Após cortes dos EUA, ONU pede apoio global para refugiados da Palestina

Após o anúncio dos Estados Unidos de cortar 65 milhões de dólares das suas contribuições para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), o comissário-geral da instituição, Pierre Krähenbühl, fez um chamado global por apoio nesta quarta-feira (17).

Supressão orçamentária foi descrita como “a crise financeira mais dramática” na história da agência. Decisão norte-americana ameaça a continuidade de serviços de saúde e educação e das doações de alimentos do organismo, que atende 5 milhões de palestinos.

UNRWA presta assistência para 5 milhões de refugiados palestinos vivendo na Jordânia, Líbano, Síria, Gaza e Cisjordânia. Foto: UNRWA

UNRWA presta assistência para 5 milhões de refugiados palestinos vivendo na Jordânia, Líbano, Síria, Gaza e Cisjordânia. Foto: UNRWA

Após o anúncio dos Estados Unidos de cortar 65 milhões de dólares das suas contribuições para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), o comissário-geral da instituição, Pierre Krähenbühl, fez um chamado global por apoio nesta quarta-feira (17).

Supressão orçamentária foi descrita como “a crise financeira mais dramática” na história da agência. Decisão norte-americana ameaça a continuidade de serviços de saúde e educação e das doações de alimentos do organismo, que atende 5 milhões de palestinos.

O governo Trump anunciou que disponibilizará apenas 60 milhões para a UNRWA. A soma pode impressionar, mas é menos da metade do pacote de ajuda prometido, estimado previamente em 125 milhões de dólares, segundo informações da imprensa internacional.

“Embora (seja) importante, esse financiamento (de 60 milhões) está dramaticamente abaixo de níveis passados. A contribuição total dos Estados Unidos em 2017 ultrapassou os 350 milhões de dólares”, explicou Krähenbühl.

“Desde que a UNRWA começou suas operações, em maio de 1950, todos os governos dos EUA, do presidente Truman em diante, nos apoiaram e forneceram uma ajuda forte, generosa e compromissada para nossa agência. Os EUA foram sistematicamente o maior doador individual da UNRWA, algo pelo qual agradecemos sinceramente ao povo norte-americano e a inúmeros decisores políticos norte-americanos — presidentes, membros do Congresso, diplomatas e servidores públicos”, lembrou o comissário-geral.

O chefe da agência reconheceu que o financiamento da UNRWA e de qualquer outra entidade humanitária é uma decisão que cabe aos Estados-membros da ONU, sendo parte de sua soberania. “Ao mesmo tempo, dada a relação de confiança histórica entre os Estados Unidos e a UNRWA, essa contribuição reduzida ameaça um dos mais bem-sucedidos e inovadores esforços de desenvolvimento no Oriente Médio”, alertou o dirigente.

A UNRWA mantém cerca de 700 escolas, que recebem 520 mil meninos e meninas palestinos na Jordânia, Líbano, Síria, Cisjordânia e Faixa de Gaza. A instituição também mantém serviços de alimentação nessas cinco áreas de atuação, bem como programas e clínicas de saúde primária. “O que está em jogo são os direitos e a dignidade de uma comunidade inteira”, enfatizou Krähenbühl.

Ressaltando que as autoridades norte-americanas sempre elogiaram os resultados positivos, o gerenciamento robusto, a transparência e a prestação de contas da UNRWA, o comissário acrescentou que a decisão do atual governo “também tem impacto para a segurança regional, num momento em que o Oriente Médio enfrenta riscos e ameaças múltiplos, sobretudo de mais radicalização”.

Apelo global

Voltando-se para a comunidade internacional, Krähenbühl afirmou que a decisão norte-americana coloca a UNRWA na “crise financeira mais dramática de sua história”. Nos próximos dias, o organismo lançará uma campanha global de levantamento de fundos para conseguir recursos e manter escolas e clínicas funcionando em 2018 e nos próximos anos.

“Estou chamando os Estados-membros das Nações Unidas a se posicionar e a se unir à UNRWA, dizendo aos refugiados palestinos que seus direitos e seu futuro importam”, enfatizou o comissário. “Estou chamando (também) todas as pessoas de bom coração, em todos os cantos do globo onde a solidariedade e a parceria existem para com os refugiados palestinos, a se unir a nós na resposta a essa crise e financiar a UNRWA.”

O comissário também pediu esforços dos parceiros da agência, como os países que acolhem os palestinos e os doadores regionais, para criar novas alianças de financiamento.

Em mensagem para os próprios refugiados palestinos, Krähenbühl garantiu que os colégios continuarão de portas abertas e os hospitais permanecerão operando, garantindo a assistência “a que eles têm direito”. “Esse é um momento de coesão interna e solidariedade. Os tempos são muito críticos, mas faremos nosso máximo para proteger vocês”, reiterou o dirigente.

Krähenbühl acrescentou que, num mundo “onde a raiva reina” e “o poder governa, não a justiça”, a UNRWA representa esperança e respeito pelos direitos e pela dignidade. “Quando as coisas ficam difíceis, nossa determinação cresce”, completou.

Nas redes sociais, é possível apoiar a causa dos refugiados palestinos usando as hashgtags #FundUNRWA e #ForPalestineRefugees.

site da Onu Brasil

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Fabiana Ceyhan

Jornalista por formação, Professora de Inglês (TEFL, Teaching English as a Foreigner Language). Estudou Media Studies na Goldsmiths University Of London e tem vasta experiência como Jornalista da área internacional, tradutora e professora de Inglês. Poliglota, já acompanhou a visita de vários presidentes estrangeiros ao Brasil. Morou e trabalhou 15 anos fora do país.