Comida Arabe em Brasília: Gostos e sabores- Por Fabiana Ceyhan

 

 

Meus  20 anos de idas e vindas á Istambul e 8 anos como residente me ensinaram vários aspectos culturais, linguísticos, gastronômicos e uma infinidade de valores, gostos e  modos de vida local. A imersão cultural foi tão intensa que em alguns momentos eu me sentia como uma brasileira¨anulada¨, para me integrar e viver naquela sociedade tão diferente da minha vida no ocidente . Depois de ter morado em Londres e anteriormente ter crescido no interior de Minas Gerais,  analisei muitos conceitos,  descartei alguns, adquiri outros, me tornei uma mistura de várias culturas em uma só. Tentei absorver o melhor de todas elas, ainda tenho valores tradicionais mineiros que ficarão para sempre e tenho muito orgulho deles, mas aprendi muito e um dos sentidos que realmente faz sentido em viagens e imersões culturais é o paladar. Cozinhar pra mim é uma forma fazer  arte,  que muitas vezes é  um dom  característico de  alguns povos que dedicavam e dedicam até hoje seu tempo preparando alimentos.Os  Turcos e Àrabes se integram a esse grupo  de pessoas que  valorizam a culinária e  fazem pratos que demoram muito tempo de cozimento, preparação e sabores inigualáveis. São países diferentes que pertencem a mesma região e com uma culinária bem parecida.O estilo de vida da Anatólia.  Acho difícil dissociar o nome da famosa península – que corresponde à porção asiática da Turquia – dos textos de história que citam povos antigos como os hititas e falam de impérios como o Otomano.

É fato que existem mesmo semelhanças entre receitas e práticas de todos os países que tiveram contato com o Império Otomano. Também não podemos esquecer que sírios e libaneses, quando vieram para o Brasil – a propósito, a colônia Àrabe  – eram chamados de Turcos, por conta da dominação otomana. E a Anatólia do Sul, finalmente, é a região das mezzés (os pequenos pratos que fazem a função de entrada) e dos kebabs nos restaurantes Turcos e àrabes.

Comida Àrabe em Brasília:

Me mudei para Brasília no ano passado e comecei a frequentar alguns restaurantes Àrabes, já que  tomei muito gosto pela culinária na Turquia também por ter tido contato com muitas famílias de origens sírias e libanesas,não vivo mais sem comida Àrabe e sei cozinhar vários pratos, entre eles a famosa¨ Dolma¨(Pimentões recheados com carne, arroz e vários tipos de ervas).

Confesso que ainda não visitei todos, pois me encantei com o  Àrabe Gourmet da 405 sul, pertinho da minha casa, e acabei não sentindo a necessidade de procurar outro restaurante. No  Àrabe Gourmet as receitas são feitas pela mãe do propriétário, uma senhora da Síria que é fiel á forma de cozinhar de seus familiares e não aceita dar um toque brasileiro na comida, até porque isso não existe! Pela primeira vez tive a sensação de ter voltado ao tempo e a casa de meus amigos em Istambul ou na província de Adana e Gaziantep.

O cardápio convida a pedir coisas variadas, para que tudo seja provado aos bocados. Seus pães “balão”, pequenos e de massa quebradiça, derivação turca do pita, são assados no forno a lenha e repostos a todo instante. O cardapio é variado e a carta de vinhos também  é sensacional. Recomendo o ambiente sofisticado e agradável também com uma área externa arborizada e serena como é todo o bairro Asa Sul .

Uma observação sobre o atendimento, que é muito cortês,  E é interessante notar que libaneses, brasileiros e outros povos ali presentes, todos tornam-se turcos. Mas não mais pela força e por questões políticas. Apenas pelo apetite.Pois Turcos foram considerados todos os imigrandes daquela região, espero que o brasileiros possam conhecer e desfrutar deste maravilhoso espaço gastrônomico na Capital Federal.

 

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Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.