Relações Exteriores ou seus representantes dos países da CELAC e chefes de organizações regionais relevantes participarão da reunião, disse o porta-voz.

Os 33 países membros da CELAC têm uma população de 660 milhões de habitantes. A China e os países da CELAC representam um quarto da população mundial. O Sul Global, que inclui a China e a CELAC, tem uma participação de 85%. A aritmética simples mostra que o Ocidente (América do Norte, Europa, Austrália, Nova Zelândia, Japão e Coreia do Sul), com apenas 15% da população global, terá cada vez mais dificuldade para dominar os outros 85% da humanidade por muito mais tempo, por exemplo, tentando impor os valores de sua cultura acordada, inerentemente perturbadora e, em última análise, alienante, à grande maioria da comunidade internacional que tem seus próprios sistemas de valores milenares.

Em uma mensagem de congratulações à 9ª cúpula da CELAC na capital hondurenha, Tegucigalpa, no mês passado, Xi enfatizou que as relações chinesas com o bloco de 33 nações “resistiram ao teste da turbulência internacional e entraram em um novo estágio marcado pela igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e benefícios tangíveis para o povo”.

Xi tem prestado muita atenção aos laços entre a China e a CELAC desde que se tornou presidente em 2013.

“Os verdadeiros amigos sempre se sentem próximos uns dos outros, não importa a distância entre eles”, disse Xi, citando um antigo ditado chinês para caracterizar as relações da China com os países da América Latina e do Caribe.

Desde que se tornou chefe de estado, Xi voou seis vezes através da metade do globo para a América Latina e o Caribe, visitando 11 países da vasta região. “Lá, ele se encontrou com líderes nacionais, testemunhou a assinatura de acordos de cooperação, visitou fazendas locais, tomou café costarriquenho e ganhou uma camisa de futebol argentina com seu nome…”, apontou o escritor Ma Qian, da Xinhua, em um comentário em novembro passado.

Da mesma forma, Lula da Silva tem buscado firmemente melhorar os laços de seu país com a China desde que voltou a morar no Palácio do Planalto (local de trabalho e residência do presidente do Brasil na capital Brasília) no início de 2023.

Embora a China seja o segundo parceiro comercial da CELAC, depois dos EUA, ela é o principal aliado comercial do Brasil desde 2009 – isso é muito tempo! O Brasil exporta principalmente soja e outras commodities primárias para a China, enquanto esta última envia principalmente produtos industriais para seu amigo sul-americano.

O Brasil é um dos 10 membros do Fórum de Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, com sede em Macau, também conhecido como Fórum Macau, que foi criado pelo Ministério do Comércio (MOC) em 2003 em conjunto com os países nos quai o português tem status de língua oficial.

O comércio entre a China e a CELAC é bastante diversificado, abrangendo tanto commodities primárias quanto produtos manufaturados, incluindo equipamentos ferroviários, eletrodomésticos, vestuário, calçados, computadores, telefones celulares e uma ampla gama de outros produtos manufaturados fabricados na China, enquanto as exportações dos países membros da CELAC para a China ainda consistem principalmente de matérias-primas e outras commodities. Mas a China não é apenas um comerciante, mas também um grande investidor na América Latina e no Caribe.

A China expandiu significativamente seus investimentos na CELAC nas últimas duas décadas, concentrando-se em infraestrutura, energia, mineração e tecnologia, o que inclui cada vez mais a alta tecnologia. Os economistas estimam que os investimentos da China nos países da CELAC criaram milhões de empregos. Esses investimentos fazem parte da Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) da China. A China também se tornou um importante financiador e construtor de infraestrutura na América Latina e no Caribe. A lista de projetos concluídos, em andamento e projetados seria numerosa, portanto, posso mencionar apenas alguns deles, como o Porto de Chancay, no Peru, e o Porto de Moín, na Costa Rica, a proposta da Ferrovia Belém-Rio de Janeiro e o Corredor Bioceânico que conecta o Brasil, o Peru e a Bolívia por ferrovia, Bogotá, Colômbia, Peru e Bolívia por ferrovia, Peru e Bolívia por ferrovia, o projeto do metrô de Bogotá na Colômbia, o Parque Solar Cauchari em grande escala na Argentina e um grande número de parques eólicos no Brasil, as redes 5G da Huawei apesar da pressão dos EUA, a concessão de empréstimos do Banco de Desenvolvimento da China e do Banco Exim no valor de bilhões de dólares americanos.

Os laços comerciais e de investimento entre a China e a CELAC continuam baseados nos princípios fundamentais da Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) – “cooperação ganha-ganha”, “benefícios mútuos” e “ganhos compartilhados”.

Esses princípios refletem o compromisso da China de promover a conectividade global, o desenvolvimento econômico e a prosperidade mútua por meio de projetos de infraestrutura, comércio e intercâmbios culturais.

Um artigo recente sobre os laços entre a China e a CELAC, assinado pelo comentarista de assuntos internacionais Xi Pu, apontou que tanto a China quanto a América Latina ostentam símbolos milenares de sabedoria de alguma forma semelhantes – o dragão chinês conhecido como “Lóng” (龙) e a divindade Quetzalcóatl (“Serpente Emplumada”) da Mesoamérica, associada à criação, agricultura (creditada por ter trazido o milho para a humanidade), aprendizado, sabedoria e, por último, mas não menos importante, à civilização. Pesquisadores latino-americanos apontaram as semelhanças míticas entre ambos. Devo acrescentar que, ao contrário do Ocidente, onde os dragões são vistos, em sua maioria, como criaturas malévolas, na China e em outros lugares do Oriente, os dragões são vistos como seres benevolentes e portadores de harmonia.

Bem, buscar sabedoria e harmonia é o que é mais necessário no momento, considerando o estado socioeconômico-político em que este frágil planeta se encontra.

Os principais idiomas dos estados-membros da CELAC são o espanhol, o português e o inglês (este último principalmente como língua franca da região e idioma de comércio, investimento, tecnologia e ciência), além de uma rica variedade de idiomas indígenas.

O Secretário de Administração e Justiça, André Cheong Weng Chon, disse aos legisladores no mês passado que Macau e Hengqin estabelecerão em conjunto um centro de serviços para a cooperação econômica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa e espanhola, com previsão de início de operação no segundo semestre deste ano.

Essa é uma ótima notícia no momento certo! Como alguém que teve o trabalho (ou o prazer, dependendo de como você vê) de estudar os dois idiomas, gostaria de salientar que ambos são bastante semelhantes, mas também bastante diferentes. Os dois idiomas ibéricos têm cerca de 90% de similaridade lexical, de modo que são mutuamente inteligíveis em grande parte. Vamos esclarecer o que está em jogo aqui – comunicação prática para facilitar o comércio, o investimento e a cooperação, pois não estamos buscando a grandeza literária aqui.

As escolas e universidades de Macau não devem perder tempo a criar cursos de língua espanhola.

Concordo com o Cônsul-Geral de Portugal, Alexandre Leitão, que afirmou, à margem da cerimónia de sábado que assinalou a abertura dos serviços consulares da República Oriental de Língua Espanhola do Uruguai, que faz fronteira com o Brasil, que o objetivo de Macau de reforçar os seus laços com o mundo de língua espanhola deve ser visto como uma consequência natural do seu esforço contínuo para promover a diversificação adequada da economia local.

Quase 900 milhões de pessoas falam espanhol e português (falantes nativos e não nativos), ou seja, cerca de 11% da população mundial. Isso é enorme.

O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, reuniu-se com o Ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Mario Lubetkin, que estava fazendo uma visita de trabalho a Macau no sábado. O encontro certo na hora certa.

A aproximação com o mundo hispânico é pertinente para promover o papel de Macau como plataforma para as relações comerciais e culturais entre a China e o mundo de língua portuguesa e espanhola. Cerca de 30 países e territórios no mundo têm o espanhol e/ou o português (o espanhol e o português são línguas oficiais na Guiné Equatorial, o único país onde ambas as línguas têm status oficial) – trata-se de um enorme mercado em quatro continentes. Vamos fazer bom uso dele, para o benefício de todo o país!

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China e A. Latina: diversidade e caminhos comuns para realizar os direitos humanos https://brasiliainfoco.com/china-e-a-latina-diversidade-e-caminhos-comuns-para-realizar-os-direitos-humanos/ Thu, 05 Dec 2024 11:54:16 +0000 https://brasiliainfoco.com/?p=49388 No dia 10 de setembro de 2024, ocorreu a Primeira Mesa Redonda China-Estados Latino-Americanos e Caribenhos sobre Direitos Humanos, na cidade do Rio de Janeiro. O evento teve como anfitrião a Sociedade Chinesa de Estudos de Direitos Humanos (CSHRS), em colaboração com a Universidade Renmin da China (RUC) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). A […]

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No dia 10 de setembro de 2024, ocorreu a Primeira Mesa Redonda China-Estados Latino-Americanos e Caribenhos sobre Direitos Humanos, na cidade do Rio de Janeiro. O evento teve como anfitrião a Sociedade Chinesa de Estudos de Direitos Humanos (CSHRS), em colaboração com a Universidade Renmin da China (RUC) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). A organização ficou a cargo do Instituto Chongyang de Estudos Financeiros da RUC e da Faculdade de Direito da UFF. Estiveram presentes mais de 120 participantes dentre autoridades, especialistas e representantes de organizações sociais, think tanks e mídia. Esta conferência é um marco histórico no ano em que se celebra os 10 anos do Fórum China-CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e os 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China.

À primeira vista, quando falamos em direitos humanos, muitos de nós pensamos em liberdades tais como a de expressão, a de reunião e a de religião. Esses direitos são inquestionavelmente parte do rol dos direitos humanos. Mas eles não subsistem onde impera a violência e a pobreza em suas mais diversas formas. Aqueles direitos dependem de algo muito maior, portanto: dependem da paz duradoura e do desenvolvimento pleno e sustentável para todos. Paz não é só ausência de guerra; ela também se manifesta quando as pessoas estão livres do medo da violência e da discriminação. Sem paz, não há direitos humanos; sem desenvolvimento, tampouco haverá. Esta é a ótica chinesa sobre o assunto. Como disse Xi Jinping, “a subsistência é a base de todos os direitos humanos. Viver uma vida feliz é o direito humano supremo”.¹ Quando as pessoas estão livres do medo e da pobreza, somente então a sociedade pode florescer.

Desde esta perspectiva, a República Popular da China tem muita legitimidade para compartilhar as suas experiências no âmbito dos direitos humanos. O país retirou 800 milhões de chineses da extrema pobreza nos últimos 40 anos. Além disso, garante à sua população o amplo acesso à educação e à saúde de qualidade. Quem já visitou ou morou na China sabe muito bem que isto é um fato facilmente constatável no cotidiano. A governança do país é orientada por uma visão integrada destes direitos implementados à medida que se incrementa a infraestrutura do país. A China é um caso de sucesso que precisa ser, senão copiado, ao menos estudado.

Mas há obstáculos para levar adiante este diálogo entre a China e os países latino-americanos e caribenhos na promoção dos direitos humanos. Um deles é a disseminação da mentalidade de Guerra Fria patrocinada por potências ocidentais com o intuito de excluir a China deste debate. Mas qual governo do Ocidente que se diz democrático estaria em condições de ser porta-voz dos direitos humanos quando, em seu território, há desigualdades sociais e criminalidade crescentes? Outro obstáculo é o uso dos direitos humanos como escudo político para justificar intervenções econômicas, políticas ou armadas em outros países. Aqueles governos que apoiam conflitos armados ou bloqueiam todo tipo de resolução no Conselho de Segurança que proponha soluções para o fim da agressão contra o povo palestino ou o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia não podem se apresentar como defensores dos direitos humanos. O tempo de aceitarmos passivamente a hipocrisia ocidental acabou. Mas o tempo de convidar a todos para um diálogo sincero sobre os direitos humanos jamais terminará. É preciso romper com o pretenso monopólio dos países ocidentais sobre a agenda dos direitos humanos. Esta é uma atitude essencial para garantir que essa causa seja verdadeiramente global, inclusiva e respeitosa da diversidade cultural.

A cooperação sino-latino-americana e caribenha oferece a possibilidade de reforçar o caminho dos direitos humanos de forma a ampliar o diálogo, colocando a paz como prioridade em toda e qualquer situação, e o desenvolvimento socioeconômico como dimensão a partir da qual devemos nos unir para construir ações conjuntas. Os direitos humanos inspiram o nosso compromisso com um diálogo que nos une, e não com um que nos separe. Essa pluralidade de vozes é crucial para que os direitos humanos sejam efetivamente promovidos e protegidos de maneira global, adaptada às realidades e necessidades de cada sociedade. Em um mundo cada vez mais interconectado, o respeito aos direitos humanos associado ao bem-estar do povo de um país – não importando quão geograficamente distante esteja ou o seu tamanho populacional e territorial – afeta a todos nós.

¹ Xi Jinping: A Governança da China, vol. IV, Beijing, Edições em Línguas Estrangeiras, 2023, p.71.

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